DISFUNÇÃO ERÉTIL PODE INDICAR RISCO CARDIACO


Medicamento de disfunção erétil - Foto Getty Images

Embora os problemas de ereção sejam extremamente preocupantes para o público masculino, especialistas afirmam que os homens levam de três a cinco anos para buscar ajuda. Se depender de um novo estudo publicado na revista PLoS Medicine na última terça-feira (29), entretanto, essa história está para mudar: pesquisadores australianos descobriram que a disfunção erétil pode ter relação com doenças cardiovasculares e morte prematura. Esta é a primeira pesquisa a investigar a relação entre os problemas.


Foram examinados registros de 95 mil homens com idade mínima de 45 anos. Todos responderam questionários sobre sua saúde e o estilo de vida que levavam. Além disso, os participantes foram acompanhados pelos especialistas por três anos. Durante o período, 7.855 homens foram internados e 2.304 morreram.



Os resultados mostraram que todo homem que sofre de impotência leve, moderada ou grave deve não só consultar um especialista para tratar o problema evidente como também deve insistir para que o médico faça um check-up cardíaco. Os casos mais preocupantes de ereção estão ligados a um risco aumentado de problemas cardiovasculares e morte prematura.



De acordo com o urologista Geraldo de Faria, diretor do Departamento de Sexualidade Humana da Sociedade Brasileira de Urologia, quase metade dos brasileiros com idades entre 40 e 80 anos sofre de disfunção erétil. Se diagnosticado em fase inicial, entretanto, as opções de tratamento e as chances de melhora são grandes. Conheça a seguir alguns dos métodos mais usados para tratar a impotência sexual:

Medicamentos orais

Medicamentos orais são sempre a primeira opção de tratamento da disfunção erétil, desde que o paciente não apresente lesões nas artérias do pênis ou alguma contraindicação quanto às substâncias presentes nas fórmulas. "Eles melhoram o fluxo sanguíneo para o pênis, o que favorece a ereção", afirma o urologista Conrado Alvarenga, do Grupo de Disfunção Sexual do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Eles devem ser ingeridos com estômago não muito cheio, por volta de uma a duas horas antes da relação sexual e variam quanto ao tempo de ação e potência máxima.

Medicamentos de ação prolongada, por exemplo, podem agir por até 36 horas. Isso não significa que o homem terá uma ereção de 36 horas, mas que durante esse período ele conseguirá ter ereções se for estimulado sexualmente. A obrigação de tomar o remédio antes de ter a relação, entretanto, incomoda alguns homens por atrapalhar a espontaneidade do momento. Nestes casos, o profissional pode receitar uma dosagem diária do medicamento, como se fosse um tratamento contínuo. Os principais efeitos colaterais são dor de cabeça, rubor, sensação de nariz entupido e taquicardia. Ao sinal desses ou de quaisquer outros sintomas, o médico deverá ser informado.
Seringa - Foto Getty Images

Injeção intra-cavernosa

Se os medicamentos via oral não surtirem efeito ou forem contraindicados, o especialista partirá para a segunda opção de tratamento: injeção intra-cavernosa. A vantagem do método é o fato de o medicamento agir cerca de quinze minutos depois da aplicação. Além disso, neste caso não é necessário qualquer estímulo para que o homem tenha a ereção. "A substância injetada estimula a circulação e promove a dilatação das artérias no local, o que aumenta o fluxo sanguíneo no pênis levando à ereção", afirma o urologista Geraldo. O tempo de duração da ereção varia de acordo com a dose injetada, o que é estabelecido na consulta com o médico.

Embora eficaz, o tratamento nem sempre é bem aceito pelos pacientes. "Algumas pessoas têm pavor de agulha", afirma o urologista Geraldo. "Imagine, então, se ela precisar ser introduzida no pênis". O especialista ressalta ainda que indivíduos com dificuldade de visualizar o pênis ou doenças que gerem tremores nas mãos devem solicitar auxílio do parceiro para a aplicação. Os efeitos colaterais da injeção intra-cavernosa se restringem a alergias a alguma das substâncias presentes no medicamento.
Médicos fazendo cirurgia - Foto Getty Images

Prótese peniana maleável

Próteses penianas são intervenções cirúrgicas e, portanto, tratamentos mais complexos do que a ingestão de medicamentos ou injeções. Assim, eles ocupam o terceiro lugar na escala de opções para o paciente com disfunção erétil. O tipo maleável é o mais simples e mais em conta (cerca de três mil reais). "O médico introduz uma haste metálica envolvida em silicone no pênis do paciente, o que faz com que ele fique rijo o suficiente para a penetração 100% do tempo", explica o urologista Geraldo. Na hora da relação, basta elevar o pênis.

