Chamath Palihapitiya, ex-vice-presidente de crescimento de
usuários do Facebook, afirmou em um evento da Universidade de Stanford (EUA)
que as redes sociais se tornaram ferramentas que estão destruindo a forma como
a sociedade funciona.
De efeitos sutis a
consequências terríveis, as mídias seguem “rasgando” o tecido social.
“Hoje, vivemos em
um mundo onde é fácil confundir verdade com popularidade. E você pode usar o
dinheiro para amplificar o que você crê e fazer com que as pessoas acreditem que
o que é popular agora é verdadeiro”, declarou à CNBC.
Violência, gratificação imediata e depressão
Na ponta mais
extrema das decorrências negativas das mídias sociais, estão exemplos como uma
campanha falsa espalhada via WhatsApp na Índia que levou a uma série de
linchamentos e grupos terroristas usando Twitter, Facebook e YouTube para
atrair novos recrutas.
Porém, as
tecnologias também afetam a maneira como interagimos uns com os outros em
níveis menos óbvios.
“O feedback impulsionado pela dopamina está destruindo a forma
como a sociedade funciona. Interações como ‘Curtir’ uma foto ou ‘favoritar’ um
tweet são talvez mais sobre gratificação de curto prazo do que uma base para
comunicação e relacionamentos significativos”, sugeriu Palihapitiya.
De fato, a
gratificação imediata pode representar um problema na sociedade moderna, de
acordo com Lizbeth M. Kim, doutoranda em psicologia social que estuda mídias
sociais.
A pesquisadora enfatizou ao portal Futurism que as plataformas sociais
da atualidade permitem que a mensagem de qualquer um seja ouvida, ampliada e
dada credibilidade. Isso pode incentivar desde ciberbullying de pequena escala
até campanhas de assédio muito mais amplas.
Para acrescentar
às más notícias, o uso de redes sociais já foi associado
à depressão e ao suicídio juvenil.
Mas…
Como qualquer tipo
de nova tecnologia, o impacto das mídias sociais é um reflexo da sua base de
usuários.
Há sempre a
possibilidade de as pessoas usarem indevidamente as ferramentas que estão
disponíveis para elas, mas o contrário também é verdadeiro.
Por exemplo, em sua
pesquisa, Kim analisa o que acontece quando as pessoas usam as mídias sociais
para o bem maior.
Dentre os
principais benefícios das redes sociais estão disponibilizar informações úteis
ao público em geral, ajudar a construir comunidades e permitir vínculos entre
diferentes grupos sociais.
Pessoalmente x online
Kim realizou um
estudo onde indivíduos liam fóruns online fictícios, nos quais um usuário
confrontava outro por fazer um comentário sexista.
As respostas a eles
revelaram-se diferentes, dependendo se a pessoa que estava fazendo a
confrontação era homem ou mulher.
Quando era mulher, os participantes do estudo
percebiam o comentador sexista como mais “credível”.
Em outras
palavras, até o comportamento altruísta online pode ser percebido de forma
diferente com base em sugestões sutis e estereótipos sobre identidade e
credibilidade.
Além disso, de uma
maneira geral, existem diferenças entre a forma como interagimos com os outros
pessoalmente e online.
Quando podemos desassociar o indivíduo de seu usuário nas
redes sociais, é mais fácil maltratá-lo, desde ofensas menores até
transgressões mais graves.
“É difícil fazer uma
reivindicação singular sobre os efeitos das mídias sociais nos relacionamentos
modernos”, disse Kim.
“Com o passar do tempo e conforme mais pesquisas são
feitas, acho que teremos uma ideia mais matizada sobre os recursos e atividades
específicos incorporados em sites como o Facebook que estão contribuindo para
esses resultados positivos e negativos”.
Novo
É importante
lembrar que, embora já estejam altamente congregadas em nossas vidas, as mídias
sociais são um fenômeno relativamente novo.
Os cientistas ainda estão aprendendo quais são seus efeitos sobre
a sociedade em geral.
Enquanto isso, talvez um pouco de cautela seja bem-vinda.
[ScienceAlert, CNBC]
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