Um documento apreendido no gabinete do senador petista Delcídio Amaral (MS), ex-líder do governo no Senado, atribui a Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, a revelação de que o atual ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner (PT), recebeu propina para sua campanha ao governo da Bahia em 2006.
De acordo com Cerveró, o dinheiro teria
sido desviado da Petrobras e ‘dirigido’ pelo então presidente da estatal, José
Sérgio Gabrielli de Azevedo.
Wagner foi eleito governador da Bahia
naquele ano e reeleito em 2010.
Em outubro do ano passado, o petista deixou o
Ministério da Defesa e assumiu a chefia da Casa Civil de Dilma.
O documento é um resumo das informações que
Cerveró prestou à Procuradoria-Geral da República antes de fechar acordo de
delação premiada.
Os documentos foram apreendidos no final de
novembro, quando Delcídio foi preso sob a acusação de atrapalhar as
investigações da Operação Lava-Jato, tendo na ocasião oferecido um plano de
fuga ao ex-dirigente da Petrobras.
O senador, que continua detido em Brasília,
temia a delação de Cerveró.
Agora, os investigadores querem saber como
o petista teve acesso ao conteúdo da colaboração do ex-diretor da estatal.
Em
sua delação, Cerveró falou de Delcídio e também do ministro da Casa Civil.
“Na campanha para o governo do Estado da Bahia, em 2006, houve
um grande aporte de recursos para o candidato do PT, Jaques Wagner, dirigida
por Gabrielli.
Nessa época, o presidente Gabrielli decidiu realocar a parte
operacional da parte financeira para Salvador, sem haver nenhuma justificativa,
pois havia espaço para referida área no Rio de Janeiro”, afirmou o ex-diretor.
“Para tanto, foi construído um grande prédio em Salvador, onde atualmente é o
setor financeiro da Petrobras”.
O ex-presidente da Petrobras, ouvido pela
reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, disse que “nunca soube de
utilização de recursos ilegais dos fornecedores da Petrobrás para a campanha do
governador Jaques Wagner em 2006 ou em 2010”.
Cerveró relatou como teve conhecimento do
ocorrido. “Tal fato era de conhecimento notório de todos os diretores da
Petrobrás”.
O ex-diretor disse ainda que não sabe qual foi a empreiteira que
construiu o prédio da estatal, “sendo que muito provavelmente foi essa
construtora que fez a doação para a campanha de Jaques Wagner”.
“As informações sobre o dinheiro enviado
para a campanha de Jaques Wagner em 2006 foram da Ouvidoria Geral Maria Augusta
(falecida) e de Armando Tripodi (Bacalhau – Sindicato dos Petroleiros da Bahia)
que foi chefe de gabinete de Gabrielli e do qual me tornei amigo.
Durante 6
anos”. Maria Augusta Carneiro Ribeiro morreu em 2009 após um acidente de carro
no Rio.
O ex-diretor também citou outros nomes em
sua delação. “Inclusive a mulher dele Gilze foi nomeada e ficou 3 anos como ouvidora
da BR Distribuidora.
Grande quantidade de recursos veio das operações de
trading que Gabrielli e Dutra controlavam juntos com Manso.
Além disso, foi
construído o prédio para a área financeira da Petrobrás onde também houve
propina para eleição”.
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