Mais de 90% dos pacientes com leucemia terminal submetidos ao método entraram em remissão.
A
técnica, que consiste em modificar geneticamente as células-T, foi divulgada
durante o encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, nos
Estados Unidos
No estudo, os pesquisadores
reprogramaram os linfócitos T, células de defesa do organismo, dos pacientes,
para destruírem o câncer.
A técnica mostrou-se eficaz em 94% dos pacientes (Latinstock/VEJA)
Uma nova terapia contra o câncer está
sendo considerada extraordinária após mostrar sucesso em 94% dos pacientes com
leucemia terminal que foram submetidos a ela.
A técnica, que consiste em
reprogramar as células-T para atacar o câncer, foi divulgada em dois estudos
apresentados no encontro anual da Associação Americana para o Avanço da
Ciência, realizado em Washington, nos Estados Unidos, entre os dias 11 e 15 de
fevereiro.
Em um dos estudos, realizado por
pesquisadores do Fred Hutchinson Cancer Research Centre, nos Estados Unidos, 26
pacientes com leucemia linfoblástica aguda em estado terminal, que não haviam
respondido aos tratamentos tradicionais, foram submetidos à terapia.
No ensaio,
"células-T assassinas", que agem destruindo tecidos infectados em
nosso corpo, foram retiradas dos pacientes.
Em seguida, elas foram modificadas
geneticamente para projetar um novo mecanismo de segmentação - com o nome
técnico de "receptores quiméricos de antígenos" - que atacasse o
câncer.
Um ano e meio após este procedimento,
24 pacientes estavam em remissão completa, ou seja, não apresentavam mais
sinais de câncer no corpo.
"Estes primeiros dados são sem precedentes.
Estes pacientes não haviam respondido a nenhum tratamento e obter tal taxa de
resposta em casos tão avançados da doença é extraordinário.
Uma dose única
desta terapia colocou mais do que 90% dos pacientes em remissão completa,
situação em que não se pode detectar qualquer destas células de leucemia",
disse Stanley Riddell, principal autor do estudo.
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Apesar dos resultados animadores,
especialistas ressaltam que o experimento ainda é apenas um pequeno passo.
Isso
porque os efeitos colaterais deste tipo de tratamento são gravíssimos.
Os
pacientes podem desenvolver síndrome de liberação de citocinas, que pode causar
febre, hipotensão e neurotoxicidade.
Dois pacientes do estudo morreram devido a
tais complicações
Os autores ressaltam que em função do
estado de saúde dos pacientes, que tinham entre dois e cinco meses de
expectativa de vida antes do experimento, esses resultados podem ser
aceitáveis.
Mas não seriam em caso de pacientes com tumores mais leves.
Além
disso, por enquanto, a terapia mostrou-se efetiva apenas em tumores líquidos
como os de sangue.
Ainda não se sabe quais seriam os resultados em cânceres
sólidos, como o de mama.
Outro estudo envolvendo a manipulação
genética de células-T também foi apresentado no encontro e mostra que elas
podem durar anos em nosso corpo.
No experimento, Chiara Bonini, hematologista
do Instituto Científico São Rafael, em Milão, na Itália, injetou uma terapia
imune - que incluiu células-T - em dez pacientes que haviam passado por
transplante de medula.
Exames realizados 14 anos após o tratamento mostraram
que as células-T injetadas ainda estavam no organismo dos pacientes.
Estes
resultados indicam o potencial duradouro de terapias imunológicas.
"As células-T são como um
medicamento vivo com o potencial de persistir no corpo por toda a nossa vida.
Por exemplo, quando você recebe uma vacina na infância vocês estará protegido
contra aquela doença pelo resto da vida.
Por quê? Isso acontece porque a
célula-T encontra o antígeno e se ativa, ela mata o agente patogênico.
Mas ela
também persiste no corpo como uma célula de memória.
Agora imagine traduzir
esse efeito para a imunoterapia do câncer, ou seja, ter células-T de memória
que se lembram do câncer e estão prontos para atacá-lo sempre que ele
retornar", explica Chiara.
(Da redação)
fonte http://veja.abril.com.br/noticia/saude/novo-tratamento-mostra-resultados-promissores-contra-o-cancer
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