Gen Gilberto Rodrigues Pimentel
Presidente do Clube Militar
21 de junho de 2016
A discussão sobre a existência de petróleo no Brasil, em quantidade
economicamente compensadora, seu tipo, localização das jazidas, forma de
exploração, propriedade da companhia exploradora, participação da união e de
capitais estrangeiros nessa indústria, por longo tempo apaixonou o Brasil.
O
Clube Militar participou intensamente dessa discussão que refletia, na verdade,
a posição dos dois principais grupos de sócios: os que defendiam o monopólio do
Estado, aí englobados os nacionalistas convictos – os queremistas – e os que
acreditavam que a exploração do petróleo deveria ser feita por grandes grupos
internacionais, em virtude da expertise e do grande vulto de capitais
necessários ao empreendimento.
Todos patriotas.
As posições do Clube e de seus associados, expostas na Revista do Clube
Militar, provocaram amplos e acalorados debates pela imprensa, pois o Clube
firmava posição em defesa da exploração do petróleo por empresas nacionais, de
acordo com as conclusões da Comissão de Estudo do Petróleo do Clube Militar, de
13 de maio de 1952.
Com a criação da Petrobrás, o Clube viu-se recompensado pela luta que
empreendera, e a companhia homenageou essa participação decisiva com duas
placas comemorativas, hoje afixadas no 3º andar da Sede Central.
Nos dias que correm, como decorrência da situação pré-falimentar a que a
empresa foi levada nesses últimos anos, pessoas, interpretando suas próprias
ideias ou a de entidades que representam, com frequência nos procuram para
lembrar as responsabilidades do nosso Clube.
Criticam as medidas que o governo provisório recentemente instalado vem
adotando no sentido de resgatar a imagem e restaurar as finanças da empresa,
protagonista de um dos maiores escândalos políticos e econômicos que já se teve
notícia no mundo empresarial, frutos, sobretudo, de investimentos criminosos e
da corrupção institucionalizada.
Passam essas medidas, também e necessariamente, pela rigorosa
investigação dos fatos e pelo consequente afastamento e rigorosa punição dos
responsáveis.
Antes dessa depuração, antes de eliminar toda essa sujeira, de
salvar a empresa da derrocada total, enfim, julgo muito difícil retomar
qualquer discussão quanto ao futuro do uso e exploração do petróleo pelo país
que conte com a participação do Clube.
A Petrobras, antes orgulho nacional,
hoje, passou a ser caso de polícia.
Além disso, aqueles que nos procuram para manifestar sua contrariedade
com as indispensáveis ações saneadoras relativas à recuperação da empresa, não
escondem o viés político-partidário que os animam, classificando o novo governo
como golpista, e pregando o “restabelecimento da Democracia”, em outras
palavras a volta do “status quo ante” o que não faz nenhum sentido, pois
negam-se a admitir que exatamente o lulopetismo foi o principal responsável
pelas agruras que hoje vivemos.
Da mesma forma, essas pessoas, em geral, utilizam também de forma
equivocada o termo “nacionalismo” referindo-se ao Clube Militar para invocar
posições tradicionalmente assumidas pela instituição ou por seus integrantes.
É bom que saibam que para nós, o nacionalismo é um sentimento patriótico
de vinculação do indivíduo à nação, que se manifesta em atitudes e ações
políticas, econômicas e sociais espontâneas e construtivas, dando prioridade ao
que nos é próprio e aos interesses nacionais.
Não é, necessariamente, dirigido
contra ninguém ou contra qualquer ideia que não nos agrida.
Bem diferente pois do que é explorado pelos movimentos revolucionários
de esquerda como ideologia intermediária que pretende induzir nos integrantes
da sociedade nacional atitudes e posturas anti-imperialistas e, por extensão,
anticapitalistas e antiliberais.
É preciso todo o cuidado diante de opiniões ou documentos oriundos de
partidos esquerdistas, pois a linguagem que empregam é, maliciosamente,
deturpada para que concordemos com ela.
A Petrobras voltará a ser a filha dileta do Clube Militar e orgulho dos
brasileiros.
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