Ultimamente muito se tem falado de escutas telefônicas e manipulação da opinião pública, em parte, graças às denúncias feitas pelo ex-agente da NSA, Edward Snowden. Tornar-se um objeto de perseguições e escutas é um fato desagradável para todos, inclusive para os líderes das maiores potências mundiais, embora esses últimos tenham estado a par do programa da NSA até tivessem dado consentimento para a troca de informações com os serviços especiais dos EUA.
Bem ou mal, os governos legítimos têm de manter uma boa aparência: ou seja, tentar enquadrar o software utilizado nas ciberguerras nas atuais regras internacionais do tráfico de armas.
O dirigente do Departamento de Guerras Informativas, Igor Nezhdanov, disse em declarações prestadas à Voz da Rússia:
"Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, os EUA procederam ao desenvolvimento do sistema de combate ao terrorismo, visando a recolha de dados procedentes de várias fontes. Na etapa inicial, foram obtidas informações sobre a travessia de fronteiras, números telefônicos, transferências bancárias e a compra de bilhetes para viagens aéreas e ferroviárias. Mais tarde, se acrescentavam informações eletrônicas sobre a deslocação de transportes rodoviárias, a aquisição e arrendamento de moradias e a compra de bilhetes para espetáculos e divertimentos diversos. Também se usavam informações das redes sociais e dos correios eletrônicos. Neste momento este sistema se utiliza muito e se designa PRISM."
Snowden denunciou e lançou a luz sobre vários programas de espionagem. Diariamente, a NSA, por meios do PRISM, detectava e gravava cerca de 1,7 bilhões de conversas telefônicas e curtas mensagens, bem como perto de 5 bilhões de gravações sobre a localização e a deslocação dos portadores de celulares. No entanto, as autoridades dos EUA afirmam que tais ações são legitimas.
Ao mesmo tempo, as escutas e outros tipos de espionagem não passam de meros instrumentos ao serviço dos serviços secretos, cujo objetivo fundamental é manipular a opinião pública, frisou Igor Nezhdanov:
"Em 2010, foram iniciadas duas pesquisas – uma a cargo da DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency, Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa), do Pentágono, e a outra no FBI no tocante à utilização da informação das redes sociais para as necessidades do Estado. Houve várias vertentes: a primeira tinha como a meta a revelação das situações de crise. Com base em dados obtidos, se tomavam decisões sobre a existência de ameaças e crises potenciais, incluindo sociais. A segunda vertente se centrava na descoberta de grupos sociais estáveis. Quando começaram a agir, se tornou claro poderem ser usados em relação a outro Estado para revelar temas problemáticos. Hoje em dia, tal sistema se usa muito, subordinando-se à NSA e não ao comando unificado do Pentágono."
Na avaliação de peritos, na Tunísia onde há dois anos se iniciou a "primavera árabe" este sistema se usava em regime experimental. Na Líbia o processo foi automatizado por completo.
Na Rússia, infelizmente, chegaram a compreender tarde demais que o ciberespaço era e continua sendo um território do Estado ou um recurso que pode ser usado por um adversário. Todavia, alguns passos já foram dados. O principal trabalho tem se realizado na vertente técnica, elaborando-se sistemas de proteção contra vírus e ataques DDoS. Mas como se poderá defender contra a manipulação das pessoas? Um exemplo do uso deste tipo de armas cibernéticas pode ser visto hoje na Ucrânia onde se faz a pressão por meio de serviços sociais e a desinformação dos círculos sociais.
Apesar disso, já foram inventados alguns meios de luta contra tais ataques psicológicos, realça Igor Nezhdanov:
"Acabamos por elaborar algoritmos e tecnologias desde a detecção de ataques informáticos e a vulnerabilidade de oponentes, a elaboração de cenários até a ação mediante a divulgação das informações. Na etapa final, será obtido um produto capaz de fazer frente a ataques informativos externos e a sua preparação. Já temos tal experiência."
Seria cedo, contudo, falar de um controle completo do Estado sobre as intrusões virtuais. A proteção contra as informações destrutivas cabe a cada membro consciente da sociedade humana, opina Dmitri Zolotukhin, perito ucraniano na área de tecnologias informáticas. A seu ver, a única coisa que pode fazer um cidadão é pôr em dúvida cada notícia.
Ou seja, procurar saber que a informação foi realmente fornecida por participantes reais de um evento. Tal pergunta, já por si só, significaria que os manipuladores tivessem estado num mau caminho.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/2013_12_10/ciberespaco-territorio-soberano-5731/
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