Nosso corpo tem, basicamente, dois tipos de gordura: o tecido adiposo branco, o mais comum, é a gordura cumulativa, que tem como função principal ser reserva de energia e é a “gordurinha extra” que muitos tentam combater. O outro é o tecido adiposo marrom, que é abundante em animais em hibernação e em recém-nascidos. Sua função primária é fornecer calor aos corpos que, por algum motivo, não estão com o metabolismo em plena atividade. É realmente de coloração marrom, devido à quantidade de ferro presente no tecido.
Apesar de ser mais presente em bebês, cientistas da Universidade Cambridge (Massachussets, Boston, EUA), estão descobrindo que a quantidade desse tecido em adultos não é tão pequena quanto se pensava. Depois que formamos nosso organismo, nossas reservas desse tecido se localizam junto à omoplata, osso do tórax localizado abaixo da clavícula. Além disso, essa gordura marrom parece ter uns poderes miraculosos na redução de peso, já que ela se “auto-queima”: como a sua função é produzir calor, ela se mantém em contato com uma grande quantidade de capliares, que levam oxigênio em abundância e aceleram a queima.
Há três décadas, pouco se conhecia sobre as propriedades da gordura marrom. Descobriu-se que ela contém grande quantidade de mitocôndrias, ou seja, há intensa respiração celular no tecido. Toda a energia que ingerimos através de carboidratos precisa ser convertida em energia que as células possam usar, e essa conversão é feita pelas mitocôndrias. Assim, a gordura marrom é um gerador de calorias para o corpo.
Os pesquisadores avaliaram quadros médicos e perceberam que, em geral, pessoas magras possuem mais gordura marrom, e as obesas quase não possuem. Isso leva a crer que esse tecido desempenha um papel importante na regulação do peso. Dessa forma, conseguir com que o corpo aumente as reservas de gordura marrom pode ajudar no combate à obesidade.
Os cientistas agora buscam um meio de incentivar o corpo a colocar a gordura marrom em atividade, para queimar calorias. Alguns remédios já começaram a ser desenvolvidos, mas ainda têm um problema a resolver: aparentemente, a queima de gordura pelo tecido adiposo marrom faz com que a pessoa sinta a falta dessa energia e queira comer imediatamente, assim, tudo volta ao que era antes. Essa é uma dificuldade que os cientistas ainda precisam resolver quanto a isso, mas não é a única: para começar, não basta criar novas células de gordura marrom, é preciso colocá-las em funcionamento.
Para ativá-las, o corpo deve criar a necessidade de haver gordura marrom. Em bebês, isso acontece devido a um hormônio secretado pela tireóide, que reage quando o organismo recebe temperaturas frias do ambiente, o que aumenta a produção de calor pela gordura marrom.
Em adultos esse procedimento parece funcionar também: um experimento na Universidade de Maastrich, na Holanda, colocou 24 homens em uma sala fria, 14 dos quais eram obesos. Antes de entrarem no local, fizeram exames que não detectaram nenhuma atividade da gordura marrom. Após duas horas na sala gelada, quase todos registraram atividade desse tecido, que começou imediatamente a queimar calorias.
Ironia: enquanto milhões de obesos pelo mundo procuram perder peso se derretendo em saunas com temperaturas elevadas, a solução parece estar em um ambiente frio, e não quente. [Live Science]
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