Conta de energia sobe pela quarta vez em 2015 – Em 2 meses, brasileiros pagaram R$ 1,2 bi com taxa extra na conta de luz
Published on abril 17, 2015
Pela 4ª vez este ano a conta de energia no Ceará ficará mais cara. O reajuste é de 11,69%, sendo 7,15% para residências e 22,74% para indústrias
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), aprovou ontem os índices provisórios da quarta revisão tarifária periódica da Companhia Energética do Ceará (Coelce).
O efeito médio ao consumidor é de 11,69%, sendo de 22,74% para os consumidores em alta tensão (indústrias) e 7,15% para os em baixa tensão (residenciais) e será sentido nas contas a partir da próxima semana, dia 22, quando entra em vigor.
Esse é o quarto aumento de energia do ano considerando a aplicação da bandeira vermelha, elevada em fevereiro e o reajuste extraordinário aplicado em março passado.
Os consumidores residenciais (Classe B1), que são 2,5 milhões das 3,3 milhões de unidades consumidoras localizadas em 184 municípios do Ceará, terão reajuste de 6,87% na tarifa.
Segundo a Aneel, os resultados devem ser considerados provisórios porque se referem às metodologias do quarto ciclo de revisão tarifária não concluídas a tempo de aplicar à revisão da Coelce.
Mas adianta que o valor definitivo da quarta revisão tarifária deve ser homologado após a aprovação das metodologias, e os efeitos considerados no reajuste tarifário de 2016 da distribuidora.
O consultor de Energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, disse que não espera nenhuma variação significativa, embora o índice possa ser alterado para cima ou para baixo.
Lembra que a revisão tarifária de 2011 só foi feita em 2012, também pelo mesmo problema da metodologia, e causou muita confusão.
Pelos cálculos do especialista a alta média do insumo é de 40,16%, sendo 31,99% para a baixa tensão e 60,82% para alta tensão.
“Tudo em função do aumento do custo da energia que a Coelce está repassando ao consumidor”, diz.
Impactos
Para o advogado e professor de Direito do Consumidor/Empresarial, Hércules Amaral, o índice anunciado apenas evidencia que faltou perícia ao aliar políticas equivocadas à confiança demasiada na “sorte” climática.
“O fato é que a energia ficará mais cara, e os índices de inflação, entre eles o IPCA, responderão à altura”
O economista Henrique Marinho diz que é claro que terá efeito sobre a inflação do fortalezense e será incorporado já no próprio mês de abril.
“E ainda trará efeitos na inflação subsequente por meio dos repasses do aumento por parte dos empresários”.
O diretor de Regulação da Coelce, José Alves, destaca que a parcela destinada à Coelce nessa revisão está sendo reduzida em 2,64%.
“A revisão anunciada reflete, principalmente, os maiores custos com a compra de energia dos geradores, em função da situação hidrológica do País.”
Ele aponta que a revisão também é resultado do aumento das despesas com a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) – fundo administrado pelo Governo para custear alguns subsídios às tarifas.
NÚMEROS
40,16% é o aumento que a tarifa de energia sofreu no acumulado do ano 22 de abril é quando começa a ser cobrada a nova tarifa de energia para os cearenses
======================
Em 2 meses, brasileiros pagaram R$ 1,2 bi com taxa extra na conta de luz Bandeiras tarifárias vão bancar gasto extra do setor elétrico em 2015.
Apesar de grande, volume não foi suficiente para cobrir despesas.
Os consumidores brasileiros pagaram, em apenas dois meses, R$ 1,237 bilhão a mais nas contas de luz devido à taxa das bandeiras tarifárias, que começou a vigorar em 2015.
Entretanto, apesar de grande, esse volume de recursos não foi suficiente para cobrir as despesas extras das distribuidoras no período.
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), foram arrecadados R$ 413,9 milhões via bandeiras tarifárias em janeiro. Com esse valor, foi possível quitar apenas 28,7% dos custos do mês, que somaram R$ 1,443 bilhão.
