A SANGRIA DE SEGOVIA
A gota d'água para a demissão de Fernando Segovia foi a revelação de O Antagonista de que os delegados da PF seriam obrigados a fornecer o número de um inquérito toda vez que precisassem de reforços para uma operação.
Segovia recuou na sua decisão, mas o estrago já estava feito.
A batata do agora ex-diretor começou a assar há algumas semanas, após a entrevista à Reuters na qual sugeriu que o inquérito dos portos – que tem Michel Temer como alvo – acabaria arquivado por falta de provas.
Na mesma entrevista, concedida à mulher de seu assessor, Segovia falou ainda que o delegado Cleyber Malta Lopes, responsável pelo inquérito, poderia ser punido por ter questionado Temer.
Além de reações internas que beiraram a sublevação na PF, o diretor queimou o que lhe restava de autoridade moral em explicações ao ministro-relator Luís Roberto Barroso. E a PGR Raquel Dodge chegou a pedir oficialmente que Segovia calasse a boca.
A sequências de deslizes, por assim dizer, coroaram uma gestão temerária (o trocadilho é nosso) inaugurada com um discurso tão atrapalhado – e revelador – quanto a entrevista à Reuters. Na posse, Segovia afirmou em rede nacional que uma "uma mala só não prova nada", ao se referir à mala com R$ 500 mil recebida por Rocha Loures com propina da JBS.
O diretor também virou notícia ao protagonizar reuniões secretas com Temer e, logo depois, tentar indicar apadrinhados do PMDB para a PF em Santos e no Rio de Janeiro.
Motivos, portanto, não faltaram para a demissão de Segovia. Restava apenas a oportunidade, que chegou com a nomeação de Raul Jungmann para comandar o Ministério da Segurança Pública, criado hoje por medida provisória e com poderes sobre a Polícia Federal.
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