SÃO PAULO – A Polícia Federal
indiciou nesta sexta-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a mulher
dele, Marisa Letícia, no inquérito que investiga o tríplex 164-A do Condomínio
Solaris, no Guarujá, litoral paulista.
Além do
casal, foram indiciados Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS; Paulo Gordilho,
diretor da empreiteira, e Paulo Okamoto, do Instituto Lula. Investigadores
afirmam que Lula teria recebido vantagens da OAS, uma das empreiteiras do
cartel da Petrobras, por meio de obras feitas no apartamento do Guarujá, que
seria dele, e com o pagamento de R$ 1,3 milhão para armazenagem do acervo
presidencial pela empresa Granero.
Lula foi indiciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Marisa Letícia, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
É primeira vez que Lula é formalmente indiciado pela força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba.
O ex-presidente já havia sido alvo de indiciamento em Brasília, no inquérito que apura uma suposta obstrução à justiça.
O Ministério Público Federal pediu 90 dias para oferecer denúncia no caso. Lula é alvo de pelo menos mais duas investigações na Lava-Jato que apuram a compra e reforma do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, e os pagamentos feitos por empreiteiras à LILS, empresa de palestras do ex-presidente.
No cartório de registro de imóveis, o tríplex está em nome da OAS.
A Polícia Federal afirma em relatório, no entanto, que não resta dúvida que o tríplex pertence ao ex-presidente e que ele foi beneficiário das melhorias feitas pela empreiteira no imóvel, que somaram R$ 1,116 milhão.
O imóvel foi avaliado entre R$ 1,035 milhão e R$ 1,372 milhão.
A PF descobriu que Fernando Bittar, que aparece como um dos sócios do sítio de Atibaia, também recebeu da OAS informações sobre o tríplex do Guarujá.
Num notebook de Bittar apreendido pela Lava-Jato, foi descoberto um email no qual Paulo Gordilho encaminha a ele um email com plantas do edifício Solaris e da reforma do apartamento, como a colocação de um elevador.
Em depoimento à Polícia Federal, Bittar havia dito que não tinha qualquer relação com o imóvel do Guarujá.
Nos emails encaminhados por Gordilho, Bittar foi identificado como o responsável por apresentar os projetos dos móveis planejados do sítio à "dama", identificada pela PF como Marisa Letícia.
"Nesse cenário, seria razoável até que Fernando Bittar recebesse as plantas do sítio em Atibaia mas não se justifica que mesmo tenha recebido plantas de um imóvel ao qual assevera não possuir qualquer relação.
A PF se baseou ainda em mensagens no qual o diretor da OAS afirma que o projeto projeto da cozinha do "chefe" está pronto, referindo-se à cozinha do sítio de Atibaia, e Léo Pinheiro questiona se o projeto de Guarujá também esta pronto, "referência clara existência de outro projeto de cozinha para imóvel localizado no Guarujá".
As reformas no apartamento foram pagas pela OAS, que, segundo a PF, chegou a abrir um centro de custos específico em sua contabilidade para controlar as despesas, apelidado de "zeca pagodinho", com gastos com "sítio" e "praia". " (..) no contexto das mensagens, indicam claramente referência ao sítio em Atibaia e ao tríplex no Guarujá", diz o documento.
O apartamento no Guarujá foi avaliado entre R$ 1.035.941,21 R$ 1.372.440,62.
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