“Ateísmo é inconsistente com o
método científico” afirma Marcelo Gleiser
O brasileiro Marcelo
Gleiser, físico teórico de 60 anos da Faculdade de Dartmouth (EUA), foi nomeado
para receber o Prêmio Templeton 2019. A condecoração anual estabelecida em 1972
reconhece pessoas que contribuem de forma excepcional para a afirmação da dimensão
espiritual da vida.
Personalidades como Madre Teresa de Calcutá e Dalai
Lama já foram reconhecidas pelo Prêmio Templeton. A condecoração costuma ser
entregue pelo Príncipe Filipe no Palácio de Buckingham, e inclui o valor de
US$1.5 milhão (R$3,8 milhões).
Gleiser trabalha há 35
anos com vários temas da física, do comportamento de partículas fundamentais às
propriedades do universo inicial. Ele foi indicado para o prêmio Templeton pelo
enfoque na ligação histórica, filosófica e cultural entre a ciência, humanidades
e espiritualidade.
Em entrevista ao Scientific
American, Gleiser comentou sua reação ao anúncio do prêmio, dizendo
que ficou chocado, honrado e um pouco nervoso. Ele acredita que o aspecto mais
relevante de seu trabalho para a Fundação Templeton foi a crença na humildade
diante da ciência. “Acredito que devemos ter uma abordagem mais humilde em
relação ao conhecimento, de um jeito que se você olhar com cuidado para como a
ciência funciona, você vai ver que sim, ela é incrível, mas ela tem seus limites”,
diz ele.
Geiser explica que o ateísmo é inconsistente com o
método científico, já que sua definição é “acreditar em uma descrença” sem
nenhuma prova. Na ciência, porém, são necessárias evidências para se alcançar
uma conclusão. Já um agnóstico diria que não tem evidências de um deus, mas tem
humildade para aceitar que não pode dizer com certeza que não existe um deus.
O cientista também alertou para o perigo de se
acreditar que as ciências exatas sem apoio das ciências humanas podem resolver
todos os problemas. Ele exemplifica esta questão descrevendo o cenário dos
carros que dirigem sozinhos. “Mas como esse carro vai lidar com decisões
difíceis como priorizar as vidas de seus ocupantes ou a vida de pedestres?”,
questiona ele. “Você tem que conversar com filósofos, com especialistas em
ética”.
Conheça o canal do
Marcelo Gleiser no Youtube:
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