A cirurgia de prótese peniana maleável dura cerca de uma hora e ele já pode sair do hospital 24 horas após a intervenção com um curativo compressor para evitar hematomas e para manter o pênis para baixo, facilitando a ida ao banheiro, por exemplo. Nos dias que se seguem, há um incômodo natural da cirurgia, mas nenhuma dor aguda.

A vida sexual, por sua vez, pode ser retomada 30 dias depois da alta. Vale reforçar que esta é uma ereção completamente artificial. Mas, segundo o urologista, costuma proporcionar maior satisfação ao paciente do que os medicamentos ou a injeção. O único cuidado do homem é na hora de "acomodar" o pênis. Já que ele está ereto o tempo inteiro, ele pode precisar de cuecas especiais para disfarçar o volume.
Homem no consultório médico - Foto Getty Images

Prótese peniana inflável

Diferente da prótese peniana maleável, a prótese inflável permite que o pênis volte ao estado de flacidez após o ato sexual. O método inclui a introdução de cilindros infláveis no pênis conectados a uma bombinha com líquido, que simularia o sangue, implantada na região escrotal, como se fosse um terceiro testículo. Para promover a ereção, basta acionar a bombinha que drenará esse líquido para o cilindro. Após a relação, o pênis deve ser levemente pressionado para baixo para que o líquido volte para a bombinha e ele fique novamente flácido.

A cirurgia dura cerca de duas horas e o paciente precisa ficar hospitalizado durante um dia, aproximadamente. Assim como na prótese maleável, atividade sexual pode ser retomada cerca de 30 dias depois do procedimento e nenhuma atividade do dia a dia é prejudicada. Dos dois tipos, este é o que consegue deixar o pênis mais ereto. As vantagens, entretanto, têm seu custo. Segundo o urologista Conrado, a prótese custa em torno de 40 mil reais.
Homem fazendo terapia - Foto Getty Images

Terapia

"Em muitos casos, a disfunção erétil têm como origem fatores psicológicos", afirma o urologista Conrado. Para esses pacientes, nenhum dos tratamentos anteriores é indicado. O melhor é consultar um terapeuta com formação em sexologia que poderá ajudar a acabar com esse bloqueio. O problema pode começar num dia qualquer em que, por causa da ansiedade, o homem não conseguiu ter a ereção. Se não controlar o medo de sofrer impotência nas próximas oportunidades, a cobrança se torna cada vez maior, o que atrapalha ainda mais seu desempenho.

Segundo o urologista Geraldo, é comum que homens com disfunção erétil peçam indicação de um medicamento para um colega em vez de consultar um especialista. Isso pode não só mascarar o problema, como ainda trazer sérios problemas de saúde, caso ele não tenha o perfil adequado para aquele medicamento.
Médicos fazendo cirurgia - Foto Getty Images

Revascularização

A revascularização é um procedimento indicado para um público com disfunção erétil bastante restrito. "Ela é feita quando o paciente tem problemas nas artérias que irrigam o pênis", explica o urologista Geraldo. O caso, entretanto, deve ser muito bem avaliado. Fazer uma ponte de safena no coração, por exemplo, é fundamental já que o órgão funciona 24 horas por dia. O pênis, por sua vez, passa a maior parte do tempo inativo. Melhorar sua vascularização, portanto, pode levar à obstrução de veias, já que o fluxo sanguíneo diminui muito quando ele está flácido.
Homem olhando dentro da calça - Foto Getty Images

Bomba de vácuo

De acordo com o urologista Conrado, as bombas de vácuo ficaram esquecidas como parte do arsenal de tratamentos da disfunção erétil, mas vem novamente ganhando força entre pacientes operados por câncer de próstata, funcionando como auxiliares na reabilitação peniana. Hoje, elas são vendidas apenas em sex shops, já que aumentam o volume do pênis. Ele consiste em um cilindro dentro do qual o pênis é introduzido. "Por meio de um sistema de sucção, então, o ar é retirado do cilindro, diminuindo a pressão interna", afirma. Essa pressão negativa favorece o fluxo de sangue para dentro do pênis, o que favorece a ereção.

A bomba de vácuo é usada no meio médico apenas em pacientes que precisaram remover a prótese peniana por infecções ou rejeição. Durante o período que eles precisarão esperar para fazer outra intervenção, a bomba pode ser útil impedindo que as cicatrizes deformem o órgão.

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