Com rebelião do PMDB, Aécio amplia coligação no Rio

Dezoito partidos integram base de apoio iniciada com o movimento 'Aezão'. Pezão terá, em seu palanque, três candidatos à Presidência
Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
Para ajudar a campanha presidencial de Aécio Neves no Rio, o vereador Cesar Maia (DEM) vira candidato ao Senado na chapa do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB)
Para ajudar a campanha presidencial de Aécio Neves no Rio, o vereador Cesar Maia (DEM) vira candidato ao Senado na chapa do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) (Gustavo Miranda/ Agencia O Globo)
(Atualizado às 19h35)
O movimento "Aezão", que começou como uma vingança do PMDB no Rio de Janeiro à campanha da presidente Dilma Rousseff, ganha corpo e transforma-se em um grande arco de apoio à candidatura de Aécio Neves no Estado. A revolta, que começou a ser articulada pelo presidente estadual do partido, Jorge Picciani, já reúne o apoio de dezoito agremiações no terceiro maior colégio eleitoral do país. Foi anunciado oficialmente nesta segunda-feira que PSDB, DEM e PPS vão aderir à coligação majoritária para a reeleição do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que põe a serviço dos tucanos a máquina partidária peemedebista presente nos 92 municípios fluminenses.
A campanha de Aécio no estado do Rio precisou costurar o entendimento de antigos adversários para garantir um palanque capaz de compensar a esquálida estrutura partidária dos tucanos no estado. O Aezão foi lançado informalmente no começo de junho. Desde então, Aécio tentava atrair o DEM, um antigo aliado nacional e regional, para a órbita da coligação. Mas a pré-candidatura ao governo do Rio do vereador e ex-prefeito Cesar Maia (DEM) impedia essa adesão. O obstáculo só foi resolvido quando o PMDB aceitou entregar no domingo a vaga ao Senado na chapa para o ex-prefeito. Para isso, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) desistiu de concorrer ao Senado e permitiu a entrada de Maia em seu lugar.
A composição com o Democratas era uma opção discutida nas últimas semanas, mas ganhou força definitivamente na última sexta-feira, com a nova configuração de forças no Estado depois que PT e PSB formalizaram aliança, lançando o deputado federal Romário (PSB) ao Senado na chapa de Lindbergh Farias (PT) como candidato ao Palácio Guanabara. O acerto de socialistas e petistas criou um palanque duplo para o presidenciável socialista Eduardo Campos e a presidente Dilma Rousseff. Também tirou a pré-candidatura ao Senado da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), que cedeu o lugar na aliança a Romário. Na última pesquisa eleitoral, feita pelo Ibope entre 7 e 11 de junho, a situação entre os pré-candidatos à única vaga de senador no Rio era de empate técnico. Cabral tinha 26% das intenções de voto, Romário, 22%, e Jandira, 20%. Cabral desiste da disputa e, segundo confidenciou a aliados, pretende se dedicar unicamente à campanha de Pezão.
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Na capital paulista, onde assistiu ao jogo entre Brasil e Camarões, pela Copa do Mundo, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, o candidato tucano festejou o fato de ter “o palanque mais forte” no Rio, depois da confirmação das alianças. Aécio acompanhou o jogo ao lado do coordenador de campanha no Estado, Alberto Goldman, e do deputado Paulo Pereira da Silva, do Solidariedade. Para o tucano, o alinhamento de forças que põe no mesmo lado PMDB, PSDB, DEM e outros partidos é uma reação natural aos movimentos do PT no Rio – que se juntou ao PSB na última semana.
Com a formalização da união de Aécio e Pezão no Rio, o eleitor vai ter de se acostumar a ver alianças de políticos que se diziam adversários. Maia chegou a declarar, no velório do ex-governador do Rio Marcello Alencar, que seria “uma vergonha completa” uma união com o PMDB e que o eleitor jamais entenderia. “Não vamos apoiar o PMDB em hipótese alguma. Como vou apoiar aqueles a quem faço oposição? O eleitor não entende isso. É uma vergonha completa”, afirmou o ex-prefeito na ocasião.
Maia alegou nesta segunda-feira que mudou de opinião para ajudar Aécio no Rio e porque Pezão enviou projetos de lei para a Assembleia Legislativa na semana passada que reajustam o salário de servidores públicos, o que diz ser uma bandeira em comum. Admitiu, no entanto, que a coligação do PT com o PSB no Rio foi, nas suas palavras, um “tipping point” (ponto de inflexão, em tradução livre) para engatar a parceria.
“PT e PSB juntos criaram fato novo que poderia causar prejuízo para uma candidatura própria (ao governo estadual) apoiada pelo senador Aécio Neves. Não quero tratar dos adversários, mas quero dizer que nas circunstâncias essa convergência (PMDB, PSDB e DEM) é de interesse do Rio de Janeiro”, afirmou Maia.
A aliança, no entanto, gerou discórdia no PMDB. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), ex-afilhado de Maia e atual desafeto, chamou a coalizão de “bacanal eleitoral” e defendeu que o senador Francisco Dornelles (PP) seja o candidato da chapa e que a presidente Dilma tenha o apoio na disputa presidencial. Picciani criticou a reação de Paes: “Ele tem o direito de divergir, mas tenho certeza que saberá seguir as linhas partidárias. É o exemplo que espero dele”.
PSDB e PPS também foram opositores do governo Sérgio Cabral e, mudaram de lado, para aderir à aliança. “Essa aliança tem o maior palanque no Rio para derrotar o PT nacional”, justificou o deputado estadual Comte Bittencourt, presidente do PPS no Rio e líder do partido na Assembleia Legislativa.
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Palanque triplo – Antes da desistência de Cabral e da adesão de PSDB, DEM e PPS, Pezão tentava dizer que, mesmo com o Aezão nas ruas, faria campanha apenas pela presidente Dilma Rousseff. Nesta segunda-feira, o governador do Rio finalmente assumiu que vai dividir o palanque com três candidaturas presidenciais: Dilma, Aécio e o pastor Everaldo Pereira (PSC), que também faz parte da aliança. Mas, apesar do emaranhado de siglas, Pezão avalia que isso não prejudica a imagem perante o eleitor.  “O eleitor é muito inteligente e sabe separar bem o que interessa a ele”, afirmou Pezão.
Depois do apoio de PSDB, PPS e DEM, Pezão terá 10 minutos e meio do tempo de propaganda na televisão, de acordo com estimativa do PMDB. Isso será mais da metade do tempo de propaganda de todos os candidatos. De acordo com Picciani, a coligação majoritária liderada pelo PMDB no Rio reuniu o apoio dos seguintes partidos: DEM, PDT, PEN, PMN, PP, PPS, PRP, PRTB, PSC, PSD, PSDB, PSDC, PSL, PTB, PTC, PTN e Solidariedade. Dessa relação, DEM, PMN, PTC, Solidariedade e PTB acertaram apoio nacionalmente à campanha presidencial de Aécio. Mas será preciso observar se todos os políticos desses partidos no Rio vão fazer campanha por Aécio. 
Vice - Aécio também afirmou, em São Paulo, que a jurista e ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie Northfleet é um dos nomes cotados para a candidatura a vice-presidente na chapa. No PSDB, os nomes do senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) e do empresário e ex-governador do Ceará Tasso Jereissati também são citados para compor a chapa.


(Com Estadão Conteúdo)

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