O presidente da Odebrecht, Marcelo
Odebrecht, e o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo(Bruno Poletti/Zanone Fraissat/Folhapress)
MP denuncia Marcelo Odebrecht e mais 21 por
corrupção, lavagem e organização criminosa
Procuradores também
acusaram formalmente o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de
Azevedo Por: Laryssa Borges, de Curitiba 24/07/2015
O
Ministério Público Federal apresentou nesta sexta-feira à Justiça a mais
importante denúncia da Lava Jato desde o início da operação, em março de 2014,
e formalizou a acusação contra o presidente da construtora Norberto Odebrecht,
Marcelo Odebrecht, contra o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de
Azevedo, e contra outros vinte executivos e ex-funcionários das duas empresas,
lobistas e contra investigados como o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de
Serviços da Petrobras Renato Duque.
Entre os crimes apontados estão corrupção,
lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Com
a apresentação da denúncia, o próximo passo é o juiz Sergio Moro, responsável
pelos processos relacionados ao petrolão em Curitiba (PR), analisar os indícios
apresentados pelo Ministério Público e decidir se transforma ou não os
investigados em réus.
Sem contar as apresentadas nesta sexta, a Lava Jato já
conta com 24 denúncias formais contra empreiteiros, doleiros, ex-deputados,
lobistas e ex-diretores da Petrobras.
Até o final de maio, 117 pessoas haviam
sido denunciadas pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Outras
autoridades, como deputados e senadores, que têm direito a foro privilegiado,
são investigadas em Brasília (DF).
Nesta
sexta-feira foram denunciadas as seguintes pessoas: Alberto Youssef,
Alexandrino Alencar, Antônio Campello Dias, Armando Furlan, Bernardo
Freiburghaus, Celso Araripe, Cesar Ramos Rocha, Eduardo Freitas Filho, Elton
Negrão, Fernando Baiano, Flávio Machado Filho, Lucélio Goes, Marcio Faria,
Mario Goes, Otávio Maques de Azevedo, Paulo Roberto Costa, Paulo Dalmazzo,
Paulo Sérgio Boghossian, Pedro Barusco, Renato Duque e Rogério Araújo.
"Essas
acusações são o símbolo de que ninguém está acima da lei", disse o
procurador da República Deltan Dallagnol.
LEIA TAMBÉM:
O
Ministério Público conseguiu documentar a prática de 56 atos de corrupção e 136
lavagens de dinheiro para beneficiar a Odebrecht. Foram movimentados 389
milhões de reais em corrupção e 1,063 bilhão de reais com a lavagem.
Segundo
Deltan Dallagnol, o pedido de ressarcimento aos cofres públicos é de 6,7
bilhões de reais. Só o contrato de fornecimento de nafta pela subsidiária
Brasken à Petrobras causou danos de 6 bilhões de reais.
Embora
a construtora Odebrecht sempre tenha estado no radar dos investigadores da Lava
Jato, indícios mais contundentes contra a construtora ganharam corpo depois do
depoimento de delatores como o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o
ex-gerente da estatal Pedro Barusco, que indicaram a empresa como uma das
pagadoras de propina a agentes públicos.
O cerco contra a maior empreiteira do
país se fechou ainda mais depois de os investigadores da Lava Jato terem
detectado mensagens cifradas de Marcelo Odebrecht e encontrado seis novas
contas correntes ligadas ao grupo abertas em nome das offshores Smith &
Nash Engeinnering Company, Arcadex Corporation, Havinsur S/A, Golac Project,
Rodira Holdings, Sherkson Internacional e utilizadas para pagar propina a
ex-funcionários da Petrobras.
Além
dessas contas, referências à Constructora Del Sur e Klienfeld já haviam sido
mapeadas nas investigações como mecanismo para distribuir propina no exterior.
Aliado a isso, uma análise das mensagens telefônicas de Marcelo Odebrecht
aponta que o executivo escreveu textos com referência a "dissidentes
PF" junto com o trecho "trabalhar para parar/anular" a
investigação.
A possibilidade de as palavras indicarem que Odebrecht poderia
estar atuando para derrubar a Operação Lava Jato foi considerada "perturbadora"
pelo juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos relacionados ao
escândalo do petrolão na primeira instância.
Nesta sexta, com base em novas
provas colhidas ao longo da Lava Jato, Moro decretou nova prisão preventiva de
Marcelo Odebrecht e de outros quatro executivos ligados à construtora.
"Nos
aproximamos da verdade por meio de fatos e provas. As provas que chegaram da
Suíça nos mostram o contrario do que dizia a Odebrecht.
Não existe espaço na
nossa investigação para teorias da conspiração.
Temos o sonho de que todos
sejam tratados de forma igual perante a lei", disse o procurador.
Os
procuradores também descreveram pagamentos de propina na construção do centro
administrativo da Petrobras em Vitória (ES).
"A Petrobras falhou e pode
ter controbuido para que esquema criminoso se perpetuasse por tanto
tempo", disse o delegado da Polícia Federal Eduardo Mauat.
LEIA MAIS:
Segundo
o MPF, a Andrade Gutierrez movimentou 243 milhões de reais em desvios entre
2007 e 2010 - a força-tarefa quer o ressarcimento do dobro desse valor (486
milhões de reais).
Os procuradores apontaram a prática de 106 atos de corrupção
ativa, 61 de corrupção passiva, 62 lavagens de dinheiro.
O
Ministério Público apresentou três esquemas criminosos da Andrade Gutierrez com
apoio de Alberto Youssef, Fernando Baiano e Armando Furlan, além de falsas
consultorias.
Os operadores Mário e Lúcelio Góes também atuaram em esquemas da
empresa, por meio da RioMarine. Os recursos eram enviados para contas no
exterior como a Maranelle e Phad.
"Uma vez no exterior, nas contas dos operadores,
o dinheiro era repassado para as contas de Pedro Barusco. Ele também recebeia
valores de 300.000 a 400.000 reais em mochilas por meio de Mário Góes.
Os
procuradores disseram que sempre tentaram uma aproximação para que as
empreiteiras colaborassem com as investigações e realizassem apurações internas
para trazer dados e esclarecer fatos.
"Isso não aconteceu, só parcilamente
com a Câmargo Corrêa. Em relação à Odebrecht, detectamos uma atitude de
negação.
Não foi feito apuração interna de investigação porque atingiriam altos
escalões da empresa.
Quanto à estratégia dela, não adianta martelar uma mentira
1.000 vezes, que o Ministério Público, a PF e a Receita vão mostrar que é uma
mentira", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
Esquema de lavagem de dinheiro engendrado pela
Odebrecht e descoberto pela Lava Jato
(VEJA.com/Reprodução)
Nenhum comentário:
Postar um comentário