Depoimento
Rossi nega envolvimento com corrupção na Agricultura e diz que Jucá Neto tenta transformar demissão em 'caso político'
BRASÍLIA - O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, em depoimento na Comissão de Agricultura da Câmara, negou as acusações de corrupção feitas por Oscar Jucá Neto e centrou suas declarações em destacar que foi o ex-diretor financeiro da Conab quem cometeu irregularidades. Nesta quarta-feira, Rossi ainda acusou Jucá Neto de querer transformar sua demissão em um ato político. Ele saiu da Conab depois que utilizou verba carimbada - destinada apenas à compra de estoque regulador - para fazer pagamento a uma empresa.
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- Ele tenta transformar um caso estritamente administrativo, em que ele foi pego em infração gravíssima, ele quis transformar em caso político. Agredindo a todos, seus colegas de trabalho na Conab e inclusive esse ministro que aqui está - disse Rossi.
" A Conab passou por grandes escândalos no passado, mas foram apurados. Houve um grande número de fraudes no passado. Hoje é bem menos " veja mais ↓
Rossi disse que Juca Neto foi "defenestrado" da Conab e qualificou-o como um "ressentido".
- Não posso admitir que um diretor que foi defenestrado se volte contra a empresa, aos diretores e contra mim. Quando se joga todo mundo no mesmo saco, no saco que ele está! - disse Rossi.
O ministro admitiu que há desvios na Agricultura, mas disse que hoje o problema é menor:
- A Conab passou por grandes escândalos no passado, mas foram apurados. Houve um grande número de fraudes no passado. Hoje é bem menos. Temos dezenas de casos levados por nós à Polícia Federal. Alguns ainda estão em andamento, mas sempre responsabilizamos as pessoas - afirmou.
Em depoimento, o ministro também tentou explicar as supostas irregularidades no pagamento de sentenças judiciais. O esquema foi denunciado por Jucá Neto em entrevista à revista "Veja":
- Ele (Oscar Jucá Neto) disse que alguém da Conab queria reter uma dívida que tinha com a Caramuru para negociar um aumento da dívida para R$ 20 milhões. Essa é uma postura fantasiosa. Existe um débito com a empresa Caramuru que transitou em julgado em abril desse ano com ganho de causa para a empresa no valor de R$ 14 milhões. A aferição do valor é feita pelo juiz. Nunca autorizei pagamento extra-judicial. Esse caso foi uma elocubração - afirmou.
Rossi disse que teve o apoio do líder do governo no Senado e irmão de Jucá Neto, Romero Jucá (PMDB-RR), para exonerar seu irmão.
- Ele, claro, lamentou porque era irmão dele, mas disse para tomar todas as providências e assim foi feito.
Ministro chega à Câmara escoltado por deputados
Antes de prestar o depoimento, numa demonstração de apoio e blindagem do PMDB, Rossi chegou acompanhado do líder do PDMB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), do líder do governo no Congresso, deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS), além de outros parlamentares do partido.
Esperando para falar, Rossi recebeu a solidariedade de Henrique Alves:
- Confiamos na sua história e no seu presente - disse o líder do PMDB.
Autor do convite, o deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), disse que a vinda dele era importante porque as denúncias acabavam atingindo o vice-presidente Michel Temer, padrinho político de Rossi.
Jucá Neto foi exonerado na semana passada , depois que a revista "Veja" revelou que ele havia autorizado um pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa fantasma que já foi ligada à sua família e que hoje tem como sócios dois laranjas - um pedreiro e um vendedor de carros.
Após a exoneração, ele deu entrevista à revista na qual afirma que o esquema de desvio de recursos públicos na Conab é comandado pelo ministro Wagner Rossi e que há um "consórcio" entre o PMDB e o PTB no controle do ministério. Entre as irregularidades, ele citou um acerto com a Caramuru Alimentos para postergar o pagamento de uma dívida em troca de recebimento de propina. O senador Gim Argello (PTB-DF) também é citado na reportagem como homem influente na Conab e beneficiário de um esquema de venda de terrenos da Conab abaixo do preço de mercado.
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