A solução para o câncer de pele está nas plantas, acredita ex-presidente da Academia Americana de Dermatologia

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Câncer de pele: Para dermatologista americano, a ciência deveria se voltar mais para estudos que procuram plantas com potencial anticancerígeno (Thinkstock)  Vivian Carrer Elias

O dermatologista Daniel Siegel acredita que a chave para o avanço do combate à doença seja procurar por novas plantas com propriedades anticancerígenas

Embora a medicina desfrute de bons tratamentos contra o câncer de pele, o tipo de câncer mais prevalente no Brasil, eles não representam um grande avanço em relação ao passado. Essa é a opinião de Daniel Siegel, ex-presidente da Academia Americana de Dermatologia e professor da Universidade Estadual de Nova York. Apaixonado por plantas, o médico acredita no potencial delas para que sejam desenvolvidos novos tratamentos contra a doença.
Em entrevista ao site de VEJA, Siegel, que esteve recentemente no Brasil  para o 25º Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, realizado este mês em Campos do Jordão, disse que a ciência se preocupa demais em estudar os compostos químicos desenvolvidos em laboratórios e pouco em procurar por plantas com propriedades que possam combater o câncer de pele.
Ele cita o Picato, gel usado para tratar a queratose actínica, uma doença pré-cancerosa da pele causada pela exposição solar, como um exemplo de novos medicamentos derivados de plantas que ajudam a combater doenças da pele. O produto, que foi aprovado em julho de 2012 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é feito a partir de uma substância extraída da planta australiana Euphorbia peplus
"Um grande número de medicamentos que usamos na medicina diária é derivado de plantas", afirma. "Aumentar os estudos em torno de plantas é algo bom, pois há uma grande possibilidade de haver mais espécies que ainda não foram examinadas e que podem conter substâncias capazes de tratar cânceres."

O que o senhor acha dos tratamentos que temos hoje para os cânceres de pele? Nós temos bons tratamentos, mas eles não estão em um nível muito melhor do que antes. É preciso muita pesquisa ainda.
E qual é a sua avaliação sobre as pesquisas atuais em tratamentos contra a doença? Há vários estudos sobre câncer de pele sendo feitos no mundo e uma das minhas esperanças é que cada vez mais as pesquisas olhem para o potencial das plantas, pois deve haver muitas plantas capazes de tratar essa doença por aí. Considero que existe muito valor em estudar as propriedades das plantas. Há muitos medicamentos quimioterápicos cuja produção é complicada e que contêm muitos compostos prejudiciais.
Há estudos suficientes sendo feitos nessa área? É um número pequeno, mas a situação é melhor do que antes. Hoje, há muito mais ênfase em alterar drogas já existentes, ou seja, estudos que fazem pequenas mudanças e afirmam que criaram uma nova droga, mas não é de fato nova.
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Hoje, a ciência prefere estudar compostos químicos do que naturais? Sim. Ao contrário do composto químico produzido em laboratório, as plantas variam de acordo com a safra ou do local de onde vêm, por exemplo, e, por isso, são mais difíceis. Os compostos químicos têm produção mais fácil, mas não necessariamente são melhores. O mundo das plantas é fascinante e nós esquecemos que muitos medicamentos que tomamos hoje vêm das plantas. Os pesquisadores precisam abrir a cabeça para isso. Os médicos jovens falam das drogas, mas não de onde elas vieram, da história delas. Isso é muito importante, mas poucas pessoas falam sobre isso.
Por que a ciência deve estudar mais as plantas? Um grande número de medicamentos que usamos na medicina diária é derivado de plantas e tem uma afinidade incrível com receptores presentes em tecidos normais e anormais. Exemplos comuns incluem o tratamento de insuficiência cardíaca com a dedaleira [erva nativa da Europa]; o uso de vincristina e vimblastina, compostos derivados da Catharanthus [gênero botânico nativo de Madagascar] para tratar linfomas e leucemia; e a morifina, extraída da papoula, utilizada para controlar dores. Aumentar os estudos em torno de plantas é algo bom, pois há uma grande possibilidade de haver mais espécies que ainda não foram examinadas e que podem conter substâncias capazes, por exemplo, de tratar cânceres.
Na opinião do senhor, qual é o futuro do tratamento do câncer de pele? Acho que em 50 anos vamos tratar o câncer de pele de forma muito diferente. Não vamos mais precisar operar pessoas com a doença, e remédios em cremes ou em pílulas serão capazes de destruir câncer de pele. Caminhamos para remédios biológicos que atinjam somente as células cancerígenas, e não as normais. Ou seja, com menos efeitos adversos. Mas é um processo lento. 
As plantas têm lugar nesse futuro? Absolutamente.
Mas 50 anos serão suficientes para incluir plantas no combate ao câncer de pele?Acho que sim, desde que não destruamos as plantas primeiro.
Há pesquisas em plantas promissoras também para o melanoma? Infelizmente, contra o melanoma ainda não há plantas eficazes. Há novas drogas, que saíram nos últimos dois anos, mas não plantas. Mas chegaremos lá. Há um longo caminho para isso pois não sabemos tudo sobre o melanoma. Nosso conhecimento hoje sobre a doença não é ideal.

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