Quando telescópio solar IRIS apontou pela primeira vez suas lentes em direção ao Sol, os cientistas espaciais quase não acreditaram. A qualidade das imagens não tinha precedente e mostrava com impressionante clareza e nitidez a camada mais profunda e desconhecida da coroa solar.
Assim que o telescópio foi apontando para o Sol no dia 17 de julho, o único instrumento a bordo do satélite começou a cumprir sua missão e passou a observar a camada mais baixa da cora solar, chamada zona de interface.
As primeiras imagens enviadas pelo experimento mostravam uma vasta gama de estruturas entrelaçadas que jamais haviam sido observadas, revelando os enormes contrastes de densidade e temperatura desta região e nos gigantescos loops coronais que se desenvolviam em áreas vizinhas, algumas centenas de quilômetros ao lado.
As cenas também mostravam pontos que brilhavam e esmaeciam rapidamente, em uma demonstração visual ímpar de como a energia é transportada e absorvida nesta camada da baixa atmosfera solar.
Alta Resolução
Apesar de existirem diversos telescópios espaciais que observam o Sol 24 horas por dia, as imagens da missão IRIS têm como objetivo registrar bem de perto a chamada "região de interface", uma zona com cerca de 6 mil km de espessura que os cientistas entendem como o ponto chave da transferência de energia da extremamente quente coroa solar.
As imagens geradas pela missão têm resolução de 240 km, o que significa que cada pixel corresponde a uma porção de 240x240 km na superfície observada da estrela.
Para se ter uma ideia de quanto isso é bastante, basta comparar as imagens mostradas acima e que retratam a mesma região do Sol. À esquerda vemos a cena observada pelo moderníssimo satélite SDO da Nasa, enquanto à direita vemos a imagem obtida pelo instrumento solar IRIS, um misto entre telescópio ultravioleta e espectrógrafo. A diferença de qualidade é impressionante.
Telescópio e Espectrógrafo
A luz que atinge o instrumento IRIS (Interface Região Imaging Spectrograph) é dividida em dois componentes, sendo que o primeiro, em ultravioleta, fornece as imagens na resolução mencionada, enquanto o segundo segue em direção ao espectrógrafo, que "parte" a luz em diversos comprimentos de onda e gera as chamadas linhas espectrais.
Cada uma das linhas é analisada separadamente, o que permite medir a quantidade de energia em cada parte do espectro. Isso capacita os pesquisadores a conhecer a temperatura, velocidade e densidade em cada região explorada, além de fornecer as pistas necessárias para entender como a energia é transportada no interior da região de interface.
Para os pesquisadores, a compreensão dessa região vai ampliar o entendimento da coroa solar e como ela afeta todo o Sistema Solar, pois é ali que parte da energia do Sol vaza e alimenta ainda mais o vento solar, uma espécie de fluxo de partículas carregadas que sopra continuamente da estrela.
Fotos: No topo, duas cenas da mesma região permitem comparar a qualidade das imagens geradas pelo telescópio IRIS. Crédito: Nasa/SDO/IRIS, Apolo11.com.
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