22/03/2015
Em esforço inédito, grupo de voluntários trabalha na restauração do RA-001, o primeiro Boeing 747, o Jumbo, que estreou há 47 anos
Há dois anos, Dan Hagedorn, curador do Museu do Voo, em Seattle, avaliou o que restava do primeiro Boeing 747 construído, o RA-001 (ou simplesmente “número 1”), e concluiu que a restauração de uma peça como aquela seria algo inédito no mundo.
Alguns meses depois, um ex-funcionário da Boeing chamado Dennis Dhein decidiu começar o trabalho.
Hoje, a diferença é gritante. O avião foi repintado e o equipamento em grande partei reparado, o que resultou em uma aeronave muito parecida com aquela que decolou em setembro de 1968 e foi aposentada só em abril de 1995. As informações são do jornal The Seattle Times.
O trabalho é tocado por um grupo de voluntários, a maioria trabalhadores do ramo já aposentados, no próprio Museu do Voo, que fica em um aeroporto pertencente ao conglomerado industrial aeronáutico americano Boeing. No mesmo local são exibidos aeronaves clássicas como bombardeiros B-17, as “Fortalezas Voadoras” celebrizadas pela II Guerra Mundial (1939-1945), e B-29, as “Superfortalezas Voadoras”, que chegaram a atuar no final da II Guerra e intensamente ao longo da Guerra da Coreia (1950-1953).
Estão lá também o primeiro Air Force One (avião do presidente do Estados Unidos) a jato, o primeiro Boeing 787 e um Concorde supersônico.
Todo o esforço dos voluntários é dedicado à recuperação de um avião tão enorme e inovador para a época que rendeu à equipe de engenheiros responsável pelo projeto o apelido de “os incríveis”.
A reconstrução do “número 1” ainda está longe do fim, tendo pelo menos outros dois anos pela frente.
A lista a fazer é longa: substituir equipamento eletrônico na cabine, limpar as engrenagens internas, trocar pneus, consertar luzes de pouso, remendar o chão e as portas…
Apesar da utilização de novas tecnologias, o objetivo da restauração é a precisão histórica, preservando desde a escada em espiral para a cabine superior até os tecidos de época que cobriam os assentos. Essa ideia, no entanto, apresenta alguns desafios à equipe.
As peças necessárias, por exemplo, são extremamente difíceis de localizar no mercado, e os planos originais de construção da aeronave não foram disponibilizados pela Boeing.
A solução: os engenheiros se voltaram a fotos antigas da cabine para copiar a disposição dos equipamentos, cujos equivalentes foram procurados nos lugares mais variados.
Alguns pneus, por exemplo, foram doados por um funcionário de uma empresa que estava prestes a desmontar um 747 antigo.
Felizmente para a equipe de voluntários, nem tudo são provações nesse projeto. Atualmente, o Museu do Voo trabalha na construção de um teto para abrigar vários aviões em exposição, entre eles o Jumbo RA-001.
Sem essa cobertura, o antigo avião revestido de alumínio não resistiria à chuva constante do estado de Washington.
Se tudo correr bem, em breve o público poderá ver o primeiro Boeing 747 restaurado à sua glória original — e até, galhardamente, voando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário