Cientistas
descobriram que Longyearbyen, a cidade onde está instalado o maior repositório
de plantas da humanidade, também conhecido como a "arca de Noé do século
XXI", está a ser a mais afetada pelo aquecimento global
O
arquipélago norueguês de Svalbard, tido como o local mais a norte do planeta
onde é possível habitar, foi o local escolhido para construir o Banco Mundial
de Sementes, uma espécie de cofre, a 150 metros de profunidade, no interior de
uma montanha, onde estão guardadas milhares de sementes. O objetivo é garantir
que os seres humanos nunca percam fontes de alimento em caso de uma catástrofe
de proporções mundiais. Contudo, um novo relatório revela
que este é o local onde se tem registado o aquecimento mais rápido do mundo.
Longyearbyen,
a cidade e capital administrativa e económica de Svalbard, registou, em 1900,
uma temperatura média de -7.8ºC, mas, desde então, esse valor subiu para 3.7ºC,
ou seja, mais do triplo da subida média global de
1ºC.
Além
da subida da temperatura, tem sido também registado um aumento da humidade, o
que pode vir a ser prejudicial para a preservação das sementes, que assenta em
temperaturas estáveis e um ambiente bastante seco.
O
depósito, inaugurado em 2008, mantém as sementes congeladas a uma temperatura
de 18 graus negativos e estima-se que pode conservá-las durante centenas de
anos. O governo norueguês batizou-o como "arca de noé" do século XXI,
porque assegura atualmente a preservação de um milhão de sementes, algo que
representa cerca de 13 mil anos de história da agricultura.
Esta
localização específica foi escolhida por ser considerada segura, tanto em
termos geográficos, uma vez que se situa no interior de uma montanha, onde
existe um baixo risco de sismos ou erupções vulcânicas, como pela “estabilidade
política” da Noruega, como explicou à CNN Marie Haga, a
diretora executiva da Crop Trust, uma organização internacional sem fins
lucrativos que é parceira do governo norueguês neste projeto.
Mas
a crescente percentagem de chuva e o aumento da humidade têm-se revelado um
problema. Em outubro de 2016, a entrada para o depósito ficou inundada e acabou
por congelar. Apesar de a água não ter alcançado nenhum local comprometedor,
desde então têm sido feitos grandes investimentos de forma a substituir a
entrada original por uma à prova de água. Esta reconstrução significou um
investimento de 100 milhões de coroas norueguesas (cerca de 10 milhões de
euros), o dobro do preço da estrutura original.
Segundo
este novo relatório, a temperatura média de Longyearbyen deve alcançar um valor
entre os 7ºC e os 10ºC e a precipitação deve chegar a uma percentagem entre os
40 e os 65% até o final do século, dependendo dos níveis globais de emissão de
dióxido de carbono.
Kim
Holmen, diretor internacional do Instituto Polar Norueguês, diz que o exemplo
de Longyearbyen deve servir como “aviso” para o resto do mundo. As teorias que
dizem que as alterações climáticas "não são assim tão graves" já se
mostraram erradas, conclui.
Fonte: Revista Visão
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