ELA VAI DIZER QUE É GOLPE DO JORNAL CONTRA ELA.
Em editorial, revista britânica afirma que presidente do "país que sofre a pior recessão desde 1930" deveria deixar o cargo
A revista britânica The
Economist defende, em editorial, a tese de que a presidente Dilma
Rousseff "deveria renunciar agora". A escolha do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para a Casa Civil foi uma "tentativa grosseira de
impedir o curso da Justiça", diz o texto publicado em sua nova edição
semanal. Por isso, a presidente do "país que sofre a pior recessão desde
1930, boa parte em consequência dos erros de seu primeiro mandato", não
está apta a permanecer na Presidência, argumenta o editorial. Segundo a
publicação, a troca na Presidência da República abriria caminho para um
"novo começo" no Brasil.
"A indicação de Lula parece uma
tentativa grosseira de impedir o curso da Justiça. Mesmo que isso não fosse sua
intenção, esse seria o efeito. Esse foi o momento em que a presidente escolheu
os limitados interesses da sua tribo política por cima do Estado de
Direito", diz o editorial, que tem o título "Hora de ir".
"Assim, ela tornou-se inapta a permanecer como presidente". E
continuia: "A presidente manchada deveria renunciar agora".
O editorial nota que sempre defendeu
a ideia de que apenas a "Justiça ou os eleitores - e não políticos com
interesses próprios - podem decidir o destino da presidente". Essa
percepção, porém, mudou com a decisão tomada por Dilma de indicar Lula. No fim
de semana, o jornal The New York Times já havia classificado
como "ridículas" as explicações de Dilma para a
nomeação do ex-presidente. A saída de Dilma Rousseff, diz o editorial da Economist,
"ofereceria ao Brasil a oportunidade de um novo começo".
A revista considera que o processo de
impeachment pelas pedaladas fiscais parece injustificado. Assim, afirma que há
três caminhos para a saída da presidente: 1) mostrar que Dilma Rousseff
obstruiu o trabalho de investigação na Petrobras; 2) por decisão do Tribunal
Superior Eleitoral, que resultaria em novas eleições; ou 3) a renúncia. "A
maneira mais rápida e melhor para a senhora Rousseff deixar o Planalto seria a
renúncia antes de ser empurrada para fora", defende o editorial. Na semana
passada, o britânico The Guardian declarou que a presidente
deveria renunciar se não conseguir controlar a agitação social, enxergando até
risco de intervenção militar.
Sem Dilma, a Economist acredita
que o Brasil poderia ter um governo de coalizão liderado por Michel Temer para
executar reformas necessárias para estabilizar a economia e acabar com o
déficit público, próximo de 11% do Produto Interno Bruto. O editorial nota,
porém, que Temer também está "profundamente envolvido no escândalo da
Petrobras, como o PT". Assim, apenas "novas eleições presidenciais
poderiam dar aos eleitores uma oportunidade de confiar as reformas a um novo
líder".
(Com Estadão Conteúdo)
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