Ainda que não tenham sido as maiores do ano, manifestações preocuparam o governo.
Bonecos da presidente e de seu antecessor vestidos com roupas de presidiário chamaram a atenção, segundo jornal 17/08/2015
Após
onda de protestos em todo o Brasil, imagem de Dilma é vinculada à corrupção e
aos escândalos na Petrobras(Evaristo Sá/AFP)
Ainda que o protesto contra
o governo neste domingo não tenha sido o maior do ano, as
manifestações acenderam o sinal amarelo no Palácio do Planalto.
A avaliação foi
a de que, desta vez, a imagem da presidente Dilma Rousseff ficou colada ao
desgaste enfrentado pelo PT no escândalo de corrupção da Petrobras, segundo o
jornal O Estado de S. Paulo.
Políticos da oposição, como os
senadores Aécio Neves
(PSDB-MG), José Serra (PSDB-SP), José Agripino Maia (DEM-RN) e
Ronaldo Caiado (DEM-GO), também saíram às ruas - o que, na avaliação do
governo, demonstrou uma "partidarização" dos movimentos.
Nas manifestações, chamaram a atenção de ministros
os bonecos de Dilma vestida de "irmã metralha" e do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva com roupa de presidiário e a inscrição 13-171.
A
percepção do núcleo político do governo foi a de que Dilma não conseguiu, até
agora, transmitir a ideia de que a Operação Lava Jato vai limpar o país, uma
vez que os protestos mostraram que a ação da Polícia Federal, na verdade,
nocauteou o governo, Lula e o PT.
Na mesma noite, a presidente reuniu, no Palácio da
Alvorada, ministros que compõem a coordenação política do governo.
Durante o evento,
Dilma disse considerar que a população, embora insatisfeita, não apoia
iniciativas "golpistas".
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
que passou o dia monitorando os atos em seu gabinete, informou que as
manifestações foram pacíficas, em todo o país.
Para evitar "panelaços" e esvaziar a
repercussão dos protestos, ministros foram orientados a não dar entrevistas
após a reunião com Dilma, que durou duas horas. Coube ao titular de Comunicação
Social, Edinho Silva, emitir um curto comentário:
"O governo viu as
manifestações dentro da normalidade democrática (...) E manterá sua agenda de
trabalho para que, em breve, o País volte a crescer, a gerar emprego e a
distribuir renda", disse, em uma postagem nas redes sociais.
A ordem do Planalto é destacar a legitimidade dos
protestos e dizer que o governo tem "humildade" para admitir os
erros.
No diagnóstico de alguns ministros, a crise política arrefeceu, mas está
longe de acabar, e o governo precisa tomar cuidado para não demonstrar soberba neste
momento em que os problemas na política prejudicam ainda mais a economia.
Fôlego - Com
a popularidade em queda livre, Dilma só ganhou fôlego nos últimos dias após
fazer acordo com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que
divulgou a "Agenda Brasil" e desviou o foco da crise e do ajuste
fiscal - isolando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Além disso,
a presidente esteve no Maranhão e na Bahia, na última semana, para inaugurar
obras.
Não foi só: tomou café da manhã com empresários, jantou com senadores
aliados e integrantes do Judiciário e se reuniu com representantes de
movimentos sociais dois dias seguidos.
A estratégia vai continuar, nos próximos dias.
Em
conversas reservadas, ministros dizem que Dilma errou no passado ao não
dialogar com os vários segmentos da sociedade e também com aliados do PMDB.
"Mas agora a ficha caiu", constatou um de seus auxiliares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário