Se, nesses oito meses de vida do Cristalvox, onde 7 milhões de
leitores proporcionaram mais de 10 milhões de leituras, peço sua atenção,
paciência, sem antes tomar uma dose reforçada de Dramin para ler, talvez o
artigo mais duros já escrito contra Dilma Rousseff.
A FALSIDADE COMO MEIO DE
VIDA está publicado do Estadão deste sábado, 24 de outubro de 2015. Seu autor é
JOSÉ NÊUMANNE – Jornalista, Poeta e Escritor a quem o editor do Cristalvox
aplaude por 24 horas, sem intervalo, EM PÉ…
… Em 2009, já
escolhida pelo então chefe, Luiz Inácio Lula da Silva, para lhe suceder na
Presidência da República, Dilma Rousseff teve registrada no currículo oficial,
divulgado no site da Casa Civil, que chefiava, sua condição de mestre (master
of science) e doutora (Ph.D.) em Ciências Econômicas pela Universidade de
Campinas (Unicamp). Pilhada em flagrante delito pela revista Piauí, ela
reconheceu que não era nada disso. E mandou corrigir seu Curriculum Lattes
(padrão nacional no registro do percurso acadêmico de estudantes e
pesquisadores, adotado pela maioria das instituições de fomento, universidades
e institutos de pesquisa do País), que informava ter ela cursado Ciências
Sociais.
Falsificar
Curriculum Lattes equivale, na Academia, a usar um falso diploma de médico.
Cobrada, Dilma justificou-se: “Aquela ficha do Lattes era de 2000. Eu era
secretária de Minas, Energia e Telecomunicações no Rio Grande do Sul. Eu não
tinha mais nenhuma vida acadêmica. Eu era doutoranda porque eu não tinha sido
jubilada, era doutoranda. Ao que parece eu fui jubilada em 2004, mas não fui
comunicada”.
Do episódio se
conclui que, pelo menos desde então, Dilma tem mantido hábitos que se mostraram
recorrentes nas duas eleições presidenciais que disputou (em 2010 e 2014) e nos
mandatos que nelas obteve. Um deles é conjugar verbos repetitivamente na
primeira pessoa do singular. Outro, recusar-se a assumir a responsabilidade
pelos próprios erros. Para ela, a culpa era do Lattes, não dela. Já no dilmês
tatibitate, ao qual o País se acostumaria nestes tempos, ela se eximiu da
falsificação do documento. Quem falsificou seu currículo? Ela mesma nunca se
interessou em saber e denunciar. Nem explicou como pagou créditos de doutorado
sem ter apresentado dissertação de mestrado, como é praxe. Esta, contudo, é uma
mentira desprezível se comparada com outro acréscimo que fez a sua biografia: o
da condição de heroína da democracia, falsificando o conceito básico que
definiria o objetivo de sua luta.
Ela combateu,
sim, a ditadura, ao se engajar num grupo armado de extrema esquerda de
inspiração marxista-leninista, o VAR-Palmares. Sua atuação está confirmada em
autos de processos na Justiça Militar, em que foi acusada de subversão e
prática de atentados terroristas. E foi narrada em detalhes por Carlos Alberto
Soares de Freitas, o Beto, que a delatou em depoimento mantido no arquivo
digital de O Globo
(oglobo.globo.com/politica/confira-integra-do-depoimento-de-beto-dado-em-1971-2789754).
Dilma mente porque, como atestam ex-guerrilheiros mais honestos, eles não
lutavam por uma democracia burguesa, mas, sim, pela “ditadura do proletariado”
de Marx, Lenin, Stalin, Pol Pot, Mao e dos Castros.
Na campanha
pela reeleição, que ela empreendeu em 2014, Dilma parecia padecer de uma
compulsão doentia à mentira. No palanque, ela prometeu o Paraíso de Milton e já
nos primeiros dias do segundo governo, este ano, começou a entregar a
prestações o Inferno de Dante. No debate na Globo com Aécio Neves, do PSDB, que
derrotaria nas urnas, ela sugeriu à cearense Elizabeth Maria, de 55 anos, que
disse estar desempregada, apesar de seu diploma (não falsificado) de
economista, que procurasse o Pronatec. Em 2015, esse carro-chefe da propaganda
engendrada pelo bruxo marqueteiro João Santana, o Patinhas, terá 1 milhão de
vagas, um terço das do ano passado. E, em sua Pátria Enganadora (que
“Educadora”?), foram cortados R$ 2,9 bilhões das escolas públicas.
Este é apenas
um dos exemplos da terrível crise econômica, política e moral, com riscos de
virar institucional, causada pela desastrada gestão das contas públicas em seu
primeiro mandato, em especial no último ano, o da eleição, Em 2014 viu-se
forçada a violar a Lei da Responsabilidade Fiscal, cobrindo rombos nos bancos
públicos para pagar programas sociais, como seria reconhecido até por seu
padimLula.
Tudo isso põe
no chinelo os lucros do falsário Clifford Irving, causador de imensos prejuízos
no mercado das artes plásticas e que terminou virando protagonista de Orson
Welles no filme Verdades e Mentiras. Não dá para comparar milhares de dólares
perdidos na compra de obras de arte falsas com a perda de emprego por mais de 1
milhão de brasileiros em 12 meses nem a empresários fechando suas empresas.
Os dois só se
comparam porque neles falsificar é meio de vida – jeito de obter um emprego e
se manter nele. Na Suécia, onde começou a semana, Dilma fez seu habitual sermão
da permanência doa a quem doer (e como dói!). Questionada se havia risco de os
contratos que assinou serem anulados por um sucessor que capitalize a crise
criada por seu desgoverno, afirmou: “O Brasil está em busca de estabilidade
política e não acreditamos que haja qualquer processo de ruptura
institucional”. A imprecisão semântica serve à falsificação da realidade – não
como método, mas como ofício. Se se busca estabilidade, estabilidade não há.
Não é necessária ruptura institucional para ela cair.
E ontem ela
atingiu o auge do desprezo à inteligência alheia ao repetir a madrasta da
Branca de Neve em frente ao espelho, num delírio de falsidade e má-fé: “O meu
governo não está envolvido em nenhum escândalo de corrupção”.
Os jardineiros de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol, pintavam de
vermelho rosas brancas que plantaram, em vez de vermelhas, que a Rainha de
Copas os mandara plantar. Quem apoia a alucinação obsessiva de nossa Rainha de
Copas falsária 150 anos após a publicação da obra – “depô-la é golpe” – não tem
memória. Pois ignora que o que ela tenta é alterar a cor da História: o
primeiro presidente eleito pelo voto direto depois da ditadura, Fernando Collor,
hoje investigado por corrupção, foi deposto por impeachment e substituído pelo
vice, Itamar Franco, por quem ninguém dava nada, mas que nos libertou da
servidão da inflação. O resto é a falsidade de ofício dela.
http://cristalvox.com.br/2015/10/24/dilma-rousseff-a-falsidade-como-meio-de-vida/
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