◘ ​ONDE INVESTIR SE A DILMA SAIR?

 
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ONDE INVESTIR SE A DILMA SAIR?
Caro leitor,
Meu nome é Felipe Miranda.

Sou sócio-fundador da Empiricus, maior consultoria de investimentos do Brasil, com mais de 1 milhão de leitores diários e 71 mil assinantes pagos.
Entretanto, achamos que as atuais cotações estão mais relacionadas a componentes ligados a ataque especulativo e pânico do que a fundamentos econômicos estritos.
Estou aqui para falar de algo que pode ser determinante para as suas finanças.
Muitos estão perguntando onde devem investir e o que pode acontecer num cenário de impeachment e clima de manifestações.
Uma potencial mudança, um quadro de renúncia da presidente ou um eventual impeachment são questões muito comentadas.
Tenho sido cauteloso ao comentar sobre o assunto, porque sei que as pessoas gostariam que o cenário fosse cartesiano. Porém, não podemos falar: "olha, vai ser assim…" ou "vai acontecer dessa forma…", já que o cenário ainda não é consolidado, mas permeado por muita incerteza.
Não há possibilidade de traçar exatamente como será o futuro. Entretanto, podemos fazer algumas considerações a respeito para certificar que o seu patrimônio estará blindado independentemente do desfecho.
Onde podemos investir nesse momento sob perspectiva de impeachment?
Não tenho dúvida de que o governo atual é um fator de pressão sobre o preço dos ativos brasileiros, sobretudo os ativos de risco.
A questão é bem pragmática. Não significa que o mercado não goste do governo por questão ideológica ou qualquer outro motivo…
Mas pela mera realidade dos fatos. A inflação ruma para dois dígitos, a taxa de juros real (descontada a inflação) é a maior do mundo, nossa economia tende a sofrer queda da ordem de 2% este ano e recessão novamente em 2016. São fatores dados. Concretos.
Como consequência, o dólar disparou a R$ 4,00 e a Bolsa brasileira em dólares beira o piso de preços registrado na crise de 2008.
Mas por que esse governo merece prêmio de risco? Listarei três entre os principais fatores.
Primeiramente porque não há confiança, além do ministro Joaquim Levy, no ajuste ortodoxo. Permeia no pensamento coletivo a ideia de que se for necessário eles abandonarão o ajuste das contas e resgatarão a "nova matriz econômica", política que nos colocou nessa situação descrita acima.
Além disso, porque há uma situação de conflito com o Congresso, particularmente na Câmara. E nesse momento, o Senado acena estendendo a mão ao Governo, sabe-se lá por qual razão.
Existe uma tensão entre o legislativo e o executivo, que parece ultrapassar as decisões estritas a respeito do mérito dos temas…
Aparentemente há ali uma rixa pessoal ou algum enfrentamento direto que esbarra em outros elementos que vão além do fato de ser favorável ou não à medida. Então esse governo impõe uma dificuldade a mais no Congresso para passar as medidas.
O terceiro fator é o que observo sobretudo na questão do patamar das taxas de juros. Alexandre Tombini fez uma má gestão no seu governo passado e hoje precisa resgatar sua credibilidade. Prova disso, que sob sua gestão não conseguimos cumprir a meta de inflação.
Porém, só podemos resgatar aquilo que algum dia já tivemos, certo?
Logo, é necessário que ele construa a credibilidade que não tem; e isso impõe custos adicionais ao Brasil.
Ou seja, Tombini precisaria subir mais o juro do que qualquer outro presidente do Banco Central com maior credibilidade. Consequentemente, com ele os juros são cada vez mais altos e os ativos brasileiros cada vez mais desvalorizados.
Essa é a justificativa para a necessidade de ter mais prêmio de risco com este governo. Os investidores exigem mais retorno para apostar em papéis brasileiros.
Isso não significa que, com essa possibilidade de impeachment, já precisemos correr para comprar Bolsa, vender dólar ou comprar títulos pré-fixados.
Acredito que o momento ainda é de muita cautela, pois não sabemos como se dará essa travessia. O impeachment hoje é um elemento de incerteza.
Afinal, o que devemos considerar?
Em caso de renúncia, o cenário é mega bullish (o termo é utilizado no mercado financeiro para designar uma tendência otimista, de valorização dos preços). Ou seja, sob essa perspectiva otimista, compraremos muitos ativos de risco, pré-fixado e venderemos dólar.
Se o cenário for de coalizão, com impeachment e Michel Temer somando forças com a oposição e parte dos que hoje apoiam a presidente, também poderemos comprar ativos de risco, mas com menor intensidade. Compraremos BOVA11, pré-fixado e venderemos dólar. Diferentemente do cenário de renúncia, que é uma transição mais pacífica e otimista, nesse caso não poderemos ter tanta agressividade nas aplicações.
E há sempre o risco de emergir um extremista, tanto da direita quanto da esquerda, ou um eventual Silvio Berlusconi, nesse cenário de vácuo de poder. Mas creio que não se materializará, pois acho que instituições brasileiras ainda são fortes.
Como ainda há essa ameaça, por enquanto não compraremos ativos de risco. Ficaremos em dólar, CDI,Tesouro Selic, Fundo DI e títulos atrelados à inflação.
Nesse cenário de incerteza é isso que faremos. Caso se configure um cenário de renúncia ou um governo de coalizão, ampliaremos o nosso apetite para ativos de risco.
Por ora, costas na parede.

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