Lula culpa Dilma por operação da PF que investiga seu filho
Ex-presidente teria dito a amigos, segundo jornal, que sucessora 'perdeu o controle' sobre as operações da PF 27/10/2015
Ex-presidente Lula
responsabiliza Dilma Rousseff pela falta de 'limite' das operações da Polícia
Federal (Cristiano Mariz/VEJA)
A já desgastada relação da presidente
Dilma Rousseff com seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, ficou ainda pior
nesta segunda-feira: em conversas com aliados, Lula não escondeu a mágoa com
sua criatura, e responsabilizou a sucessora pela operação de busca e apreensão
feita pela Polícia Federal na empresa LFT Marketing Esportivo, pertencente a
Luís Cláudio, seu filho mais novo.
O ex-presidente completa nesta terça-feira
70 anos, mas o clima não é de comemoração.
Em conversa com pelo menos três
amigos na segunda, em momentos distintos, Lula se queixou de Dilma e disse que
a situação "passou dos limites", segundo o jornal O Estado de
S. Paulo.
Para o ex-presidente, Dilma só ouve o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo - que, na sua avaliação, quer apenas
"aparecer" -, e não entende que, em nome do combate à corrupção, pode
destruir o projeto político do PT.
Em São Paulo, o ministro da Casa
Civil, Jaques Wagner, tentou ontem pôr panos quentes na crise e acalmar Lula.
Não conseguiu. "O governo não tem qualquer interferência nas
investigações.
Agora, nem a Operação Lava Jato nem a Zelotes podem ser a agenda
do país", disse Wagner.
"Precisamos virar essa página."
Lula estará em Brasília na
quinta-feira para participar da reunião do Diretório Nacional petista, e vai pregar
uma forte reação do partido ao que chama de "ofensiva" para destruir
o PT e o seu legado.
Além de Luís Cláudio, o presidente do Sesi, Gilberto
Carvalho - chefe de gabinete de Lula de 2003 a 2010 e ministro da
Secretaria-Geral da Presidência no primeiro mandato de Dilma - também foi
citado no relatório da Operação Zelotes.
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Braço direito de Lula, apelidado por
ele de "Gilbertinho", Carvalho prestou depoimento ontem no inquérito
que investiga a denúncia de compra de medidas provisórias para favorecer o
setor automotivo.
'Mentirão' - Um dos amigos
que conversaram com Lula contou que ele estava "furioso" e chegou a
chamar a delação premiada feita em outras operações, como a Lava Jato, de
"mentirão premiado".
Disse, ainda, que o governo Dilma "perdeu o
controle" das investigações e que ilações são vazadas, sem prova, para
enfraquecê-lo e impedir uma nova candidatura dele, em 2018.
O ex-presidente disse ter perdido até
mesmo o ânimo para comemorar seu aniversário.
O Instituto Lula, porém, vai
organizar uma reunião para lembrar a data.
Os amigos queriam promover uma festa
para Lula na quinta-feira, no restaurante São Judas, em São Bernardo do Campo,
no ABC Paulista, mas ele pediu para que a confraternização fosse cancelada.
Em nota, o Instituto Lula afirmou que
"não têm qualquer fundamento" as informações de que o ex-presidente
responsabilizou Dilma pela ação da Polícia Federal.
(Com Estadão Conteúdo)
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