Planalto
avalia retorno da ministra Katia Abreu (PMDB) ao Congresso(Alan Marques/Folhapress)
Um
dia depois de o PMDB ter desembarcado oficialmente do governo, ministros
peemedebistas insistem em permanecer nos cargos de primeiro escalão, mas devem
enfrentar processos no Conselho de Ética do partido caso permaneçam na equipe
da presidente Dilma Rousseff. A contabilidade que está sendo feita envolve a
representatividade das pastas comandadas por peemedebistas e o poder de
influência que cada ministro teria para articular votos contrários ao processo
de impeachment.
Embora
a ministra da Agricultura Kátia Abreu (PMDB) tenha trocado
mensagens nesta quarta garantindo a permanência dela e de
mais cinco peemedebistas na Esplanada dos Ministérios, o Palácio do Planalto
analisa as vantagens de manter os aliados em cargos-chave e a eficiência deles
caso retomem os mandatos no Congresso. Se deixar o ministério, como exigem
caciques peemedebistas, ela poderia voltar ao Senado, onde tem ampla influência
sobre os quase 200 parlamentares da bancada ruralista de senadores e deputados.
De volta ao Congresso, mesmo que no PMDB, poderia atuar como uma líder informal
contra o impeachment. No Twitter, ela admitiu que deixou a presidente "à
vontade caso ela necessite de espaço para recompor sua base. O importante é que
na tempestade estaremos juntos".
Originalmente,
Kátia Abreu cogitava a possibilidade de se licenciar do partido para continuar
no cargo no Executivo, mas ela foi informada de que o estatuto do PMDB não
permite licença nesses casos. Interlocutores do vice-presidente Michel Temer
afirmam que quem ficar no ministério sofrerá processo no Conselho de Ética do
partido e poderá ser expulso. Mas as decisões sobre o destino dos ministros
peemedebistas que insistem em permanecer no governo serão tomadas apenas depois
de muita conversa exatamente para medir os possíveis estragos de uma ruptura com
ministros com maior capilaridade política no Congresso. A própria Kátia insiste
em permanecer no ministério e desafia nos bastidores o PMDB a abrir um processo
contra ela. Ela estimula os demais reticentes a fazerem o mesmo. Daí o motivo
de ter verbalizado que continuará no governo.
Depois
do desembarque do partido, outra avaliação feita pelo PMDB e pelo Planalto é a
de que, enquanto os titulares da Saúde, Marcelo Castro, e de Ciência e
Tecnologia, Celso Pansera, são considerados detentores de menor influência
sobre os correligionários, o amazonense Eduardo Braga, que ocupa a pasta de
Minas e Energia, e o ministro Helder Barbalho, da Secretaria de Portos,
precisam ser alvo de conversas específicas para que o destino no partido ou no
governo seja selado de vez. Ex-líder do governo, Braga é próximo da presidente
Dilma, enquanto Jader Barbalho, pai de Helder, tem forte influência no PMDB e
poderia ser crucial ao angariar apoios contra o processo de impeachment.
LEIA MAIS:
Nesta
terça-feira, o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), que já havia
sediado a reunião que selou a estratégia de o partido deixar, por aclamação, a
base de apoio do governo petista, recebeu os ministros Eduardo Braga, Kátia
Abreu, Marcelo Castro e Helder Barbalho para discutir como eles poderiam burlar
a regra estabelecida pelo PMDB de deixar os cargos de confiança do governo.
"Eles
conversaram externando um ponto de vista. Não havia consenso entre eles. Eles
ficaram de conversar hoje com a presidente da República e definir com ela o que
é que vão fazer", relatou Renan Calheiros. "Eles próprios não tinham
ainda definido o que fariam e ficaram de conversar com a presidente da
República, que é ao final e ao cabo a quem cabe dizer se eles vão ficar ou
sair", completou ele.
Publicamente,
Calheiros evitou falar em "apego exagerado" dos ministros
peemedebistas ou mesmo na postura deles de não "largar o osso". Em
vez disso, afirmou que o desembarque do PMDB do governo Dilma pode influenciar
os demais partidos da base aliada. "Estamos vivendo um momento conturbado
da vida nacional e o PMDB tem uma responsabilidade muito grande. Qualquer movimento
que o PMDB fizer vai influir nos outros partidos", declarou.
fonte http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/ministros-do-pmdb-tentam-permanecer-no-governo-mas-dilma-pode-oferecer-cargos-a-outros-partidos
Nenhum comentário:
Postar um comentário