ONDE INVESTIR SE A DILMA SAIR?
Caro leitor,
Meu nome é Felipe Miranda.
Sou sócio-fundador da Empiricus, maior consultoria de investimentos do
Brasil, com mais de 1 milhão de leitores diários e 71 mil assinantes pagos.
Entretanto, achamos que as atuais cotações estão mais relacionadas a
componentes ligados a ataque especulativo e pânico do que a fundamentos
econômicos estritos.
Estou aqui para falar de algo que pode ser determinante para as suas
finanças.
Muitos estão perguntando onde devem investir e o que pode acontecer num
cenário de impeachment e clima de manifestações.
Uma potencial mudança, um quadro de renúncia da presidente ou um
eventual impeachment são questões muito comentadas.
Tenho sido cauteloso ao comentar sobre o assunto, porque sei que as
pessoas gostariam que o cenário fosse cartesiano. Porém, não podemos falar:
"olha, vai ser assim…" ou "vai acontecer dessa forma…", já
que o cenário ainda não é consolidado, mas permeado por muita incerteza.
Não há possibilidade de traçar exatamente como será o futuro.
Entretanto, podemos fazer algumas considerações a respeito para certificar que
o seu patrimônio estará blindado independentemente do desfecho.
Onde podemos investir
nesse momento sob perspectiva de impeachment?
Não tenho dúvida de que o governo atual é um fator de pressão sobre o
preço dos ativos brasileiros, sobretudo os ativos de risco.
A questão é bem pragmática. Não significa que o mercado não goste do
governo por questão ideológica ou qualquer outro motivo…
Mas pela mera realidade dos fatos. A inflação ruma para dois dígitos, a
taxa de juros real (descontada a inflação) é a maior do mundo, nossa economia
tende a sofrer queda da ordem de 2% este ano e recessão novamente em 2016. São
fatores dados. Concretos.
Como consequência, o dólar disparou a R$ 4,00 e a Bolsa brasileira em
dólares beira o piso de preços registrado na crise de 2008.
Mas por que esse governo merece prêmio de risco? Listarei três entre os
principais fatores.
Primeiramente porque não há confiança, além do ministro Joaquim Levy, no
ajuste ortodoxo. Permeia no pensamento coletivo a ideia de que se for
necessário eles abandonarão o ajuste das contas e resgatarão a "nova
matriz econômica", política que nos colocou nessa situação descrita acima.
Além disso, porque há uma situação de conflito com o Congresso,
particularmente na Câmara. E nesse momento, o Senado acena estendendo a mão ao
Governo, sabe-se lá por qual razão.
Existe uma tensão entre o legislativo e o executivo, que parece
ultrapassar as decisões estritas a respeito do mérito dos temas…
Aparentemente há ali uma rixa pessoal ou algum enfrentamento direto que
esbarra em outros elementos que vão além do fato de ser favorável ou não à
medida. Então esse governo impõe uma dificuldade a mais no Congresso para
passar as medidas.
O terceiro fator é o que observo sobretudo na questão do patamar das
taxas de juros. Alexandre Tombini fez uma má gestão no seu governo passado e
hoje precisa resgatar sua credibilidade. Prova disso, que sob sua gestão não
conseguimos cumprir a meta de inflação.
Porém, só podemos resgatar aquilo que algum dia já tivemos, certo?
Logo, é necessário que ele construa a credibilidade que não tem; e isso
impõe custos adicionais ao Brasil.
Ou seja, Tombini precisaria subir mais o juro do que qualquer outro
presidente do Banco Central com maior credibilidade. Consequentemente, com ele
os juros são cada vez mais altos e os ativos brasileiros cada vez mais
desvalorizados.
Essa é a justificativa para a necessidade de ter mais prêmio de risco
com este governo. Os investidores exigem mais retorno para apostar em papéis
brasileiros.
Isso não significa que, com essa possibilidade de impeachment, já
precisemos correr para comprar Bolsa, vender dólar ou comprar títulos
pré-fixados.
Acredito que o momento ainda é de muita cautela, pois não sabemos como
se dará essa travessia. O impeachment hoje é um elemento de incerteza.
Afinal, o que devemos
considerar?
Em caso de renúncia, o cenário é mega bullish (o termo é utilizado no
mercado financeiro para designar uma tendência otimista, de valorização dos
preços). Ou seja, sob essa perspectiva otimista, compraremos muitos ativos de
risco, pré-fixado e venderemos dólar.
Se o cenário for de coalizão, com impeachment e Michel Temer somando
forças com a oposição e parte dos que hoje apoiam a presidente, também
poderemos comprar ativos de risco, mas com menor intensidade. Compraremos
BOVA11, pré-fixado e venderemos dólar. Diferentemente do cenário de renúncia,
que é uma transição mais pacífica e otimista, nesse caso não poderemos ter
tanta agressividade nas aplicações.
E há sempre o risco de emergir um extremista, tanto da direita quanto da
esquerda, ou um eventual Silvio Berlusconi, nesse cenário de vácuo de poder.
Mas creio que não se materializará, pois acho que instituições brasileiras
ainda são fortes.
Como ainda há essa ameaça, por enquanto não compraremos ativos de risco.
Ficaremos em dólar, CDI,Tesouro Selic, Fundo DI e títulos atrelados à inflação.
Nesse cenário de incerteza é isso que faremos. Caso se configure um
cenário de renúncia ou um governo de coalizão, ampliaremos o nosso apetite para
ativos de risco.
Por ora, costas na parede.
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