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DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DA MARINHA COLOCA O BRASIL ENTRE AS 5 POTÊNCIAS NUCLEARES DO PLANETA.

 

16.12.2022

Apenas 13 países no mundo possuem instalações de enriquecimento de urânio. Destes, somente cinco, incluindo o Brasil, dominam a tecnologia e têm urânio em quantidade suficiente que possibilitam a sua independência nessa área tecnológica, segundo o presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), capitão de Mar e Guerra Carlos Freire Moreira.

Autarquia sob o guarda-chuva da Marinha, a INB inaugurou sua a 10ª cascata de ultracentrífugas no final do mês passado, em Rezende (interior do Rio de Janeiro).

As ultracentrífugas são um conjunto de equipamentos que realiza a concentração do urânio em seu isótopo físsil, o que, por sua vez, gera energia.

Na prática, está concluída a 1ª fase da Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio. De acordo com informações do INB, isso vai reduzir o grau de dependência na contratação do serviço no exterior para a produção de combustível das usinas nucleares nacionais.

Em comunicado, a INB explicou que "a entrada em operação da décima cascata possibilitará o alcance da capacidade de produção para atendimento de 70% da demanda das recargas anuais da usina nuclear Angra 1, correspondendo a um acréscimo de, aproximadamente, 5% em relação à capacidade atual".

Na solenidade de lançamento, Moreira disse que mais um marco relevante para o setor nuclear brasileiro foi concluído.

"A energia nuclear tem sido fundamental na transição energética, contribuindo para a descarbonização do planeta, por ser uma energia limpa. Inúmeros países estão refletindo e revendo suas matrizes de geração energética. Essa conclusão deve ser motivo de orgulho para os brasileiros, visto que o enriquecimento de urânio é uma tecnologia de ponta, 100% nacional, desenvolvida pela Marinha do Brasil, e esse domínio de tecnologia é uma etapa fundamental dos elementos combustíveis que alimentam atualmente as nossas Usinas Angra 1 e 2 e, em breve, Angra 3. Cabe lembrar que pouco mais de dez países no mundo detém essa tecnologia, e o Brasil é um deles, mas com um detalhe: desses, apenas cinco, incluindo o Brasil, dominam a tecnologia e têm urânio em quantidade suficiente que possibilitam a sua independência nessa área tecnológica tão sensível."

Mas, afinal, estamos no topo das potências nucleares do mundo?

Inácio Loiola Pereira Campos, engenheiro nuclear da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma que não. E o motivo para isso é simples. Há duas subdivisões quando se fala em potência nuclear.

Há o conceito de enriquecimeto de urânio, explica ele, e o do domínio nuclear da bomba atômica.

O Brasil é signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, o que significa que entrou em um acordo global para que não se produza esse tipo de artefato no país.

Logo, por escolha soberana, não somos e não seremos uma potência nuclear em termos de armas atômicas.

Sobre enriquecimento de urânio, no entanto, o cenário soa promissor.

"Ainda não temos escala industrial para abastecer o complexo nuclear de Angra. Mas o urânio é uma fonte de energia que não deve ser desprezada. Temos a necessidade do conhecimento da área nuclear em termos de defesa, de soberania, da manutenção dos interesses nacionais soberanos, de integridade do patrimônio. Inclusive, o conceito dessa fonte de energia mudou depois do conflito da Ucrânia, quando o gás russo deixa de ser fornecido para a Europa, que começa a pensar em outras matrizes energéticas. Isso porque se trata de uma energia limpa e segura. O número de acidentes também é baixo, tivemos Chernobyl e Fukushima", afirma Campos.

Rosatom assina contrato para comercialização de urânio para usinas brasileiras a partir de 2023

O engenheiro lembra que a finalização da primeira fase da Usina de Enriquecimento de Urânio favorece e reduz o grau de dependência do país na área.

"À medida que se desenvolve, se reduz a dependência. Mas não temos produção em escala de autossuficiência, por isso o contrato com a Rosatom. Podemos ser autossuficientes. Um caminho é ter, internamente, uma quantidade de urânio suficiente. Nosso território não foi prospectado em sua totalidade. Também precisamos de conhecimento tecnológico para o enriquecimento, além de recursos para construir unidades ou ampliá-las. Combustível o Brasil já produz, mas não em quantidade suficiente. Para se chegar à autossuficiência depende-se muito da política governamental", prossegue.



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Aliança com a Rússia favorece o Brasil

Campos diz que a Rosatom é a maior empresa de tecnologia nuclear do mundo, que responde por 35% do urânio enriquecido de todo o planeta.

O próprio contrato fechado pelo Brasil com a Rosatom, por intermédio de uma licitação internacional, implica em transferência de conhecimento dessa tecnologia.

Com a miríade de sanções antirrussas por parte do Ocidente, Moscou tem procurado novos mercados. O Brasil responde por 41% do alimento do mundo e, por isso, entre outras coisas, se torna um parceiro atraente, afirma o especialista.

"A Rússia tem necessidade de alimentos, e o Brasil necessita de tecnologia militar. A Rússia tem interesse porque perdeu mercado, e tem praticamente a tabela periódica inteira em seu território, assim como o Brasil. Tudo isso é matéria-prima. Se o país não tiver matéria-prima, ele se lasca. Essa proximidade com a Rússia facilita muito por determinadas tecnologias e matérias-primas, e um país complementa o outro. A Rússia pode favorecer o Brasil em muitos segmentos", conclui.



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