Após derrota na MP dos Portos, Cunha se vinga na Petrobras e abre crise no PMDB

Eduardo Cunha permanece na liderança do PMDB na Câmara, após disputa acirrada com Sandro Mabel
  Eduardo Cunha permanece na liderança do PMDB na Câmara, após disputa acirrada com Sandro Mabel
23/5/2013 12:46  Por Redação - do Rio de Janeiro e Brasília

O Palácio do Planalto foi surpreendido, na manhã desta quinta-feira, pela informação de que o líder da base aliada na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ) apoiou a CPI da Petrobras. O deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) conseguiu reunir 199 assinaturas, todas conferidas. Eram necessárias apenas 171 manifestações de apoio. Autor do requerimento, Quintão articulou de forma discreta nas últimas semanas e ganhou o apoio de deputados do PP e do PR, além das bancadas de oposição. Quintão era cotado para assumir o Ministério da Agricultura, mas foi vetado pelo PT de Minas Gerais. O Planalto tem certeza que Eduardo Cunha ajudou a consolidar essa derrota do governo, após ser derrotado na reforma dos Portos.
Presidenta da Petrobras, Graça Foster participou, na véspera, de audiência pública na Câmara dos Deputados para falar sobre o desempenho da companhia e prestar esclarecimentos sobre a aquisição da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). O negócio causou um prejuízo de US$ 1 bilhão na gestão de Sergio Gabrielli. Ela reafirmou que a compra da refinaria norte-americana seguiu orientações positivas à época, em 2006, e que as perdas provenientes do negócio foram provocadas, principalmente, pela crise financeira mundial ocorrida em 2009. Foster admitiu que, se fosse hoje, a empresa não repetiria a operação.
– O prejuízo em Pasadena decorreu dessas perdas de margens do refinador. Quando olho para trás, (com base) no que estamos construindo no Brasil, fica mais fácil dizer que não faria. Esse é um ponto que precisa ser colocado. Quando se tem no retrovisor tudo de bom e tudo de ruim, é fácil dizer que não faria. Mas não faz sentido dizer que faria Pasadena hoje – disse.
Antevendo que a derrota de Cunha não custaria pouco para o governo, no início desta semana a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse que o governo tem se esforçado para manter um bom entendimento com senadores e deputados aliados.
– Nós continuamos fazendo tudo que está em nosso alcance para manter boa relação com a base aliada – disse a ministra.
Ideli esteve reunida com líderes da base e fez um apelo pela votação de novas medidas provisórias prioritárias para o governo e que perdem validade no início de junho.
Apoio de Cabral
Indicado para a liderança do PMDB na Câmara pela facção do partido controlada por Sérgio Cabral Filho, que ocupa o governo do Estado do Rio de Janeiro, Cunha tem servido como uma alavanca contra a candidatura do senador Lindbergh Faria (PT-RJ) ao Palácio Guanabara. Cabral, por mais de uma vez, advertiu que não suportaria uma outra candidatura na base aliada que não fosse a do seu vice-governador, Luiz Fernando Pezão.
Pezão, no entanto, não conseguiu ainda fazer com que o seu nome decole junto ao eleitorado e, segundo as pesquisas, seria a terceira força eleitoral no Estado, derrotado pelas candidaturas do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) e Faria. Sem conseguir alçar voo, Pezão consolida o afastamento do PT no Estado, em favor de seu candidato.
Trechos de conversa entre Cabral e o vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, vazados para um diário conservador carioca nesta quinta-feira, dão conta da dimensão da crise que se desenvolve nos bastidores da política fluminense. Cabral e Temer jantaram juntos na terça-feira. Estava prevista a presença da presidenta Dilma Rousseff no encontro, mas ela cancelou o compromisso pouco antes.
Cabral deixa claro, na conversa, que poderá apoiar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014.
– Não é bem assim que a gente não tenha alternativa. Eu tenho relação com várias pessoas no mundo político. O nome do meu filho é Marco Antônio Neves Cabral – disse o governador. Marco Antônio é fruto do primeiro casamento de Cabral com Suzana Neves, parente de Aécio. Cabral, na realidade, foi lançado na política na legenda do PSDB, levado ao partido por Aécio e sustentado por Marcello Alencar, então governador do Estado na época.
Temer teria relatado a conversa à presidenta, que reagiu com surpresa, pois considerava Cabral um de seus principais aliados no país. Lindbergh, por sua vez, já deixou claro que o PT não abrirá mão da candidatura no Rio. Outro ponto de ruptura na aliaça entre o Planalto e o PMDB do Rio é a conduta do líder do partido, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aliado de Cabral, que teria apoiado a CPI da Petrobras, depois de levar aos estertores a luta contra a MP dos Portos aprovada pelo governo.

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