Em fevereiro, a arrecadação quase dobrou, chegando a R$ 823,1 milhões. Mesmo assim, não foi suficiente para pagar as despesas atreladas de R$ 1,147 bilhão.
De acordo com o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, o “descasamento” já era esperado pois, em janeiro e fevereiro, o valor cobrado pelas bandeiras foi menor – R$ 3 para cada 100 kWh (quilowatts-hora) de energia consumidos no caso da bandeira vermelha, que vigorou durante todo o período.
A partir de março, houve aumento da taxa, que passou para R$ 5,50 a cada R$ 100 kWh usados, também na bandeira vermelha.
O reajuste foi adotado justamente para arrecadar os recursos que vão financiar parte dos gastos extras do setor elétrico ao longo de 2015.
“[O déficit de janeiro e fevereiro] não é nenhuma frustração.
Esses valores eram esperados porque a primeira versão das bandeiras tinha uma concepção de arrecadação menor.
Em março, os recursos já devem cobrir a conta do mês”, disse Rufino.
A diferença de R$ 1,353 bilhão registrada nos dois primeiros meses do ano está sendo paga, a princípio, pelas próprias distribuidoras.
Entretanto, elas vão ser compensadas ao longo do ano, já que com o aumento no valor da taxa a arrecadação com as bandeiras vai aumentar.
Em todo o ano de 2015, a Aneel espera que os consumidores paguem cerca de R$ 17 bilhões apenas via bandeiras tarifárias.
Realismo tarifário
O sistema de bandeiras foi criado para sinalizar aos consumidores o real custo de produção da energia no país, o que é feito por meio da cor da bandeira impresso nos boletos das contas de luz.
Se a cor é verde, a situação está normal e não há cobrança de taxa.
Amarela, cobra-se R$ 2,50 para cada 100 kWh de energia consumidos. Se vermelha, a taxa sobe para R$ 5,50 para cada 100 kWh.
A bandeira vermelha está em vigor desde o início do ano, devido à falta de chuvas que reduziu o volume dos reservatórios das principais hidrelétricas do país.
Essa situação vem obrigando o governo a manter ligadas todas as termelétricas disponíveis.
Termelétricas são usinas que geram energia por meio da queima de combustíveis como óleo e gás.
Elas ajudam a poupar água dos reservatórios das hidrelétricas, mas o custo de produzir eletricidade com elas é muito maior.
A custo de operação das termelétricas é um dos itens cobertos pelas bandeiras tarifárias.
Outro é a compra, por algumas distribuidoras, de energia no mercado à vista.
Essas concessionárias recorrem ao mercado à vista quando precisam de mais eletricidade para atender aos seus consumidores do que aquela que têm sob contratos.
O problema é que, no mercado à vista, a energia também é mais cara.
Vantagem
O governo e a Aneel alegam que a aplicação da taxa das bandeiras tarifárias, inclusive reajustada, é vantajosa para os consumidores, que pagariam a conta extra do setor de qualquer maneira.
Com as bandeiras, porém, evita-se que as distribuidoras assumam esses custos bilionários agora para depois serem ressarcidas, com juros, no próximo reajuste das contas de luz.
No ano passado, de eleições presidenciais, o governo optou por fazer empréstimos bancários para cobrir os mesmos gastos extras do setor elétrico, já afetado pela falta de chuvas e queda no nível dos reservatórios das hidrelétricas.
Com essa medida, o governo adiou o repasse desses gastos para as contas de luz.
Entretanto, a conta vai sair bem mais cara.
O governo tomou R$ 21,176 bilhões dos bancos, que ao final do pagamento, previsto para 2020, vão receber, agora dos consumidores, R$ 34,015 bilhões.
Serão R$ 12,838 bilhões, ou 37,7% do valor total da operação, apenas de juros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário