Roberto Saviano, escritor que ousou desafiar as máfias italianas, extraídas de seu livro
"A beleza e o inferno":
"Como faço para dizer à minha terra que pare de ser esmagada entre a arrogância dos fortes e a covardia dos fracos?
[...]
Vocês querem uma vida simples, normal, feita de pequenas coisas, enquanto ao seu redor há uma guerra verdadeira, enquanto quem não tolera, denuncia e fala perde tudo.
O que fizemos para ficar tão cegos? Tão subjugados e resignados, tão submissos?
[...]
O medo. O maior álibi. Faz sentir que tudo está em ordem porque é em seu nome que se protegem a família, os afetos, a própria vida inocente, o próprio direito sagrado à vivê-la e construí-la.
No entanto, deixar de ter medo não seria difícil. Bastaria agir, mas não sozinhos.
O medo anda de braço dado com o isolamento. Sempre que alguém recua acaba criando outro medo, que, por sua vez, cria outro, em um crescendo exponencial que imobiliza, corrói, destrói lentamente.
[...]
Pergunto à minha terra se ela ainda consegue imaginar que pode escolher.
Pergunto-lhe se é capaz de realizar, pelo menos, esse primeiro gesto de liberdade que está em conseguir pensar-se diferente, pensar-se livre.
Não se resignar a aceitar como um destino natural o que, ao contrário, é obra dos homens."
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