Governo precisa do
apoio do presidente do Senado para dialogar com Eduardo Cunha, que tem poder de
tramitar os pedidos de impeachment contra Dilma Rousseff na Câmara 29/07/201
Presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL)(Ueslei Marcelino/Reuters)
A preocupação do
Palácio do Planalto com a nova fase da Operação Lava Jato, batizada de Radioatividade,
reside principalmente no PMDB no Senado.
Em crise, o governo precisa do apoio
do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para enfrentar Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que comanda a Câmara, e tem poder para admitir a tramitação de
pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Investigações da
Polícia Federal apontam que propinas pagas ao almirante Othon Luiz Pinheiro da
Silva, presidente licenciado da Eletronuclear, ocorreram de 2009 a 2014.
Até o
fim do ano passado, o senador Edison Lobão (PMDB-MA), integrante do grupo de
Renan e do ex-presidente da República José Sarney, esteve no comando do
Ministério de Minas e Energia.
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Embora o Planalto
já espere que essa etapa da Lava Jato também atinja políticos do PMDB, uma vez
que o partido é responsável pelo loteamento do setor elétrico, a extensão da
operação sobre aliados de Renan ainda é uma incógnita.
A inclusão do nome
de Pinheiro da Silva no esquema surpreendeu o governo, uma vez que o almirante
é considerado um dos maiores especialistas do mundo em urânio enriquecido.
Apesar de o PMDB saber que Lobão aparecerá novamente nesta fase da Lava Jato,
interlocutores de Dilma argumentam que, na atual conjuntura, qualquer notícia
envolvendo aliados tem potencial de provocar nova crise política.
O senador já
é investigado pela Lava Jato desde o ano passado.
Em delação ao
Ministério Público, em 2014, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa
afirmou que Lobão, então ministro de Minas e Energia, pediu a ele 1 milhão de
reais, em 2008.
Lobão também foi citado na delação do dono da UTC, Ricardo
Pessoa, como beneficiário de suborno na pasta.
A empreiteira é uma das
contratadas pela Eletronuclear para as obras em Angra 3. Lobão nega as
acusações.
Para o governo e a
cúpula do PMDB, a Lava Jato tem potencial para atrapalhar as tentativas de
aproximação com Renan - o governo depende do presidente do Senado para aprovar
o projeto que revê a desoneração da folha de pagamento das empresas, última
etapa do ajuste fiscal, e impedir a "pauta-bomba", com propostas que
aumentam os gastos.
Além disso, ele pode fazer um contraponto a Cunha e barrar
a tramitação de possíveis pedidos de impeachment.
Renan, no entanto,
também é alvo da Lava Jato. Desde então, dizendo-se "injustiçado", já
impôs várias derrotas ao Planalto.
O receio do governo é de que senadores
aliados acabem adotando a mesma posição de Cunha, rompendo com Dilma.
Cunha
declarou guerra ao
Planalto depois de vir a público a delação do lobista Julio Camargo, que o
acusou de tê-lo pressionado a pagar propina de 5 milhões de dólares.
Para o
presidente da Câmara, houve uma "conspiração palaciana".
A CPI da Petrobras,
controlada pelo PMDB, não deve mirar no esquema na Eletronuclear.
Um pedido
para a criação da CPI do Setor Elétrico chegou a ser apresentado no início do
ano pelo tucano Carlos Sampaio (SP), mas não foi adiante.
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