A Educação Escolar Cristã na universidade
Solano Portela26 de Janeiro de 2018 - Família
O texto abaixo foi extraído do livro: O Que Estão
Ensinando aos Nossos Filhos, de Solano Portela, da Editora Fiel.
Se na educação básica as bases são lançadas, é na educação superior que:
(a) os elos existentes entre as diversas áreas de conhecimento são aclarados,
(b) a coerência filosófica entre a nossa fé e as demandas da nossa vida prática
é constatada e
(c) uma visão integrada da vida, como a temos no Salmo 19, é
estabelecida.
Na universidade nos é concedida a oportunidade de tornar mais
real a proposição do Salmo 24.1 –
“Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela
se contém, o mundo e os que nele habitam”.
O curso universitário, ministrado do
ponto de vista bíblico, levará o estudante a afirmar, como em Eclesiastes 12.13
– “De tudo o que se tem ouvido, a suma é:
Teme a Deus, e guarda os seus
mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem”.
Os grandes expoentes na história da Igreja Cristã sempre deram a máxima
importância à educação superior.
Agostinho escreveu De Doctrina Christiana, um
tratado sobre educação, sua importância e seus métodos. Lutero disse:
“Certamente não aconselho a ninguém a enviar os seus filhos para estas
escolas onde as Sagradas Escrituras não reinam.
Qualquer um que não se ocupe
incessantemente com a Palavra de Deus, certamente se tornará corrupto;
consequentemente, devemos estar sempre vigiando o que acontecerá com as pessoas
que estão nas instituições de ensino superior.”
Temo que estas instituições de ensino sejam portas abertas para o
inferno, se não ensinarem diligentemente as Sagradas Escrituras e as colocarem
nas mentes dos jovens.
Calvino teve como seu trabalho principal a sistematização dos princípios
bíblicos e cristãos em uma filosofia coerente de vida. Ele também fundou, em
Genebra, uma “Academia Cristã”, instituição de educação superior, seguindo os
moldes e as diretrizes bíblicas.
Abraham Kuyper, estadista e teólogo holandês do século passado, ao
fundar a Universidade Livre de Amsterdam, baseou o seu discurso inaugural em
Isaías 48.11 “A minha glória não a dou a outrem”, indicando que quando
nos omitimos na esfera educacional, deixando que Satanás proclame as suas
filosofias, abertamente e sem contestação, enquanto passiva e retraidamente
assistimos aos seus avanços em todas as esferas, estamos fazendo exatamente o
que Deus expressa não permitir: estamos deixando que a sua glória seja dada a
outrem!
No entendimento de Kuyper o ensino que abstrai Deus não possuía integridade
possível, pois Deus está presente em toda a vida.
Ele escreveu: Deus está
presente em toda vida com a influência do seu poder onipresente e
Todo-poderoso.
Nenhuma esfera da vida humana é concebida na qual a religião
sustente suas exigências para que Deus seja louvado, para que as ordenanças de
Deus sejam observadas, e que todo labora seja impregnado com sua ora em
fervente e contínua oração.
Onde quer que o homem possa estar, tudo quanto
possa fazer, em tudo que possa aplicar sua mão – na agricultura, no comércio,
na indústria –, ou sua mente no mundo da arte e ciência, ele está, seja no que
for, constantemente posicionado diante da face do seu Deus, está empregado no
serviço do seu Deus, deve obedecer estritamente seu Deus e, acima de tudo, deve
objetivar a glória de seu Deus.
Kuyper indica que a compreensão teológica da soberania de Deus é o que
dá coerência à nossa compreensão do universo. Vejam esses destaques, em sua
argumentação:
• O amor à ciência, ... que objetiva uma visão unitária de conhecimento
de todo o cosmo, é eficazmente assegurado pela nossa crença calvinista, na
pré-ordenação de Deus.
• A crença nos decretos de Deus significa que a existência e o curso de
todas as coisas, isto é, de todo o cosmo, em vez de ser uma frívola sequência
do capricho e da chance, obedece à lei e à ordem. Existe uma firme vontade que
executa os desígnios tanto na natureza, como na história.
• Somos forçados a confessar que existe estabilidade e regularidade
regendo todas as coisas. O universo, em vez de ser um amontoado de pedras
ajuntadas aleatoriamente apresenta-se às nossas mentes como um monumental
edifício erguido num estilo coerentemente austero.
• sem esta visão, não há interconexão, desenvolvimento, continuidade.
Temos uma crônica, mas não história.
Para Agostinho, Lutero, Calvino, Kuyper e tantos outros reformadores, a
tarefa de avançar com a educação, de forma generalizada, até aos níveis mais
superiores, era um simples ato de obediência ao Senhor!
A universidade cristã deveria ser a antítese da universidade secular. Na
realidade, a universidade secular é assim impropriamente designada, pois ela se
constitui em uma diversidade, em vez de em uma universidade.
Isto é,
encontramos diversificação, incoerência, visão dissociada das coisas, inversão
de valores, e assim por diante. A norma é a “cola” ao invés dos princípios de
honestidade.
Os líderes estudantis não são aqueles que mais se destacam do
ponto de vista acadêmico, mas, pelo contrário, justamente aqueles que dedicam o
menor tempo possível à procura do conhecimento.
O paradoxo, é que a
universidade secular não preenche a sua finalidade, não atende as necessidades
e nem fornece as respostas às pessoas.
O homem moderno perdeu sua confiança e
segurança. Ele não confia na sociedade e no seu desenvolvimento; é desprovido
do seu relacionamento com o passado.
Está solitário e vaga no escuro, resignado
ao fato de que ninguém pode justificar a vida, que um padrão válido não pode
ser localizado em lugar nenhum e que é vã a procura por um significado em sua existência.
É Cristo que dá coerência à vida e a universidade verdadeiramente cristã há de
tê-lo como centro das respostas que dará às indagações de todos.
Os princípios
básicos da Educação Escolar Cristã não somente podem como devem ser
extrapolados ao nível universitário, uma área que tem sido praticamente
abandonada ao domínio da academia inconsequente às questões últimas da vida, e
onde, em muitos sentidos, impera o mal.
Provérbios 8 e 9 nos dá uma magnífica exposição dos diferentes aspectos
da “sabedoria”. Entre outras coisas, lemos ali que o mundo foi criado por ela
(8.22-31); que o homem é parte dela (8.31); que ela intervém entre Deus e o
homem (8.32-35); que o amor à sabedoria é o amor à vida (8.36); e que ela é a
base da lei, da ordem, da paz, da prosperidade e da vida (8.13-21).
No Novo
Testamento, em várias passagens (Lucas 7.34,35; João 1.1-17; 8.58; 1 Coríntios
1.24,30; Romanos 16.27; Colossenses 2.3), a sabedoria é personificada em
Cristo, o único mediador entre Deus e os Homens; Deus manifesto em carne, à
nossa semelhança.
Sabemos que a sabedoria não significa mero conhecimento, mas
sim a aplicação correta do conhecimento adquirido. Somente instituições cristãs
de ensino, comprometidas com a apresentação dos princípios bíblicos de forma
integral, praticando a Educação Escolar Cristã poderão educar os nossos jovens
corretamente.
Somente tais instituições centralizadas em Cristo poderão
objetivar que seus alunos apliquem sabiamente os conhecimentos adquiridos,
servindo a Deus em qualquer área profissional que venham a ser colocados.
Nossa
oração é a de que possamos examinar as nossas responsabilidades como cristãos e
fazer muito mais do que temos feito no sentido de promover o estabelecimento e
a disseminação da verdadeira Educação Escolar Cristã.
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