Exclusivo: as provas que Ricardo Pessoa entregou à Justiça
VEJA desta semana apresenta os documentos e
planilhas em que o empreiteiro Ricardo Pessoa registrava as transações do
petrolão – entre elas o dinheiro entregue à campanha de Dilma
O petista Edinho Silva: achaque muito educado,
segundo o empreiteiro Ricardo Pessoa(Ueslei
Marcelino/Reuters) 03/07/2015
O engenheiro Ricardo Pessoa, dono da construtora
UTC, é famoso por sua grande capacidade de organização - característica
imprescindível para alguém que exercia uma função vital no chamado "clube
do bilhão".
Ele foi apontado pelos investigadores como o chefe do grupo
que durante a última década operou o maior esquema de desvio de dinheiro
público da história do país.
O empreiteiro entregou à Justiça dezenas de
planilhas com movimentações financeiras, manuscritos de reuniões e agendas que
fazem do seu acordo de delação um dos mais contundentes e importantes da
Operação Lava-Jato.
O material constitui um verdadeiro inventário da corrupção.
Em uma série de depoimentos aos investigadores do Ministério Público, Pessoa
detalhou o que fez, viu e ouviu como personagem central do escândalo da
Petrobras.
Na sequência, apresentou os documentos que, segundo ele, provam tudo
o que disse.
VEJA teve acesso ao arquivo do empreiteiro. Um dos
alvos é
a campanha de Dilma de 2014 e seu tesoureiro, Edinho Silva, o atual ministro da
Comunicação Social.
Segundo o delator, ele doou 7,5 milhões de reais à campanha
depois de ser convencido por Edinho Silva.
"O senhor tem obras no governo
e na Petrobras, então o senhor tem que contribuir.
O senhor quer continuar
tendo?", disse o tesoureiro em uma reunião.
O empreiteiro contou que não
interpretou como ameaça, mas como uma "persuasão bastante elegante".
Na dúvida, "para evitar entraves" nos seus negócios com a Petrobras,
decidiu colaborar para que o "sistema vigente" continuasse
funcionando - um achaque educado.
Mas há outro complicador para Edinho: quem
apareceu em nome dele para fechar os detalhes da "doação", segundo
Pessoa, foi Manoel de Araujo Sobrinho, o atual chefe de gabinete do ministro.
Em plena atividade eleitoral, Manoel se apresentava aos empresários como
funcionário da Presidência da República.
Era outro recado elegante para que o
alvo da "persuasão" soubesse com quem realmente estava falando.
O documento em que Ricardo Pessoa
registrou a 'doação legal' à campanha de Dilma e os nomes do tesoureiro Edinho
Silva e seu braço-direito Manoel de Araujo
(VEJA.com/VEJA)
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