Não apenas o constante aconselhamento e os frequentes e cordiais encontros públicos com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vêm caracterizando a pré-campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência.
Aécio não apenas não foge de referências ao legado do ex-presidente, como fizeram os ex-candidatos José Serra e Geraldo Alckmin nas campanhas de 2002, 2006 e 2010, como cita a importância de seu governo e do que caracteriza, ironizando os ataques do PT, como “herança bendita” deixada por FHC.
Como já ocorrera em recente participação no Canal Livre, da Rede Bandeirantes, em que fez frequentes referências elogiosas a FHC, Aécio, no programa Roda Viva da TV Cultura encerrado na madrugada de ontem, citou o nome do ex-presidente nada menos do que 19 vezes.
A certa altura — situação virtualmente inédita entre candidatos tucanos nas três eleições anteriores –, elogiou com todas as letras as privatizações do governo FHC, citando os setores de telecomunicações, de siderurgia e de aeronáutica (Embraer). Também incluiu, entre suas promessas se chegar ao Planalto, a retomada de programas da era FHC, como o Médico de Família.
Quando solicitado a comparar os governos Lula e FHC, o presidenciável tucano, sem deixar de reconhecer alguns avanços no governo petista, especialmente no campo social, disse que os anos FHC “começaram a reescrever a história do Brasil”.
Se hoje está em marcha um processo de recuperação da boa imagem de FHC em nível nacional, em São Paulo o ex-presidente manteve seu prestígio e um forte apelo público.
Isto se refletiu claramente nas eleições para duas vagas no Senado, em 2010. O PT, em aliança com o PCdoB, disparou na frente nas pesquisas de intenção de voto com Marta Suplicy e o cantor e vereador Netinho, passando de 30% das preferências, enquanto o candidato tucano, o então deputado Aloysio Nunes Ferreira, mal batia nos 5%.
O outro candidato ao Senado que, à época, compunha a chapa do governador Geraldo Alckmin era o ex-governador Orestes Quércia (PMDB), pouco à frente de Aloysio nas prévias.
Durante a campanha no horário eleitoral gratuito, porém, o ex-presidente FHC gravou um vídeo de apoio elogioso à atuação e ao perfil de Aloysio — nada sobre Quércia, com quem nunca se alinhou mesmo quando ambos estavam no PMDB.
O vídeo aparecia nas telinhas todos os dias, várias vezes por dia — e ninguém no partido questiona que foi fator fundamental para que o candidato não apenas ganhasse a eleição, deixando Marta Suplicy, ocupante da segunda vaga, mais de 1 milhão de votos para trás, como bateu o recorde de votação em eleições para senador de todos os tempos, com 11,189 milhões de votos.
Assistam ao vídeo, que é curtinho:
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