O tempo voltou para trás.
Investigadores russos, suíços e norte-americanos fizeram três qubits regressar
ao estado em que se encontravam uma fração de segundos antes.
Segundo o conceito de Flecha do Tempo,
um sistema que viaja no tempo evolui de um estado simples para um estado mais
complexo. Se deixarmos cair uma pinga de tinta num copo de água, esta começa
por ter uma forma bem definida, antes de começar a alastrar. Por fim, acaba por
se dissolver na água.
No entanto, um estudo recentemente publicado na Scientific Reports, revela
que cientistas russos, suíços e norte-americanos conseguiram reverte o tempo –
três qubits (unidade básica da informação quântica) regressaram ao estado em
que se encontravam uma fração de segundos antes, ou seja, passaram de um estado
mais complexo para um estado mais simples.
De acordo com o Diário de Notícias, os
cientistas do Instituto de Física e Tecnologia de Moscovo, em parceria com
colegas norte-americanos e suíços, conseguiram fazer com que o tempo voltasse
para trás.
Na prática, o algoritmo criado pelos
investigadores altera o estado de desenvolvimento quântico de forma a que ele
comece a andar para trás. À Newsweek, Andrei
Lebedev, um dos autores do estado, adianta que “se fizéssemos esta magia com a
gota de tinta, passado o tempo que esta demora a dissolver-se na água, a gota
voltaria à sua forma original”.
“Foi exatamente o que fizemos no nosso
trabalho, mas em vez de uma gota de água usámos três qubits, e em vez de água
usámos o espaço de Hilbert [que não precisa estar restrito a um número finito
de dimensões] do computador quântico”, descreveu.
Gordey Lesovik, outro dos autores,
considera que este trabalho se insere num conjunto de estudos sobre a
possibilidade de violar a segunda lei da termodinâmica. “Essa lei está ligada
de perto à noção de Flecha do Tempo que define que a linha do tempo avança num
único sentido: do passado para o futuro.”
Na experiência, os investigadores
estabeleceram o estado de cada qubits no que seria o zero. A partir daí, os
qubits tornaram-se cada vez mais complexos, mudando o padrão para zeros e uns.
O tempo foi então revertido por um programa especialmente desenvolvido pela
equipa e que permite passar de um estado de caos para um estado de ordem – do
complexo para o simples. Desta forma, os qubits recuaram no tempo.
A experiência atingiu uma taxa de
sucesso de 85% num computador quântico de dois qubits. Quando um terceiro qubit
foi introduzido, ocorreram mais erros e a taxa de sucesso recuou para 50%. Isto
significa que produzir um computador quântico capaz de reverter o tempo em
larga escala não vai acontecer tão cedo. Além disso, indica aquilo que já
sabíamos antes de a Ciência nos provar: a reversão do tempo é improvável porque
é muito complexa.
Henning Bostelmann, da Universidade de
York, no Reino Unido, baixou ainda mais as expectativas. “Arriscando-me a
desiludir os fãs de ficção científica, devo dizer que o artigo não discute as
viagens no tempo ou o regresso ao passado ou reverter o princípio da
causa-efeito”, explicou.
Segundo o matemático, para realizar
esta experiência com uma amostra de tamanho razoável “seria necessário um
computador quântico muito maior“.
Lebedev mantém-se esperançoso. O
próximo passo é investigar ainda mais a reversão do tempo e procurar situações
na natureza em que o seu procedimento poderia ser eficaz.
Fonte: ZAP
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