Com obras atrasadas, ‘Museu do Lula’ é alvo de investigações
Construção, paralisada há seis meses, pode custar 30% acima do previsto
por Sérgio Roxo
SÃO PAULO - Projetado
para homenagear o movimento sindical brasileiro e, como consequência, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Museu do Trabalhador, em São
Bernardo do Campo, no ABC paulista, tem a sua construção cercada de suspeitas
de irregularidades.
Com o prazo de conclusão estourado em mais de dois anos, a
obra, bancada com 80% de recursos da União, está sendo investigada pela Polícia
Federal (PF) e pelo Ministério Público (MP) e ainda deve custar 30% acima do
previsto.
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Paralisada há seis
meses, a construção, conhecida na cidade como “Museu do Lula”, é hoje um
esqueleto de concreto num terreno tomado por mato e entulho, em frente à sede
da prefeitura.
A indicação da data de início da obra na placa oficial foi
pintada.
Restou apenas o prazo de nove meses para a entrega do prédio, o que
deveria ter ocorrido em janeiro de 2013.
— Faz tempo que não
aparece ninguém aqui no museu do Lula — diz Aloisio Silva, de 49 anos,
funcionário de um posto de gasolina ao lado da obra.
Além das
investigações, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) julgou irregular a
licitação porque o edital impunha exigências que atrapalhavam a competição.
MINISTÉRIO PLANEJA DAR R$ 3,6 MILHÕES ADICIONAIS
O Ministério da
Cultura estuda liberar mais R$ 3,6 milhões para o Museu do Trabalhador em São
Bernardo do Campo.
Pelo convênio firmado em 2010 pelo prefeito Luiz Marinho
(PT), amigo de Lula, o museu receberia R$ 14,4 milhões do governo federal e
contaria com mais R$ 3,6 milhões da administração local, com orçamento total de
R$ 18 milhões.
Porém, em 2014, Marinho concluiu que a quantia não era
suficiente.
Em abril, pediu e
conseguiu mais R$ 600 mil da União. Com os R$ 200 mil da prefeitura que
entrariam como contrapartida, o custo total do museu saltou para R$ 18,8
milhões.
Quatro meses depois, Marinho reavaliou que precisava de mais dinheiro.
Pediu para o ministério R$ 3,6 milhões e se comprometeu a destinar R$ 900 mil
oriundos do cofre da cidade. Se o aditivo for aprovado, o custo total do museu
chegará a R$ 23,4 milhões, um acréscimo de R$ 5,4 milhões em relação ao valor
previsto inicialmente.
Segundo o Ministério
da Cultura, a prefeitura de São Bernardo paralisou a obra enquanto o pedido de
aditivo está sendo analisado.
A administração municipal alegou para a pasta “a
necessidade de alterações do plano de trabalho em razão da complexidade da
obra”.
De acordo com o ministério, “estão sendo readequadas a estrutura
predial, instalações hidráulicas e elétricas e esquadrias em geral”.
Acrescentou que “há especificidades no terreno, detectadas após o início da
obra, que motivaram a readequação”.
O Ministério da
Cultura disse ainda que o suporte ao projeto decorre do reconhecimento da
importância em se apoiar um museu que conte a história do trabalho e do
trabalhador brasileiro.
Procurada, a prefeitura de São Bernardo não respondeu
aos questionamentos sobre os problemas do museu.
O inquérito da
Polícia Federal investiga a demora para a conclusão da obra.
Já a investigação
do Ministério Publico Federal tem como alvo a participação de um suposto
laranja na sociedade da empresa responsável pela construção.
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