Ambiente aconchegante e variedade de produtos são um convite à experimentação
Um novo nicho de mercado começa a ganhar força em Rio Preto e com ares bem mais sofisticados.
Os empórios ou armazéns que comercializam gêneros alimentícios e bebidas, estabelecimentos tradicionais especialmente em cidades menores, ganharam uma nova roupagem, se modernizaram e hoje conseguem atrair os mais variados consumidores que buscam desde produtos clássicos, como doces caseiros, a bebidas importadas e cortes especiais de carnes, a um local diferente e aconchegante para fazer um happy hour.
A cidade tem pelo menos quatro grandes lojas do tipo: Empório Santo Antônio, Santa Madonna Pescados e Armazém Gourmet, Empório Santa Therezinha e em breve será inaugurado o Empório Santo Expedito.
Todos esses locais se orgulham de comercializar produtos diferenciados, com qualidade e muitos deles exclusivos.
Sem contar no resgate que se propõem a fazer do conceito dos antigos empórios ou armazéns, com preocupação com a arquitetura, decoração do ambiente, disposição dos produtos e um atendimento mais próximo do cliente.
O casal de empresários Aurélio Grisi e Monalisa Grisi abriu o Santa Madonna no início deste mês; mix tem 500 produtos
Quando se fala nos empórios mais refinados, voltados às classes de maior poder aquisitivo, a cidade contabiliza quatro empresas, mas quando se expande a pesquisa para estabelecimentos de comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios, minimercados, mercearias e armazéns, os números saltam para 149 empresas abertas de 2010 para cá, segundo dados do cadastro feito na Secretaria da Fazenda.
Para o economista Bruno Sbrogio, o crescimento está atrelado à pujança do setor de gastronomia, pautada inclusive na mudança de pensamento do consumidor de todas as classes sociais, que está cada vez mais interessado em produtos exclusivos e premium.
"A economia atual se baseia fortemente no critério da exclusividade e diferenciação do serviço para conseguir vantagens competitivas.
Nesse ponto os empórios/armazéns têm se destacado ao unir descontração com sofisticação, agradando o público alvo", afirma.
Ele destaca que os atuais empórios são uma reinvenção que mistura o charme do antigo, mantém um pouco de tudo e recebe todos os tipos de clientes produtos mais refinados.
O aumento da renda nos últimos anos, atrelado a um dólar mais barato (até o ano passado), permitiu que o consumidor experimentasse produtos de maior qualidade.
"O mercado dos produtos exclusivos mostrou ganhos extraordinários e conseguiu despertar o interesse do consumidor mais exigente, transformando-se num atrativo para chamar clientela aos empórios".
Quando se entra num empório desses, é impossível não ficar encantado com a diversidade de cores, produtos e imaginar tantos sabores num mesmo ambiente.
De acordo com o consultor Edgard Ferreira dos Santos Neto, do Sebrae de Rio Preto, essa deve ser uma das preocupações do empresário: elaborar um visual merchandising de acordo com o mix de produtos e que prime pela melhor disposição dos produtos e mobiliários.
"A recomendação é que os produtos correlatos estejam próximos e o fluxo de atendimento e circulação seja fácil."
Mais do que a aparência, o atendimento deve ser o principal foco da atenção do empresário do setor.
Segundo Santos Neto, a relevância do atendimento ao cliente é primordial. É importante ter em mente que muitos estabelecimentos são bastante amplos e os clientes acabam não caminhando por toda a loja.
"Uma equipe preparada precisa saber o tíquete médio de venda por cliente e oferecer degustação, demonstração e experimentação dos itens que forem atrativos.
Trata-se de uma venda qualitativa, que trata o cliente como único, especial."
Para o especialista em marketing, a releitura desse tipo de negócio se deu pela iniciativa de alguns empreendedores que enxergaram e pesquisaram sobre a possibilidade de construir ou remodelar esse segmento com produtos mais elitistas e um mix que, provavelmente, não se encontra em qualquer tipo de comércio.
Costuma ser referência de encher os olhos quando se pensa numa empresa desse tipo o Mercadão de São Paulo.
"Não existe crise para o empresário que usa um período de menor potencial consumo para se reinventar", afirma.
O empreendimento mais recente foi inaugurado há pouco mais de dez dias.
O Santa Madonna Pescados e Armazém Gourmet foi aberto no dia 1º e nasceu da relação muito próxima com a gastronomia do casal de empresários Aurélio Grisi e Monalisa Grisi.
Ele já trabalhava no ramo, com uma representação de vinhos.
"Esse é um mercado altamente potencial, a renda per capita do rio-pretense é maravilhosa."
O Santa Madonna tem um mix de 500 produtos que se distribuem no tripé pescados, massas artesanais, vinhos e cervejas especiais.
É possível encontrar itens como temperos, molhos, azeites, antepastos, 150 rótulos de vinhos, uma porção de linguiças gourmets, além de diversas massas, incluindo sem glúten, e mais de 60 tipos de peixes e cortes.
Foi justamente essa a grande aposta de Grisi: os peixes. "Esse é um grande mercado a ser explorado."
O empresário conta que o consumo de peixes só não é maior pela pouca diversidade oferecida e também pelo modo como o produto é oferecido.
Na casa, é possível encontrar espécies como meca (uruguaio), por R$ 41; pirarucu (a picanha do mar), por R$ 60, assim como filés de robalo, por R$ 60.
Por serem produtos perecíveis e estarmos longe dos centros produtores, os peixes são vendidos congelados.
"Quando se fala em peixes as pessoas têm medo de arriscar, mas damos sugestões e até receitas", afirma.
Grisi investiu R$ 300 mil para montar o armazém e gerou dois empregos no curto prazo. A expectativa é de que o retorno ocorra entre 24 e 36 meses.
Embora continue temeroso com a situação econômica do País, o empresário diz estar bastante esperançoso.
"Na crise aparecem grandes oportunidades.
Quem se arriscar e sobreviver terá mais sucesso", afirma.
A receita: "trabalhar a inteligência emocional para ser feliz no que faz e com as pessoais com as quais convive."
Ambiente para comprar ou para degustar
Inaugurado em janeiro deste ano no Shopping Iguatemi, o Empório Santa Therezinha chegou a Rio Preto trazendo delícias que são a marca do Mercadão de São Paulo, como o famoso sanduíche de mortadela.
Com 70 empregos gerados, a loja tem cerca de cinco mil produtos gourmet que vão de temperos especiais, embutidos, queijos, jamón pata negra, cervejas, vinhos e muito chopp gelado.
Para quem vai ao local aproveitar um happy hour ou jantar, o destaque são os pratos à base de bacalhau, mas há opções para todos os gostos.
De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, a decisão pelo investimento se deve às oportunidades de negócio do ramo gastronômico.
A junção entre o moderno e o retrô, com vários itens especiais para a culinária transformam os empreendimentos em novos nichos de mercado.
"Os empórios e armazéns eram locais onde as pessoas podiam encontrar produtos diferenciados, muitos deles artesanais.
Hoje, esses empreendimentos mantêm esse objetivo, que é oferecer ao público produtos com qualidade e que não são encontrados facilmente em supermercados e vendas, especialmente quando falamos de ingredientes da alta gastronomia".
Outras lojas
Outra loja do ramo em Rio Preto é o Empório Santo Antônio, que fica numa charmosa galeria localizada na avenida Anísio Haddad.
A casa também é especializada em produtos sofisticados como carnes, queijos, pães, temperos, tortas, caldos, bebidas, massas importadas, dentre outros produtos.
A empresa é uma das primeiras da cidade a apostar nesse nicho de mercado.
No mês que vem, Rio Preto ganha novo empreendimento do segmento, o Empório Santo Expedito, que será instalado no Plaza Avenida Shopping.
Serão gerados 90 empregos e o mix será de cerca de 6 mil itens, ocupando uma área de 650 metros quadrados.
Segundo o gerente do Plaza, Carlos Madureira, os diferenciais da casa serão a opção de café da manhã, o almoço por quilo, além de todos os itens como embutidos, defumados e queijos e bebidas.
Outro destaque será a produção de pães, já que a loja terá café da manhã, além de muito chopp gelado.
CERVEJA
De olho no mercado de cervejas artesanais, que não para de crescer em diferentes cidades, os empresários Fabricio Cunha e Cristiano Carvalho investiram na abertura do Santo Lúpulo, um empreendimento que traz dois ambientes, um empório de cervejas artesanais e produtos relacionados ao tema, e um pub no andar de cima.
Na loja é possível encontrar desde rótulos de cervejas nacionais e importadas, a partir de R$ 10, aos equipamentos para fazer a própria cerveja, objetos de decoração e todos os insumos necessários, como malte, lúpulo e fermento, por exemplo.
Se o cliente preferir, pode degustar as bebidas no espaço, acompanhadas de alguns petiscos.
"Esse é um mercado forte, em franca expansão. Identificamos que não tinha um local nesse formato e decidimos investir", disse Cunha.
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