No filme “Guerra Mundial Z”, um vírus
se espalha pela humanidade quase na velocidade da luz, transformando nações
inteiras em zumbis fortes, rápidos e famintos.
E o protagonista do longa,
ninguém menos que Brad Pitt, é convocado pelo governo dos Estados Unidos para
descobrir de onde vem esse vírus e como ele pode ser curado.
Spoiler alert: a
solução que ele encontra é injetar um vírus mortal em pessoas saudáveis, porque
assim elas ficariam “invisíveis” para os zumbis – que aparentemente prezavam
por uma dieta saudável.
Parece coisa de cinema, mas a verdade
é que essa “terapia viral” acabou de salvar a vida de uma mulher com câncer.
Stacy Erholtz não
tinha muitas opções para o tratamento de sua leucemia quando concordou em
receber uma injeção com o equivalente a 10 milhões de doses do vírus do sarampo
manipulada em laboratório. Horas depois de ter o vírus circulando em seu
sangue, ela estava vomitando e com febre.
Porém,
meses depois, o câncer havia desaparecido completamente. Esse resultado, que já
é considerado um marco na história da medicina, se replicado em ensaios
clínicos maiores, pode abrir a porta para a nova era da terapia viral que vai
curar outros pacientes e tipos de câncer.
Terapia viral
Apesar
de parecer uma grande novidade, a terapia viral é uma ideia antiga. Já teve
sucesso comprovado em testes com ratos, mas este é o primeiro caso bem sucedido
documento em seres humanos.
Segundo um dos pesquisadores envolvidos neste
avanço, “é um virada de jogo” para a medicina e estudos da área.
Um
dos principais problemas que as terapias contra o câncer têm que lidar é
distinguir células saudáveis de células cancerosas. Para a nossa surpresa, quem
aparece na equação para resolver esse problema são justamente os vírus, que são
extremamente competentes na tarefa de reconhecer células específicas para
atacar.
No caso do câncer de Erholtz, chamado mieloma múltiplo, as células
malignas se acumulam em sua medula óssea e o vírus do sarampo tem a habilidade de
ir até lá e destruí-las.
O tratamento
Os
médicos da clínica Mayo, uma organização sem fins lucrativos de serviços
médicos localizada nos Estados Unidos, injetaram em Stacy Erholtz uma versão
geneticamente modificada e enfraquecida do vírus do sarampo usado em vacinas.
A
dose, para ter os efeitos esperados, precisava ser enorme, para que seu sistema
imunológico não matasse o vírus antes que ele pudesse matar as células
cancerosas.
Isso
expõe uma fraqueza desta terapia específica: o vírus provavelmente não
funcionaria em pacientes com imunidade ao sarampo. Por “sorte”, tanto Erholtz
quanto o outro paciente envolvido neste teste não tinham sido vacinados contra
o sarampo.
O
outro paciente que participou do teste ainda não teve a remissão completa do
câncer.
Os médicos acreditam que isso aconteceu possivelmente porque os tumores
dele se formaram no músculo, e não nos ossos.
E, claro, o resultado precisaria
ser confirmado em estudos em larga escala para provar que o caso de sucesso
verificado em Erholtz não foi um golpe de sorte. Essa série de estudos está
prevista para começar em setembro deste ano.
Apesar
de o futuro ser incerto, podemos ter esperanças de bons resultados.
Outros
pesquisadores também implantaram vírus diferentes para tratar outros tipos de
câncer, como uma variante do vírus da gripe comum para tratar câncer de
pâncreas, por exemplo.
Vai levar alguns bons anos para que terapias virais se
tornem algo corriqueiro para o tratamento de câncer. No entanto, todos esses
avanços sugerem que, um dia, poderemos passar a usar vírus para melhorar vários
aspectos da nossa saúde.[Gizmodo]
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