Em entrevista à Folha de S. Paulo, o economista sugere mea-culpa
ao PT para evitar erros cometidos no passado
Após declarar voto no então candidato à presidência Luiz Inácio
Lula da Silva, Arminio Fraga admitiu preocupação com os rumos do novo governo
na área econômica. O sentimento foi relatado em entrevista concedida ao jornal
Folha de S. Paulo, neste sábado (7).
“Tenho sido cuidadoso com o pouco que falo e
escrevo, esperando posicionamentos do ministro Fernando Haddad e de
seus parceiros na economia para, então, fazer uma análise mais embasada”,
afirmou o ex-presidente do Banco Central. “Mas há no ar sinais de que as coisas
podem desembocar em outro desastre econômico, e isso de fato me preocupa”,
relatou o economista ao jornal.
Ele afirma que não se arrependeu do seu voto
nas eleições de outubro – motivado pela preocupação com a manutenção da
democracia no País. “foi um voto muito mais político do que econômico”, disse.
No entanto, Fraga reconhece que os sinais dados
até agora sinalizam para um modelo bem diferente do adotado no primeiro mandato
de Luiz Inácio Lula da Silva – o melhor entre as gestões do PT, na avaliação do
economista.
“Não dá para ser seletivo e escolher apenas a
parte que deu certo [nas gestões passadas]”, pontua. “Depois do [Antônio]
Palocci (ministro da Fazenda entre 2003 e 2006), a estratégia [do PT] mudou
radicalmente — e foi esse erro que desembocou no colapso da economia”, diz.
Na avaliação de Fraga, o buraco fiscal do País
começou em 2014 e 2015. Segundo ele, a crise econômica que veio a seguir foi um
colossal colapso de confiança. Hoje, parte da herança que o presidente Lula
recebe veio dele próprio, afirma ao longo da entrevista.
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