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Micro-orquídeas em bonsai - 2
Abaixo: esse tronco morto está sendo usado para cultivar micro-orquídeas, mas acabou ficando tão bonito que estou sem coragem de tirar as mudas para colocar nos bonsai. A idéia inicial era usá-lo para testar quais espécies de micro se desenvolvem no meu viveiro, para então tentar passá-las para bonsai.
Abaixo: detalhe de micros em floração intensa. Há dezenas (senão centenas) de espécies de micro-orquídeas, e ainda se pode lançar mão também de micro-bromélias para composições de ar luxuriantemente tropical. As épocas de floração variam, o que é uma pena (nunca vamos ter todas floridas) e uma vantagem (há flores mais vezes por ano).
Na varanda, com luz mais suave, as cores aparecem melhor.
Abaixo: esses cachinhos profusos (Chytroglossa sp.?)duram cerca de 12-15 dias. Cada flor tem uns 8mm.
Para obter essa floração abundante (sinal de saúde): adubos semanais, alternando orgânicos com soluções de adubo químico, sempre mais diluídos que usado nos bonsai (metade da concentração); inseticida não sistêmico e somente em caso de infestação grave; calda culfocálcica três vezes na seca e uma vez a cada dois meses no resto do ano; calda bordalesa duas vezes no auge da estação chuvosa (para tratar e prevenir fungos).
Abaixo: uma flor com cerca de 2mm da bromélia. Essas plantas têm origem muito variada, mas a maioria é do cerrado mineiro (incluindo matas de galeria).
Poucas são de mata atlântica (São Paulo, Rio, Espírito Santo), e muito poucas amazônicas. Tem uma do México (quando florir fotografo).
Acima: as pequenas bromélias (Tyllandsia sp) também ficam bem com o trato. São amarradas (assim como as orquídeas) com pedacinhos de arame de 1mm, Não fica bonito, mas fica firme e fácil de cortar quando enraizarem. No entanto, ao contrário das orquídeas, as bromélias podem necessitar de ajuda para ficarem seguras no tronco indefinidamente.
Abaixo: as mudinhas que nascem de sementes se prendem firmemente. Encostar a haste das sementes no tronco ajuda que algumas das sementes fiquem na casca.
Uma das razões de não passar as micro-orquídeas para os bonsai é a necessidade de obter condições (micro-clima) nos bonsai semelhantes às preferidas pelas orquídeas. Mudas que estão indo bem em ambiente mais sombreado vão com certeza passar por uma fase de regressão e enfraquecimento se o bonsai (em geral cultivados a pleno sol) não tiver pelo menos uma copa mais frondosa (mais sombra) ou casca mais grossa (para reter mais água, o que se tentar compensar com um pouco de sfagno protegendo as raízes da orquídea).
Como os bonsai são regados duas vezes ao dia, a variável que me parece mais importante para o sucesso do cultivo de micros em bonsaí é a adubação mais diluída e abundante, foliar, para as micro. Isso pode ser um problema quando o bonsai já está bem amadurecido e não se deseja hiperalimentá-lo. Por exemplo, às vezes para o bonsai é melhor um adubo com pouco ou nenhum nitrogênio, para as folhas ficarem pequenas e os entre-nós curtos, enquanto as orquídeas precisam intenso crescimento vegetativo para ficarem bem, e se beneficiam de soluções orgânicas com amino-ácidos e fontes abundantes de nitrogênio. Ainda não sei dosar isso, estou tentando acertar.
Abaixo: essa Zygostates está muito bem.
A maioria absoluta das micro-orquídeas que estou tentando adaptar a bonsai é epífita. Algumas, como essa Laelia, são rupícolas, e podem se dar bem nos bonsai. Na postagem "Sinais de primavera" coloquei foto de Ulmus com uma rupícola.
Bem, nem todas são compativeis com bonsai: essa (Dendrobium pierardii) abaixo tem mais de 3cm, as hastes passam de 50cm. Teria de ser um bonsai muito grande.
Abaixo: outra Pleurothallis sendo cultivada em galho seco, com crescimento vigoroso e floração boa. Estava em ambiente mais sombreado, mas como já as vi em ambiente natural expostas ao sol (bordas de mata de galeria, em transição para cerrado), estou propenso a tentar. Vou esperar acabar a floração, retirar essa touceirinha e colocá-la em bonsai - talvez num Ulmus mais alto e frondoso (veja a postagem "Ulmus chuhin" para conhecer a planta candidata).
