A fim de celebrar a reinauguração, a prefeitura de Niterói está promovendo uma série de eventos "gratuitos" na área externa do MAC. Digo "gratuitos" porque certamente é o dinheiro do pagador de impostos que os banca, embora esses recursos fossem muito melhor utilizados se para financiar escolas e postos de saúde. Dito isto, não é este o fato mais grave.
Neste último sábado, dia 18/06, estava programada uma manifestação artística de alunos do curso de Artes da Universidade Federal Fluminense (UFF). O que se viu, contudo, não foi arte (embora alguns chamem disso), mas sim escatologia. Uma performance menos ousada que "Macaquinhos" ou que a do "Festival Xerek Satanik", também organizada por alunos e com apoio da UFF, mas ainda assim uma performance repugnante. Enquanto famílias transitavam pela área do museu, uma mulher nua era depilada em público. Segundo pessoas que presenciaram o ocorrido, essa mesma mulher, diante da Guarda Municipal, fumou um baseado ali mesmo ao fim da degradante cena.
De acordo com a Superintendência Cultural da Fundação de Arte de Niterói, a atitude foi uma surpresa, e se tratou de um protesto de uma das artistas do grupo. Também foi relatado que várias pessoas sentiram-se ultrajadas por terem de presenciar o vergonhoso momento. Eu, mesmo sem ter visto pessoalmente o ocorrido, sinto-me indignada. E assim me sinto porque é inaceitável que uma Universidade Federal, portanto mantida com dinheiro público, apoie ou permita que seus alunos e professores promovam esse tipo de ato utilizando o nome da instituição.
Segundo o jornal "O Fluminense", que circula no município, a atriz protagonista da cena é a paulista Cecília Carvalhaes. Autodeclarada feminista, Cecilia afirmou que a performance "questiona a dor da mulher a serviço de desejos machistas" uma vez que mulheres sacrificariam o próprio corpo "para corresponder a padrões reforçados por uma ótica machista".
É revoltante saber que performances como a vista em minha cidade são rotineiras em universidade públicas, e que as autoridades não apenas ignoram, mas são coniventes com isso. É simplesmente desconcertante que universidades, locais que deveriam ser dedicados a transmissão de conhecimento e formação de profissionais, prestem-se a ser antros de doutrinação e de amparo a manifestações absolutamente degradantes e asquerosas. E enquanto esses grupos são muitas vezes patrocinados com verba das universidades, não são raros os prédios caindo aos pedaços, carteiras destruídas, salas de aulas sem luz e banheiros sem água por atraso no pagamento e falta de verba para bolsas de pesquisa. Vale lembrar ainda que grupos que promovem esse tipo de performance em geral são os mesmos envolvidos com as famigeradas invasões, que, além de impedir os estudantes de assistirem aulas, destroem móveis e estruturas das universidades. Até quando teremos de assistir universidades servindo para isso?
Ademais, é ridículo ver figuras como as responsáveis por isso falarem "em nome das mulheres", como se todas pensássemos como elas e nos comportássemos como animais. Ainda que seu discurso seja de "contestar o machismo", que o ato de se depilar supostamente representa, a cena vista é reduzir a mulher a um animal irracional, é reduzi-la a um corpo, reduzi-la a um ser incapaz de pensar por si mesma e decidir o que lhe convém ou não fazer. Aliás, quem vulgariza a mulher são exatamente as feministas, sempre protestando nuas e incorporando com orgulho o estilo das vadias, mas posando de ofendidas se um homem olha na direção delas enquanto performam o horror. Eis a verdadeira objetificação da mulher.
Nada pode ser mais degradante e preconceituoso do que acreditar que nós mulheres nos arrumamos e procuramos ser assediadas apenas para atender desejos masculinos. Algumas de nós de fato o fazem, mas o fazem porque assim querem. A maioria de nós, não tenho dúvidas, arruma-se em nome do próprio bem-estar. E que mal há em querer estar bonita diante do homem que nos desperta sentimentos? Parece-me algo bem natural desejar estar bem para quem amamos.
Há quem aplauda, há quem considere belo e moral o que não passa de asqueroso e degradante, há quem veja como manifestação crítica contra a sociedade "cristã-conservadora-machista-patriarcal". Balela! Não passam de cenas de pessoas afoitas por chamar a atenção para suas agendas de valores deturpados. Infelizmente, enquanto predominar a lógica doutrinadora e a mentalidade de extrema esquerda no ambiente acadêmico (das ciências humanas, principalmente), nossas retinas provavelmente continuarão a ser agredidas por esse tipo de gente que não quer apenas transmitir suas ideias, mas impô-las a todos. Performances escatológicas apoiadas por universidades (ou realizadas em nome destas) como a vista no MAC este sábado são a mais forte evidência da falência do ensino em nosso país.
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