Que gente pitoresca! 04/07/2013 às 5:27 Vejam esta foto.
É do dia 24 do mês passado. Antes de se reunir com 27 governadores e 26 prefeitos de capitais, Dilma se encontrou com os Rimbauds das Catracas do Movimento Passe Livre. A molecada, isto é público, acha que o transporte gratuito é o primeiro passo para o socialismo. Dilma não estudou na USP depois da “chauização” da FFLCH, a famosa Fefelech… Ela, que amava tanto a revolução, não sabe do que é capaz a disposição hormonal somada ao hipomarxismo… Resulta, assim, numa espécie de VAR-Catraca…
Pausa.
Nesta quarta, a presidente participou de um solenidade que marca a autorização para a instalação de 50 terminais portuários privados. E, então, resolveu falar sobre o baguncismo que anda por aí, especialmente nas estradas. Assistam ao vídeo. Volto em seguida.
Retomo
Ai, ai…
Ai, ai…
A retórica da Dilma candidata já me encantava. Ela melhorou muito, claro!, mas não existe milagre. Sua fala tem uma espécie de descompasso entre o conteúdo e a sintaxe, entre a intenção e o enunciado propriamente. E a presidente acaba sendo involuntariamente engraçada. Notem:
“Eu vou usar até uma expressão da nossa bandeira…” — e ela faz uma mímica, um sinal com a mão, como a indicar a faixa. Ao dizer “há uma expressão”, a gente fica com a impressão de que ela escolherá uma dentre várias. O nosso cérebro também fica de prontidão para a surpresa: “Qual ela escolherá?”. A angústia logo se desfaz: “Ordem e Progresso”…
Ah, agora sim!
Os portos que ela anunciava eram o progresso. Ela vai falar, então, da ordem, o que começa a fazer aos 17 segundos. Força, presidente! Vamos ler que disse.
“Mas eu também queria falar da ordem. É fundamental no país que estradas não sejam interrompidas. E o meu governo não ficará quieto perante processos de interrupção de rodovias. Porque, também na nossa bandeira, tem a palavra ordem. E ordem significa democracia, mas significa respeito às condições da produção, da circulação e da vida da população brasileira. Então, não tenham dúvidas: o governo não negocia isso. Não concordamos com processos que levem a qualquer turbulência nas atividades produtivas e na vida das pessoas. Uma coisa são manifestações pacíficas, que só engrandecem o país. Outra coisa, completamente diferente, é acreditar que o país possa viver sem normalidade e estabilidade. Certo tipo de processos são (sic) disruptivos da ordem prevalecente. O Brasil precisa da ordem tanto para a democracia quanto para a sua economia quanto para a vida de cada um dos brasileiros e das brasileiras. Por isso eu retomo e acrescento a democracia como uma questão pétrea do nosso país. Mas a nossa bandeira expressa também o sentido de que os nossos fundadores republicanos deram ao país, que é ordem e progresso”.
Retomo
Quanta coisa, não é?
Quanta coisa, não é?
Em primeiro lugar, ver uma egressa da VAR-Palmares a endossar um brocado do positivismo — “ordem e progresso” — não tem preço. Isso é de provocar um borborigmo estertoroso em petistas e petistófilos como Marilena Chaui e Valdimir Safatle — o que sempre pode resultar em novos livros, né? Afinal, “ordem e progresso”, segundo a metafísica influente nos hospícios da esquerda, são apenas instrumentos de opressão do povo. As esquerdas, historicamente, precisam dos “processos disruptivos” para avançar, certo, doutora Dilma?
Aquela gente esquisita que ainda tem coragem de se dizer petista deveria dar uma bronca em Dilma Rousseff. Ou, então, me dar os parabéns. Afinal, vejam Dilma Rousseff plagiando Reinaldo Azevedo:
Escrevi aqui no dia 1º de julho:
“Entendo que se investe na bagunça sempre que se criminaliza a ação das forças da ordem. “De qual ordem? Da ordem autoritária, fascista?” Não! Isso é conversa de aloprados. Eu me refiro à ordem democrática, o único regime em que nem tudo é possível porque nem tudo é justificável. Nas tiranias, tudo pode acontecer, seja para derrubar o regime, seja para sustentá-lo.”
“Entendo que se investe na bagunça sempre que se criminaliza a ação das forças da ordem. “De qual ordem? Da ordem autoritária, fascista?” Não! Isso é conversa de aloprados. Eu me refiro à ordem democrática, o único regime em que nem tudo é possível porque nem tudo é justificável. Nas tiranias, tudo pode acontecer, seja para derrubar o regime, seja para sustentá-lo.”
Herança esquerdopata
A fala de Dilma, se faz plágio, em parte, de Reinaldo Azevedo, contém alguns aspectos virtuosos, claro! Alguns petralhas vão achar que realmente falo a sério quando acuso o plágio… Haja capim! Mas é certo que ela é quem é, herdeira, também, do pensamento esquerdopata. Notem que ela fala, sim, sobre a importância da lei e da ordem, mas a coloca, ainda que de forma um tanto oblíqua, numa relação de oposição, de tensão, com a democracia.
A fala de Dilma, se faz plágio, em parte, de Reinaldo Azevedo, contém alguns aspectos virtuosos, claro! Alguns petralhas vão achar que realmente falo a sério quando acuso o plágio… Haja capim! Mas é certo que ela é quem é, herdeira, também, do pensamento esquerdopata. Notem que ela fala, sim, sobre a importância da lei e da ordem, mas a coloca, ainda que de forma um tanto oblíqua, numa relação de oposição, de tensão, com a democracia.
E finalmente
O que Dilma está a dizer é que não aceita conversar com gente que trabalha com o fato consumado e que se sente no direito de impor aos outros a sua agenda. Bem, então voltem à foto lá do alto. Por mais que os Rimbauds da VAR-Catraca tenham caído nas graças da imprensa, Dilma jamais poderia ter recebido aquela gente em palácio. Ao fazê-lo, depois de governadores e prefeitos terem sido obrigados a ceder aos quebra-quebras da ruas, transformava a truculência num modo de fazer política. E isso emitiu um sinal para o resto do país.
O que Dilma está a dizer é que não aceita conversar com gente que trabalha com o fato consumado e que se sente no direito de impor aos outros a sua agenda. Bem, então voltem à foto lá do alto. Por mais que os Rimbauds da VAR-Catraca tenham caído nas graças da imprensa, Dilma jamais poderia ter recebido aquela gente em palácio. Ao fazê-lo, depois de governadores e prefeitos terem sido obrigados a ceder aos quebra-quebras da ruas, transformava a truculência num modo de fazer política. E isso emitiu um sinal para o resto do país.
Assim, no dia em que nós — os extremistas que pensamos em ações violentas quando uma vírgula tenta provocar o divórcio entre o sujeito e o verbo — decidirmos sair barbarizando por aí, fiquem certos: estaremos a um passo de subir a rampa. Até as Irmãs Carmelitas dos Pés Descalços já pensam em parar a Paulista… Ainda mais agora, depois que o papa disse que é mesmo por aí…
Texto publicado originalmente às 23h36 desta quarta
Tags: Governo Dilma, protestos
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