Terra - Como foi a participação de vocês no assalto ao cofre do governador paulista Adhemar de Barros?
Carlos Araújo - Não tivemos participação física no assalto.
A participação minha e da Dilma foi na decisão de fazer a operação.
Somos responsáveis, tanto quanto qualquer outro companheiro da direção do movimento, que eram nós e mais três, pela decisão de fazer o assalto.
Avaliamos toda a operação, se era viável, mas não participamos do assalto em si porque não era atribuição do nosso setor.
Terra - Como vocês conseguiram trocar o dinheiro do assalto?
Carlos Araújo - Na época era muito dinheiro, quase US$ 2,5 milhões.
A gente precisava desse dinheiro, tinha muita gente de outros Estados que foi para o Rio de Janeiro, porque lá era mais fácil para alugar um apartamento, ninguém pedia documento, não queriam saber quem você era.
Mas era muita gente, estávamos precisando fazer uma ação em banco por dia praticamente para manter a estrutura do movimento.
Por isso que decidimos fazer um assalto grande para não precisar mais das ações nos bancos.
Um milhão de dólares nós levamos para a embaixada da Argélia, que ficou responsável por mandar para os companheiros que estavam passando por dificuldades, até passando fome lá fora.
A outra parte a gente dividiu por setores e Estados também. Foi até engraçado, porque tínhamos uma mala de dólares, mas não tínhamos dinheiro para fazer nada, nós precisávamos trocar.
Foi então que decidimos pegar duas companheiras, que sabiam inglês, e elas foram numa casa de câmbio atrás do Copacabana Palace.
Colocaram as melhores roupas que tinham, eram mulheres muito bonitas, e conseguiram trocar um pouco do dinheiro.
Outro dia conseguimos trocar um pouco mais. Mas também tínhamos que tomar cuidado, porque já tinha saído no jornal.
Foi então que, 72 horas depois do assalto, o Bradesco veio nos procurar porque queria trocar todo o dinheiro, com câmbio superior ao oficial.
Resolvemos nos encontrar com eles e trocamos o restante do dinheiro.
Terra - Uma das jovens que trocou o dinheiro do assalto era a Dilma?
Carlos Araújo - Sim, era a Dilma. A outra era a Dodô, a Maria Auxiliadora, uma médica que depois acabou se matando na Alemanha.
Eram mulheres muito bonitas, fizeram o papel delas sem problema nenhum.
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