Segundo delatores da Odebrecht, empreiteira
repassou recursos à empresa do filho do ex-presidente em troca de vantagens
durante o governo Dilma
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
e seu filho, Luís Cláudio, por
supostos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de influência.
A investigação,
que é abastecida pela delação da Odebrecht, mira pagamentos à empresa de
marketing esportivo Touchdown, de propriedade de Luís Cláudio.
Segundo a PF, a empresa teria recebido 10 milhões de reais
em alguns anos “apesar de seu capital social de 1.000 reais”.
A juíza da 4ª
Vara Criminal de São Paulo, Bárbara de Lima Issepi, remeteu o caso para uma das
varas especializadas em lavagem de dinheiro.
A investigação tem origem na delação de executivos ligados
à Odebrecht. Eles afirmam que Lula teria mantido contato com a empreiteira para
beneficiá-la no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e, “como
contrapartida”, a empresa se comprometia a “financiar projetos pessoais” de
Luís Cláudio.
De acordo com o relatório das investigações, depois desse
compromisso Alexandrino Alencar, executivo da Odebrecht, teria procurado a
empresa Concept com o intuito de beneficiar a Touchdown a “desenvolver o
futebol americano no Brasil”.
Adalberto
Alves, representante da Concept, depôs e afirmou ter sido pago pela Odebrecht
mas prestado serviços à empresa do filho do ex-presidente Lula.
Do valor total,
2 milhões de reais teriam sido pagos a empresa de Alves pela empreiteira,
enquanto a Touchdown teria desembolsado cerca de 120.000 reais.
A juíza anota que “apesar das expressivas quantias pagas,
não houve sequer a formalização de qualquer contrato” entre a Odebrecht e a
Concept.
Bárbara Issepi também registra que a PF aponta indícios do uso de
“laranjas” pela Touchdown, citando especificamente um pagamento de 846.000
reais a uma empresa com capital social de 1 real e cuja dona possuía renda
mensal de um salário mínimo até começar a receber os pagamentos.
“No caso dos autos, haveria, ao menos em tese, condutas
destinadas a ocultar ou dissimular a origem de valores provenientes de infração
penal, tais como pagamentos parciais com a intenção de oferecer aparência de
licitude, triangulação de valores, utilização de interpostas pessoas, entre outras
práticas”, escreve a magistrada.
Defesa
Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende
Lula, afirmou que o relatório da Polícia Federal apresenta “enorme fragilidade
jurídica e distanciamento da realidade dos fatos” e faz parte de uma campanha
de ações judiciais para prejudicar o ex-presidente e a sua família.
Segundo a defesa, “Lula jamais solicitou ou recebeu, para
si ou para terceiros, qualquer valor da Odebrecht ou de outra empresa a
pretexto de influir em ato da ex-presidente Dilma Rousseff ou de qualquer outro
agente público”.
Luís Cláudio, por sua vez, teria, de acordo com o
posicionamento dos advogados, “comprovado serem mentirosas as afirmações de
delatores da Odebrecht”. O filho do ex-presidente diz ter pago os serviços
prestados pela Concept à Touchdown.
(Com Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário