CUIDADOS - Moro em Curitiba:
protegido por agentes treinados em Brasília; no detalhe, um dos ataques feitos
pela internet (Vagner Rosario/VEJA)
Mesmo com a Operação Lava Jato já
debruçada sobre políticos influentes e empresários poderosos, o juiz Sergio
Moro sempre resistiu a qualquer mudança de rotina.
Apesar dos alertas para
cuidar da própria segurança, prosseguiu fazendo rigorosamente tudo o que fazia
antes de assumir os processos e enfrentar a corrupção.
Moro ia trabalhar de
bicicleta.
Frequentava restaurantes e shoppings de Curitiba e corria, sozinho,
pelas ruas da cidade.
Com o passar do tempo, aceitou fazer algumas concessões.
Aposentou a bicicleta, passou a evitar programas familiares em lugares públicos
e trocou o cooper ao ar livre pela esteira de uma academia.
Mas nunca admitiu
andar com escolta, embora estivesse no centro de uma atividade naturalmente
fadada a despertar rancores.
Por mais de uma vez, a Polícia Federal lhe
ofereceu proteção.
Sempre que ouvia a sugestão, o magistrado repetia uma
pergunta:
"Há alguma ameaça concreta?".
Não havia, mas aparentemente
agora há.
Desde a semana passada, Moro está sob a proteção de uma equipe de
agentes altamente treinados.
Fazia tempo que o juiz era alvo de
ataques virtuais, a exemplo do que aconteceu com o ex-ministro Joaquim Barbosa
durante o julgamento do processo do mensalão.
Mas nada que fosse suficiente
para fazê-lo mudar de conduta.
O ponto de inflexão brotou com a decisão de
mandar a Polícia Federal conduzir o ex-presidente Lula para depor sobre suas
ligações com o petrolão, na sexta-feira 4.
A ordem de Moro, expedida como parte
da 24ª fase da Operação Lava-Jato, atiçou a militância petista mais radical -
em muitos casos, pode ser apenas histeria, dada a facilidade de gritar nas
redes sociais.
Do ponto de vista policial, contudo, impõem-se cautela e
atenção.
Ainda no dia da condução coercitiva de Lula, à medida que o
ex-presidente e outros hierarcas do PT subiam o tom do discurso, mais
agressivas se tornavam as ameaças da tropa cibernética.
Pelo menos três desses ataques
resultaram em abertura de inquérito por um motivo muito simples: incitaram,
entre outras barbaridades, ao assassinato do juiz da Lava-Jato.
"Chega de
palhaçada de acreditar na democracia de direita. Matem o Moro", escreveu
no Twitter um agressor já identificado.
"Tenhamos coragem. Matemos Moro e
acabemos com esta festa", emendou o militante.
"Todos de esquerda nas
ruas já e com armas! É guerra civil", postou outro radical no Facebook.
"Matar o Moro e todos os fascistas. É guerra", prosseguiu.
Mensagens
desse quilate puseram a polícia e Moro em alerta.
A "ameaça concreta"
que o juiz paranaense dizia inexistir despontou como uma possibilidade real.
Prudência agora é o nome do jogo.
Desde aquela sexta-feira em que Lula depôs
numa sala do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, agentes da Polícia Federal
se revezam num esquema ostensivo ao redor de Moro.
Em paralelo, policiais
rastreiam a origem das ameaças e de telefonemas que o magistrado tem recebido.
"Identificaremos todos eles", disse a VEJA um investigador que
trabalha no caso.
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