Tartarugas verdes não se tornam machos ou fêmeas por determinação dos cromossomos, como acontece com os mamíferos.
O que determina o sexo do embrião é a exposição do ovo a temperaturas mais altas ou mais baixas. Filhotes formados abaixo de 23,9 ºC são machos, e acima desta temperatura são fêmeas.
Um artigo publicado na revista Current Biology alerta que com o aumento de temperatura na Austrália, poucos filhotes de tartaruga verde estão nascendo machos. Em poucas décadas, tartarugas verdes terão problemas de desequilíbrio entre população de machos e fêmeas.
“A diferença entre ter 100% das tartarugas machos para 100% fêmeas é muito estreita. O que determina esta diferença é poucos graus”, aponta o biólogo marinho Machael Jensen, co-autor do trabalho.
Em sua pesquisa, ele estudou a população de tartarugas da ilha Raine, local em que 200 mil fêmeas retornam todos os anos para botar seus ovos. Este é um dos maiores pontos de reunião da espécie no mundo todo.
A espécie é muito importante em seu ecossitema. As tartarugas mantêm a grama marinha aparada da mesma forma que ovelhas ou gado fariam em um pasto em terra firme.
As mordias dos répteis ajudam a manter as plantas saudáveis. Os locais em que as tartarugas se alimentam ficam imaculados, segundo Jensen.
No estudo, os pesquisadores precisaram recolher amostras do plasma dos animais, já que não é possível determinar o sexo deles visualmente.
No passado, pesquisadores costumavam abrir jovens tartarugas para inspecionar as gônadas, mas isso, obviamente, causava danos para a saúde dos animais. Já cirurgia por laparoscopia seria impraticável na grande escala do estudo.
Por isso, uma nova técnica foi desenvolvida para analisar o sexo do animal a partir dos hormônios.
O plasma dos animais foi examinado em um laboratório na Califórnia. “Não podemos usar testes genéticos porque o gênero deles não é determinado pelos cromossomos sexuais como nos humanos”.
O resultado foi que 99% das tartarugas jovens são fêmeas, e 87% das tartarugas mais velhas também são fêmeas. Para cada macho jovem, há 116 fêmeas.
Isso provavelmente vai representar um aumento do número de filhotes em breve, já que há mais fêmeas para serem fertizadas por machos, mas essa proporção exageradamente femina pode trazer problemas no futuro.
Este tipo de tartaruga vive entre 60 a 70 anos. “Há machos atualmente, e eles vão existir por algumas décadas, mas em algum momento eles vão morrer.
Eu prevejo que em pouco tempo a população da região vai comecar a notar uma redução na fertilidade nesta praia, se é que isso já não está acontecendo”, afirma David Owens ao Science Alert, professor da College of Chaleston (EUA) que não participou da pesquisa.
A boa notícia é que é possível controlar a temperatura e sexo dos filhotes ao jogar água na areia onde os ovos estão e cobrir as areas de ninhos para fazer sombra.
O governo australiano já está monitorando esses animais. [Science Alert, Current Biology]
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