A Polícia Civil do Distrito
Federal identificou um segundo suspeito de envolvimento na tentativa de
explosão de uma bomba em uma estrada próxima ao Aeroporto Internacional de
Brasília.
Alan Diego dos Santos Rodrigues foi apontado por George Washington de
Oliveira Sousa, preso desde de domingo (25) por montar o artefato explosivo em
um caminhão de combustível, como um dos envolvidos no atentado frustrado. A
identidade do terceiro envolvido está sendo mantida sob sigilo.
“Eu entreguei o artefato ao Alan e insisti que ele instalasse em
um poste de energia para interromper o fornecimento de eletricidade,
porque eu não concordei com a ideia de explodi-la no estacionamento do
aeroporto“, disse George Washington de Oliveira Sousa em depoimento.
Leia
íntegra do depoimento de George Washington:
“Moro na cidade de Xinguá no estado do Pará e trabalho como gerente de posto de gasolina. Desde a eleição do Bolsonaro eu passei a apoiá-lo por acreditar que ele é um patriota e um homem honesto.
E em outubro de 2021 eu tirei minhas licenças para adquirir armas (CR e CAC) e desde então gastei cerca de 160 mil reais na compra de pistolas, revólveres, fuzis, carabinas e munições.
O que me motivou a adquirir as armas foram as palavras do presidente
Bolsonaro que sempre enfatizava a importância do armamento civil dizendo o
seguinte: ‘Um povo armado jamais será escravizado’ e também a minha paixão por
armas que tenho desde a juventude.
Após o segundo turno das eleições eu passei a participar de protestos no Pará e no dia 12/11/2022 eu vim a Brasília com a minha caminhonete Mitsubishi Triton levando comigo duas escopetas calibre 12; dois revólveres calibre .357; três pistolas, sendo duas Glocks e uma CZ Shadow 2; um fuzil Springfield calibre .308; mais de mil munições de diversos calibres e cinco bananas de dinamite (emulsão).
Desses itens, o único que eu não tinha licença para possuir eram as dinamites que eu comprei por R$ 600,00 de um homem do Pará que me trouxe os explosivos quando eu já estava em Brasília.
Eu também não
possuía a guia de transporte das armas e caso fosse parado pela polícia na
estrada a minha ideia era acionar o Pró Armas para justificar a minha
participação em alguma competição de tiro.
A minha ida a Brasília tinha como propósito participar dos protestos que ocorriam em frente ao QG do Exército e aguardar o acionamento das Forças Armadas para pegar em armas e derrubar o comunismo.
A minha ideia era repassar parte das minhas armas e munições a outros CACs que estavam acampados no QG do exército assim que fosse autorizado pelas Forças Armadas. Assim que cheguei em Brasília eu fiquei hospedado no Econotel e depois aluguei dois apartamentos no Sudoeste pelo Airbnb.
Durante o período em que frequentei o
acampamento montado em frente ao QG do Exército eu percebi que havia vários
petistas infiltrados entre os ambulantes que passaram a envenenar os alimentos
vendidos aos bolsonaristas com a intenção de desmobilizar os manifestantes,
além de provocar tumultos e desordem entre as pessoas.
Em posse dessas informações, há três semanas eu entrei em contato com um importante general do exército e reportei a ele tudo sobre os infiltrados petistas no acampamento e disse que em breve poderia haver um grande derramamento de sangue se nada fosse feito.
No dia seguinte os militares
do exército expulsaram todos os ambulantes do acampamento. No dia 12/12/2022
houve o protesto contra a prisão do índio onde eu conversei com os PMs e os
bombeiros responsáveis por conter os manifestantes que me disseram que não
iriam coibir a destruição e o vandalismo desde que os envolvidos não agredissem
os policiais.
Ali ficou claro para mim que a PM e o bombeiro estavam ao lado do presidente e que em breve seria decretada a intervenção as Forças Armadas.
Porém, ultrapassados quase um mês nada aconteceu e então eu resolvi elaborar um
plano com os manifestantes do QG do Exército para provocar a intervenção das
Forças Armadas e a decretação de estado de sítio para impedir instauração do
comunismo no Brasil.
No dia 22/12/2022 vários manifestantes do acampamento conversaram comigo e sugeriram que explodíssemos uma bomba no estacionamento do Aeroporto de Brasília durante a madrugada e em seguida fizéssemos denúncia anônima sobre a presença de outras duas bombas no interior da área de embarque.
E, no dia seguinte (23/12/2022), uma mulher desconhecida sugeriu aos manifestantes do QG que fosse instalada uma bomba na subestação de energia em Taguatinga para provocar a falta de eletricidade e dar início ao caos que levaria à decretação do estado de sítio.
Eu fui ao local apontado pela mulher em Taguatinga em uma
Ford Ranger branca de um dos manifestantes do acampamento, mas o plano não
evoluiu porque ela não apresentou o carro para levar a bomba até a transmissora
de energia.
Ao contrário da mulher, um homem chamado Alan que eu já tinha visto algumas vezes no acampamento se mostrou mais disposto e se voluntariou para instalar a bomba nos postes de transmissão de energia que ficam próximos à subestação de Taguatinga, já que era mais fácil derrubar os postes do que explodir a subestação como foi pensado originalmente.
Eu disse aos manifestantes que tinha a dinamite, mas que precisava da espoleta e do detonador para fabricar a bomba.
No dia 23/12/2022, por volta 11h30, um manifestante desconhecido que estava acampado no QG me entregou um controle remoto e quatro acionadores.
Em posse dos dispositivos, eu fabriquei a bomba
colocando uma banana de dinamite conectada a um acionador dentro de uma caixa
de papelão que poderia ser disparada pelo controle remoto a 50 a 60 metros de
distância.
Eu entreguei o artefato ao Alan e insisti que ele instalasse em um poste de energia para interromper o fornecimento de eletricidade, porque eu não concordei com a ideia de explodi-la no estacionamento do aeroporto.
Porém, no dia 23/12/2022 eu soube pela TV que a polícia tinha apreendido a bomba no aeroporto e que o Alan não tinha seguido o plano original.
Ontem, dia 24/12/2022 eu observei durante a tarde uma movimentação de pessoas estranhas nas redondezas do prédio onde eu estava hospedado e desconfiei que fossem policiais.
Então eu arrumei as malas e coloquei as armas na caminhonete para ir embora na manhã do dia 25/12/2022.
No dia 24/12/2022, por volta das 19h00, policiais civis me abordaram embaixo do prédio e confessei a posse das armas e dos explosivos.”
https://gazetabrasil.com.br/brasil/2022/12/26/identificados-mais-2-suspeitos-de-colocar-bomba-perto-de-aeroporto-em-brasilia/
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