Posted: 25 Feb 2016
Tenho até vergonha de dizer, mas às vezes parece que a gente se esquece que há uma guerra acontecendo.
Não porque me cobre como quem espera lembrar de todas as misérias do mundo como a penitência de um integrante do Opus Dei, mas é preciso estar atento pros nossos arredores.
Síria, França, Estados Unidos e os próprios países islâmicos, entre outros, estão sofrendo com ataques e ameaças de uma bitolação fatal denominada Estado Islâmico.
Entrar em explicações didáticas da guerra não é minha intenção aqui, até porque nem me competem os conhecimentos necessários pra isso.
Com certeza há muito mais nesse processo do que uma suposta linha que marca bem e mal, e é por isso que me coloco na posição de ouvir.
As vítimas não se resumem a quem é direta e fisicamente morto ou atacado pela organização, mas envolvem aqueles que ficam moralmente criminalizados por sua religião, incluem os refugiados da guerra e os choques que as populações dos países que os recebem sofrem e também, sim, os aliciados pelo EI.
Os cristãos, umbandistas, agnósticos, ateus e quaisquer outras pessoas que são seduzidas ou levadas pela curiosidade, influência ou propósito a se juntar ao EI.
Estamos falando de gente que larga uma vida banal, mãe, arroz com feijão e The Tonight Show With Jimmy Fallon pra servir a força militar de uma organização que é considerada excessivamente violenta e bárbara até pela a Al-Qaeda.
Eu e você não sabemos o que se passa na mente de todas essas pessoas, e podemos até especular nos comentários, mas agora sabemos o que se passou na mente da sueca Marlin que, aos quinze anos, resolveu se juntar ao namorado quando ele quis servir ao Estado Islâmico.
No vídeo, ela diz que conheceu o namorado em meados de 2014 e, de repente, o menino ficou obcecado com o que viu sobre o Estado Islâmico. Alguns meses depois, a pediu que se juntasse a ele para integrar a organização. "Eu disse que ok, porque eu não sabia o que era Estado Islâmico, o que é o Islã, nada…".
Foi aí que ambos saíram em uma viagem que seria inverossímil, não fosse tragicamente real. Tudo isso para chegar à Síria, onde foram instalados em uma casa sem eletricidade, água, ou mínimas condições para viver decentemente.
Um jornal do canal The Lip TV afirmou, ainda, que Marlin estava grávida do namorado, que tinha 19 anos, quando fugiu.
As informações não são tão claras quanto ao processo, mas querendo voltar pra casa, Marlin conseguiu ligar para a mãe, que contatou o estado sueco e conseguiu trazer a menina de volta para casa. Mas uma em quantas?
O caso faz pensar. Não porque julgue Marlin ou seu namorado, mas porque apesar de uma pesada propaganda e esforço ideológico na recruta de novos membros por parte do EI, talvez não seja preciso muita coisa pra que alguém decida se juntar à organização.
E essas vítimas me preocupam mais.
Elas são, pra mim, o contrato de vigência vitalício do Estado Islâmico.
Elas me assustam e me fazem questionar minhas próprias vulnerabilidades.
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