O ministro Ricardo Lewandowski (Ueslei Marcelino/Reuters)
Lewandowski afirma que integrantes do STF se tornaram alvos de coação por parte de pessoas inconformadas com decisões da corte
O presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, comunicou nesta segunda-feira que
acionou a Polícia Federal e o Ministério Público Federal para que investiguem
ameaças contra integrantes da Corte. Ele não citou os nomes dos ministros
ameaçados.
Em nota, Lewandowski afirmou que,
desde a semana passada, mantém contato com autoridades da segurança pública
para "coibir, reprimir e prevenir ameaças, coações e violências
perpetradas contra ministros da Corte, a pretexto de manifestar suposto
inconformismo com decisões por eles proferidas".
O presidente do Supremo disse ter
encaminhado ofícios ao ministro da Justiça, Eugênio Aragão, ao advogado-geral
da União, José Eduardo Cardozo, ao diretor-geral da PF, delegado Leandro
Daiello, e ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
"Essas
atitudes temerárias, por evidente, excedem a mera irresignação com posições
jurídicas externadas por integrantes do STF no legítimo desempenho do elevado
múnus público que lhes foi cometido, bem como passam ao largo do direito de
expressão constitucionalmente assegurado aos cidadãos, ganhando contornos de
crimes para os quais a legislação penal prevê sanções de elevado rigor",
disse Lewandowski.
"Estou convicto de que os ministros da Suprema Corte
não se deixarão abalar por eventuais constrangimentos sofridos ou que venham a
sofrer, expressando também a certeza de que continuarão a desempenhar com
destemor, independência e imparcialidade a solene atribuição de guardar a
Constituição da República que juraram defender."
Boneco
inflável de Teori Zavascki ao lado de Lula e Dilma (Divulgação/VEJA)
Neste fim de semana, o relator da
Operação Lava Jato no Supremo, ministro Teori Zavascki, virou alvo de
manifestantes favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O
movimento NasRuas levou à Avenida Paulista um boneco em que ele aparece com a estrela
do PT na toga e como anteparo ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma.
Grupos a favor da saída de Dilma já haviam realizado protestos na frente da
residência de Zavascki ao longo da semana passada, depois que ele determinou
que o juiz Sérgio Moro remetesse ao STF as investigações sobre o ex-presidente
Lula e criticou a suspensão do sigilo de grampos contra Lula que flagraram
também conversas de Dilma. Zavascki foi chamado de "traidor" e
"pelego do PT".
No ano passado, manifestantes
pró-impeachment haviam retratado o ministro Dias Toffoli como petista em um
boneco inflável levado a Brasília, a exemplo de Lula e Dilma.
Eles também
fizeram panelaço na frente da casa de Lewandowski, em São Paulo, e perseguiram
agendas públicas do presidente do Supremo com miniaturas do boneco Pixuleko.
O ministro Gilmar Mendes, que
suspendeu a posse de Lula como ministro da Casa Civil, é alvo constante da ira
de movimentos sociais que apoiam o PT.
Conforme VEJA
revelou, a PF reforçou recentemente a segurança pessoal do juiz
Sérgio Moro, responsável pelas ações penais da Lava Jato na primeira instância
em Curitiba (PR), depois de ameaças de morte a ele.
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