Abaixo: detalhes das flores. Essas fotos com foco melhor e luz mais equilibrada são do João Pedro.
Bem, vamos ver o que colocar em bonsai. Abaixo, o começo: uma muda retirada do galho onde estava sendo cultivada.
Acima - Essa micro-orquídea (parece uma Notylia longispicata), vem sendo cultivada em toquinho há 4 anos, quando foi adquirida em feira em BH. Agora que floriu, tenho certeza de que está se adaptando às condições ambientes, resolvi passar à próxima etapa: retirei do galho seco onde estava e vou tentar adaptá-la a viver em bonsai.
Acima - Além de estar desidratada, arrancá-la do toquinho (que estava se desmanchando) traumatizou raízes. Por isso a bola de sfagno úmido que a irá acompanhar ao bonsai está anormalmente grande. Normalmente se espera pelo fim da floração para fazer transplante.
Acima - sendo posicionada dentro da curva do tronco de uma Calliandra spinosa, de casca grossa.
Abaixo: detalhe das flores em foto de melhor qualidade (João Pedro)
Ambas as plantas são de ambientes secos e quentes. A Notylia é nativa das matas secas do norte de Minas e das áreas de transição do cerrado para caatinga, incluindo Chapada Diamantina; a Calliandra das caatingas do nordeste brasileiro. As condições do viveiro e do cultivo juntas irão definir se esse par funciona ou não. Nas primeiras semanas a orquídea vai ficar virada para o leste, de forma a pegar sol da manhã (o toquinho onde estava só recebia sol assim). Espero que gradativamente esse posicionamento perca importância e se possa girar o vaso conforme necessidade da árvore. Isso se a orquídea enraizar. É sempre um experimento.
É claro que ficaria melhor se o sfagno fosse tingido com solução de tinta nanquim (preta da china), para combinar com o tronco. Vai desaparecer em poucos anos.
Acima: as folhas foram deixadas com espaço para crescer para fora, sem esbarrar no tronco. Essa espécie de orquídea tem folhas com até uns 10cm de comprimento, para ficar bem o bonsai não pode ser pequeno. O sfagno foi amarrado com arame de alumínio (revestido de cobre, 1mm diâmetro). Vai levar cerca de um ano para se prender bem à árvore. O bonsai está com tantos arames que um pouco a mais não faz diferença.
Abaixo - dia seguinte (foto de João Pedro) - a copa rala faz um pouco de sombra.
A casca da árvore sob o sfagno vai tender a se degradar e soltar mais rapidamente que o ciclo normal. Isso poderá prejudicar o aspecto do bonsai. Vou tentar retirar o excesso de sfagno em algumas semanas. As raízes da orquídea deverão buscar ficar debaixo das cascas, não só por cima, ou a orquídea cairia. Vamos ver se vão se entender.
[inserção a posteriori - 22 de outubro de 2012 - a foto abaixo mostra a caliandra já em novo vaso, menos arames e a orquídea enraizando[
Abaixo: outro uso de micro-orquídeas e outra combinação de espécies. Essa ferida grande (retirada de galho grosso) em Bougainvillea provavelmente não vai cicatrizar nunca, e o formato é muito artificial. A copa dá boa sombra.
Abaixo: sombreamento muito bom, criando micro-clima na altura da ferida a ser disfarçada.
Abaixo: touceira de Pleurothallis (nunca floriu, veio de perto de Bom Despacho - MG), parafuso de latão, ferramentas. Acabei usando só o parafuso e a chave de fenda. O arame não foi necessário, nem o alicate.
O parafuso é posicionado atravessando a massa de raízes.
Abaixo: a madeira das Bougainvilleas é macia e fácil de penetrar, o parafuso desapareceu rápido na touceira, muito firme.
Abaixo, resultado final. A madeira debaixo da orquídea vai tender a apodrecer, mas isso não é grande ameaça à saúde da árvore. Com o tempo vai ocupar todo o espaço e acabar de esconder a ferida.
´[Abaixo, outra inserção a posteriori - 22 de outubro de 2012 - floração exuberante
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