A indústria chinesa perdeu mais fôlego em julho, e o mercado de trabalho se enfraqueceu, mostrou uma pesquisa divulgada na quarta-feira, complicando uma transição para um crescimento mais apoiado no consumo interno.
Os efeitos também começam a ser sentidos além das fronteiras nacionais.
As exportações japonesas já estão crescendo menos, apesar da desvalorização do iene, enquanto a Apple lamentava a incomum redução na demanda chinesa por aparelhos eletrônicos de marcas mais valorizadas.
Mas não está claro até que ponto o governo chinês irá tolerar uma redução do crescimento, e os dados sugerem que os esforços para alterar as bases econômicas ficarão cada vez mais difíceis."A desaceleração chinesa está começando a ficar mais perigosa", alertou Yasuo Yamamoto, economista-sênior do Instituto de Pesquisas Mizuho, em Tóquio.
Desde que assumiram seus cargos, em março, os novos líderes chineses se dizem preparados para tolerar um crescimento mais modesto e para promover uma reestruturação da economia no sentido de valorizar o consumo interno.
O Índice HSBC/Markit dos Gerentes de Compras mostrou que o declínio da produção, do emprego e das novas encomendas se acelerou em julho. O índice geral das condições empresariais caiu de 48,2 no final de junho para 47,7, no terceiro mês seguido abaixo do nível 50, que marca o limite entre a expansão e a contratação. Foi também o pior resultado desse indicador desde agosto de 2012.
A economia chinesa cresceu 7,5 por cento no segundo trimestre, em comparação ao ano anterior. Foi o nono período de desaceleração nos últimos dez trimestres.O subíndice relativo ao emprego caiu para 47,3 em julho, pior resultado desde o começo de 2009."Esse relatório pode reacender os temores de um pouso forçado chinês", disse Annette Beacher, diretora de pesquisas na Ásia-Pacífico da TD Securities, de Cingapura.'Esperamos que o crescimento econômico continue se moderando na direção dos 7 por cento."
"A China não pode mudar a situação de seu fraco crescimento econômico devido à ainda fraca demanda externa e a problemas de excesso de capacidade no mercado doméstico", disse o pesquisador sênior Wang Jian, da Sociedade Chinesa de Macroeconomia."A taxa de crescimento econômico da China provavelmente vai cair abaixo de 7 por cento no quarto trimestre e pode cair abaixo de 6 por cento em algum trimestre no próximo ano", escreveu Wang em uma publicação econômica nesta quarta-feira.
Por causa do grande volume de importações feitas pela China, essa desaceleração tende a ser sentida mundialmente.Na quarta-feira, o Japão informou que o crescimento anualizado das suas exportações caiu de 8,3 por cento em maio para 4,8 por cento em junho.
A empresa Canon, fabricante de câmeras, reviu para baixo sua meta de faturamento e sua previsão de lucro para o ano, atribuindo isso à redução do crescimento chinês."Os consumidores chineses tendem a ser muito interessados em câmeras, especialmente as mais sofisticadas (...), mas uma desaceleração econômica chegou justo quando as vendas estavam se recuperando em relação ao ano passado", disse o diretor financeiro Toshizo Tanaka ao apresentar o balanço da empresa.
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