SÃO JOSÉ DO RIO PRETO ► REPRESA MUNICIPAL FAZ TEMPERATURA FICAR ATÉ 5ºC, MAIS BAIXA


Vista panorâmica do Lago 2 da Represa Municipal de Rio Preto: região favorecida por árvores e espelho d'água

Recurso hídrico de fundamental importância para Rio Preto e um dos mais icônicos cartões postais da cidade, a Represa Municipal é, também, uma espécie de ar-condicionado natural para o seu entorno. 

É o que mostra estudo feito pelo rio-pretense Erico Masiero como parte de seu doutorado na Universidade Federal de São Carlos. O trabalho, que teve início em 2013 e foi concluído no ano passado, revelou que a Represa derruba as temperaturas em até 5º C nos bairros que a cercam.

De acordo com o engenheiro urbano, que recebeu o título de doutorado com a tese sobre a influência da Represa no clima da cidade, não só o corpo d'água colabora com a temperatura mais agradável na região. 

A grande arborização dos lagos 1, 2 e 3 também fazem a diferença contra o calor escaldante de Rio Preto.

Para chegar a essa conclusão, Masiero instalou 11 sensores ao longo da cidade e comparou as temperaturas, a umidade, a direção e a velocidade do vento em cada ponto pesquisado. 

Com os dados, Masiero comprovou que os locais próximos à Represa registraram temperaturas mais amenas do que os pontos mais afastados, como na zona norte da cidade.

"Pelos resultados, entendemos que o forte calor da cidade e os grandes períodos de seca são amenizados para as pessoas que moram mais próximas à Represa. Os ventos levam a umidade do ar próxima ao corpo d'água para toda a zona sul da cidade. 

O mesmo, porém, não acontece com os bairros mais distantes", diz o engenheiro urbano.

Para comprovar sua tese, Masiero instalou duas miniestações meteorológicas em pontos muito parecidos, mas distantes. Uma das estações foi instalada na avenida Fernando Costa, próxima à Represa. 

No local, existem prédios comerciais, casas e imóveis residenciais. A outra miniestação foi colocada na rua Evaristo Ferreira Cabral, no bairro Santo Antonio, a aproximadamente 6 quilômetros de distância da primeira.

Na avenida Fernando Costa, a temperatura registrada no dia 29 de junho de 2013 foi de 31,1 ºC às 16 horas. Ao mesmo tempo, na zona norte a temperatura registrada foi de 36,2 ºC, diferença de 5,1 ºC. 

"Isso mostra a importância da Represa na dispersão da umidade e na manutenção de temperaturas mais amenas para a cidade", diz.

No mesmo dia e e na mesma hora, Masiero coletou a temperatura registrada no Centro da cidade, na rua 15 de Novembro, e constatou que o clima por lá também é influenciado pela Represa. "Apesar da densidade de prédios na área central, os ventos conseguem levar a umidade da Represa para o Centro. 

Se isso não acontecesse, o local seria ainda mais quente do que é hoje", diz.

Propostas

Uma das propostas de Masiero é o represamento dos córregos localizados na zona norte para que a região também seja beneficiada com o clima mais agradável. Segundo ele, o plantio de árvores ao longo das grandes avenidas é necessário para que seja formado um corredor verde. 

"Quando o sol bate no asfalto, o calor é armazenado e, durante a noite, é expelido. Com áreas de sombra, esse calor seria amenizado e o clima seria menor. Até porque, as árvores também colaboram com a melhora da umidade do ar, uma vez que respiram", afirmou.

 

Aposentado curte clima mais ameno

Apesar de morar na zona sul, onde o clima é mais ameno, o gerente de vendas Renan Saur, 26 anos, passa a maior parte do dia na zona norte, onde é mais quente. Para amenizar o forte calor do escritório onde ele trabalha, são necessários dois aparelhos de ar-condicionado. "Se não for assim, não dá para trabalhar. 

Aqui não tem quase árvore. É muito quente mesmo", diz.

Já o aposentado Gilsepe Benigno Santos, 75 anos, tem mais sorte. Ele mora no Jardim Nazareth, mas faz alguns bicos próximos à Represa. 

"Eu passo o dia todo aqui na Represa, não tem lugar melhor e mais bonito. Lá em casa é preciso três ventiladores ligados para diminuir o calorão", afirma. 

Rio Preto sofre com falta de área verde

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o mínimo que uma cidade deve ter é de 12 metros quadrados de área verde por habitante. Em Rio Preto, esse número é de 8,46 metros quadrados por habitante. 

A situação fica pior quando analisamos a quantidade de área verde recomendada pela OMS, 36 metros quadrados de verde por habitante.

Para tentar amenizar a falta de árvores no município, em 2013 a Câmara aprovou a lei 11.361 que prevê a obrigação de plantar mudas para cada nova empresa instalada em Rio Preto. 

De acordo com a lei, para conseguir os alvarás, os empresários devem plantar de uma a cinco mudas fornecidas pela Prefeitura, de acordo com o tamanho da empresa. 

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