• LAVA JATO PODE COMPLICAR REAPROXIMAÇÃO ENTRE PLANALTO E RENAN

 Senador Renan Calheiros (PMDB-AL), durante cerimônia de posse no plenário da Casa - 01/02/2015
Governo precisa do apoio do presidente do Senado para dialogar com Eduardo Cunha, que tem poder de tramitar os pedidos de impeachment contra Dilma Rousseff na Câmara 29/07/201
Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL)(Ueslei Marcelino/Reuters)
A preocupação do Palácio do Planalto com a nova fase da Operação Lava Jato, batizada de Radioatividade, reside principalmente no PMDB no Senado. 

Em crise, o governo precisa do apoio do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para enfrentar Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que comanda a Câmara, e tem poder para admitir a tramitação de pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Investigações da Polícia Federal apontam que propinas pagas ao almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear, ocorreram de 2009 a 2014. 

Até o fim do ano passado, o senador Edison Lobão (PMDB-MA), integrante do grupo de Renan e do ex-presidente da República José Sarney, esteve no comando do Ministério de Minas e Energia.

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Embora o Planalto já espere que essa etapa da Lava Jato também atinja políticos do PMDB, uma vez que o partido é responsável pelo loteamento do setor elétrico, a extensão da operação sobre aliados de Renan ainda é uma incógnita.

A inclusão do nome de Pinheiro da Silva no esquema surpreendeu o governo, uma vez que o almirante é considerado um dos maiores especialistas do mundo em urânio enriquecido. 

Apesar de o PMDB saber que Lobão aparecerá novamente nesta fase da Lava Jato, interlocutores de Dilma argumentam que, na atual conjuntura, qualquer notícia envolvendo aliados tem potencial de provocar nova crise política. 

O senador já é investigado pela Lava Jato desde o ano passado.

Em delação ao Ministério Público, em 2014, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que Lobão, então ministro de Minas e Energia, pediu a ele 1 milhão de reais, em 2008. 

Lobão também foi citado na delação do dono da UTC, Ricardo Pessoa, como beneficiário de suborno na pasta. 

A empreiteira é uma das contratadas pela Eletronuclear para as obras em Angra 3. Lobão nega as acusações.

Para o governo e a cúpula do PMDB, a Lava Jato tem potencial para atrapalhar as tentativas de aproximação com Renan - o governo depende do presidente do Senado para aprovar o projeto que revê a desoneração da folha de pagamento das empresas, última etapa do ajuste fiscal, e impedir a "pauta-bomba", com propostas que aumentam os gastos. 

Além disso, ele pode fazer um contraponto a Cunha e barrar a tramitação de possíveis pedidos de impeachment.

Renan, no entanto, também é alvo da Lava Jato. Desde então, dizendo-se "injustiçado", já impôs várias derrotas ao Planalto. 

O receio do governo é de que senadores aliados acabem adotando a mesma posição de Cunha, rompendo com Dilma. 

Cunha declarou guerra ao Planalto depois de vir a público a delação do lobista Julio Camargo, que o acusou de tê-lo pressionado a pagar propina de 5 milhões de dólares. 

Para o presidente da Câmara, houve uma "conspiração palaciana".

A CPI da Petrobras, controlada pelo PMDB, não deve mirar no esquema na Eletronuclear. 

Um pedido para a criação da CPI do Setor Elétrico chegou a ser apresentado no início do ano pelo tucano Carlos Sampaio (SP), mas não foi adiante.

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