Uma equipa internacional de astrónomos confirmou a descoberta da supernova mais distante já detetada – uma enorme explosão cósmica que ocorreu há 10,5 mil milhões de anos, três-quartos da idade do próprio Universo.
A estrela explosiva, de nome DES16C2nm, foi detetada pelo Levantamento DES (Dark Energy Survey), uma colaboração internacional para mapear centenas de milhões de galáxias a fim de descobrir mais informações sobre a energia escura – a misteriosa força que se acredita estar a provocar a expansão acelerada do Universo.
Conforme detalhado num novo estudo publicado em fevereiro na revista The Astrophysical Journal, a luz do evento levou 10,5 mil milhões de anos para alcançar a Terra, tornando-se na supernova mais antiga já descoberta e estudada. Pensa-se que o próprio Universo tenha 13,8 mil milhões de anos.
Uma supernova é a explosão de uma estrela massiva no final do seu ciclo de vida. DES16C2nm está classificada como uma supernova superluminosa, a classe mais brilhante e mais rara de supernova, descoberta pela primeira vez há dez anos, que se pensa ser provocada pela queda de material no objeto mais denso do Universo – uma estrela de neutrões de rotação rápida, recém-formada na explosão de uma estrela massiva.
Bob Nichol, coautor do estudo, professor de Astrofísica e Diretor do Instituto de Cosmologia e Gravitação da Universidade de Portsmouth, Reino Unido, comentou: “Não tínhamos estas supernovas em mente quando começámos o DES há mais uma década. Estas descobertas mostram a importância da ciência empírica. Às vezes só temos que olhar para cima e encontrar algo incrível”.
O autor principal do estudo, o Dr. Mathew Smith, da Universidade de Southampton, disse: “É emocionante fazer parte da investigação que descobriu a mais antiga supernova conhecida. DES16C2nm é extremamente distante, extremamente brilhante e extremamente rara – não é o tipo de objeto que encontramos todos os dias como astrónomos”.
“Além de ser uma descoberta muito emocionante por direito próprio, a distância extrema de DES16C2nm dá-nos uma visão única da natureza das supernovas superluminosas”.
“A luz ultravioleta das supernovas superluminosas informa-nos sobre a quantidade de metal produzido na explosão e sobre a temperatura da própria explosão, que são fundamentais para compreender o que provoca e impulsiona estas explosões cósmicas”.
O professor Mark Sullivan, coautor do estudo, também da Universidade de Southampton, realça que “o próximo passo é encontrar eventos mais distantes, a fim de determinar a sua variedade e o seu número”. “Agora que sabemos como encontrar estes objetos a distâncias ainda maiores, estamos ativamente à procura de mais como parte do DES”.
DES16C2nm foi detetada pela primeira vez em agosto de 2016 e a sua distância e brilho extremo confirmados em outubro desse ano usando três dos telescópios mais poderosos do mundo – o VLT (Very Large Telescope) e o Magalhães no Chile, e o Observatório Keck no Hawaii.
O levantamento DES envolve mais de 400 cientistas de mais de 25 instituições de todo o mundo, um projeto de cinco anos que começou em 2013.
A colaboração construiu e está a usar uma câmara digital extremamente sensível de 570 megapixéis, a DECam, acoplada ao telescópio Blanco de 4 metros no Observatório Inter-Americano de Cerro Tololo, no alto dos Andes Chilenos.
Ao longo de cinco anos (2013-2018), a colaboração DES está a usar 525 noites de observação para realizar um levantamento profundo e abrangente a fim de registar informação sobre 300 milhões de galáxias que estão a milhares de milhões de anos-luz da Terra.
A pesquisa está a captar imagens de 5000 graus quadrados do céu do hemisfério sul através de cinco filtros óticos para obter informações detalhadas sobre cada galáxia. Uma fração do tempo de observação é usada para observar regiões mais pequenas do céu, aproximadamente uma vez por semana, para encontrar e estudar milhares de supernovas e outros eventos astrofísicos transientes.
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