Marqueteiro do PT leva mau diagnóstico a Dilma e Lula; presidente diz não saber razões de crescimento pífio do país; cresce o descontentamento
As coisas não andam bem para o lado de Dilma Rousseff (foto). Como vocês leram ontem aqui, uma pesquisa do Pew Research Center captou uma enorme insatisfação dos brasileiros com o governo. E em todos os setores relevantes. O Planalto vive um momento de notável desorientação.
A alguns dias da Copa do Mundo, a presidente deveria estar lá nas nuvens. E, no entanto, ela não pode nem mesmo fazer um discurso no jogo inaugural.
Ou levará uma vaia como nunca antes na história “destepaiz”. Não se dará nem mesmo um encontro com os jogadores da Seleção Brasileira.
Não é o caso de a rapaziada se tornar sócia do mau humor que Dilma desperta em crescentes parcelas da população.
Segundo a coluna Painel, da Folha, os dados de que dispõe o marqueteiro João Santana não são muito diferentes. Informa o jornal: “O publicitário traçou um cenário sombrio na reunião da campanha de Dilma Rousseff à reeleição, anteontem, no Palácio da Alvorada.
Diante de Lula e da presidente, ele apresentou pesquisas mostrando que caiu a confiança do eleitor na capacidade do governo para promover mudanças. Até quem melhorou de vida nos últimos anos desconfia que sua renda pode parar de aumentar. A análise preocupou os petistas e deve exigir uma guinada na estratégia eleitoral”.
Pois é… Esse certo desalento se segue à campanha terrorista que o PT levou para a televisão, com aquele alerta sobre os “fantasmas do passado”. Comentei aqui, vocês devem se lembrar, que o partido já não tinha mais futuro a oferecer ao eleitorado e se limitava a seu trabalho deletério de sempre, que é destruir o passado alheio. Cansei, no entanto, de ler colunetas de supostos bastidores da política afirmando que a peça publicitária tinha sido um sucesso…
Nesta terça, já como parte do esforço concentrado de declarar que tudo está pronto para a Copa do Mundo — o que também não é verdade —, Dilma concedeu uma entrevista a jornalistas estrangeiros. Eles quiseram saber por que, afinal, o Brasil está crescendo tão pouco. E Dilma, vejam vocês!, foi de uma sinceridade estonteante. Disse um sonoro “não sei”. Se ela não sabe agora, como saberá depois? Que amanhãs vai oferecer ao eleitor? A que promessas apelará?
O descontentamento com o governo se estende às mais diversas áreas, segundo aponta o Pew Research Center, em quadro publicado pelo Estadão. Vejam:
É até possível que os candidatos de oposição ainda não sejam beneficiários desse descontentamento, até porque não são onipresentes na televisão como a presidente, seja na sua forma, digamos, “soberana”, seja por intermédio da propaganda institucional propriamente ou das estatais — sempre atreladas, ainda que de forma oblíqua, aos propósitos “reeleitoreiros” da presidente. Ainda que Dilma venha a ter um latifúndio no horário eleitoral gratuito, e a oposição, apenas um terreninho, o início da campanha dará mais visibilidade aos opositores do PT do que a que eles têm hoje.
Pesquisas e especulaçãoA situação da presidente é tão ruim que a Comissão de Valores Mobiliários decidiu investigar se não está havendo uma especulação viciosa no mercado financeiro envolvendo pesquisas. Ou por outra: o boato — ou eventual informação privilegiada — sobre a queda de Dilma deixa os investidores animados.
Aqui cumpre fazer uma observação: a CVM pode fazer o que quiser, mas não vai conseguir impedir que entes privados contratem pesquisas para se orientar. Não há lei que possa impedi-los. Os levantamentos para divulgação pública têm de ser registrados no TSE, mas não os encomendados por empresas ou partidos, desde que apenas para seu consumo. Voltemos lá ao início: aqueles que João Santana levou ao Palácio da Alvorada para orientar a campanha tinham, por acaso, registro? De resto, se o tal “mercado” está apostando contra Dilma, certamente não será por causa das virtudes da mandatária, não é mesmo?
A verdade é que há uma notável convergência em favor da mudança. Resta torcer para que não vença a conspiração reacionária do atraso.
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